Parolin: Testemunha apresenta controvérsias e ameaças durante processos

Polícia Civil baseou investigação dos crimes no Parolin nos depoimentos dado pela mulher

Publicado em 26 set 2024, às 15h30. Atualizado às 19h35.

A investigação da Polícia Civil do Paraná (PCPR) sobre a guerra no Parolin teve como base uma única testemunha sigilosa. Mas durante os processos, diversas controvérsias e até mesmo ameaças foram registradas.

Parolin: testemunha apresenta controvérsias e ameaças durante processos
Testemunha baseou a investigação da Polícia Civil no Parolin. (Foto: Reprodução/RICtv)

Com base em apurações realizadas e documentos obtidos com exclusividade, a RICtv apresenta desde a última terça-feira (24) a série ‘Parolin Território em Guerra’. Ao todo serão exibidas quatro reportagens que irão contar como a disputa pelo poder no bairro se transformou em um conflito com diversas mortes.

A primeira controvérsia é o fato da testemunha não ter estado presente em nenhuma das cenas de crimes. Todo o depoimento dela foi baseado em relatos feitos por vizinhos e familiares do Parolin.

Outra inconsistência foi a acusação contra um suspeito de matar José Fernando Pereira dos Santos, um dos líderes da Turma do Meio. A testemunha citou que um homem chamado Willian estava presente na cena do crime, mas o rapaz tinha provas que estava em outro lugar.

Willian era monitorado pela Justiça por meio de uma tornozeleira eletrônica e no dia 6 de julho de 2020, data da morte de José, o radar instalado nesse equipamento mostrou que ele não estava na cena do crime.

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Testemunha não morava no Parolin e tinha ligações com grupo criminoso

Radar da tornozeleira eletrônica mostra que suspeito não estava no local da morte de líder da Turma do Meio. (Reprodução/RICtv)

Um documento da Justiça, obtido pela RICtv, aponta que o endereço residencial da testemunha da PCPR não morava no Parolin, mas sim no Uberaba, bairro vizinho ao epicentro da guerra.

Dessa forma, além de não estar presente no local dos crimes, a testemunha sequer morava no Parolin.

Além disso, há indícios da ligação da testemunha com o grupo criminoso do Uberaba que realizou incursões no Parolin e foi acusado de provocar mortes em líderes e membros da Turma do Meio.

A testemunha seria próxima de Wellington, líder dessa organização criminosa do Uberaba, e que foi denunciado pela morte de Cléber Loureiro, um dos líderes da Turma do Meio.

Durante o julgamento desse crime, uma testemunha chave e que deporia contra Wellington se recusou a continuar no processo, após alegar ter sido ameaçada.

No inquérito da Justiça, essa mulher citou que foi ameaçada pela testemunha sigilosa da PCPR, que após obter o contato dela junto ao advogado de Wellington ligou para a vítima e a ameaçou caso continuasse com o depoimento.

Em depoimento a PCPR, Wellington foi questionado pelos policiais se tinha conhecimento da ameaça feita a testemunha e também se havia confirmação dessa coação.

“Ela (testemunha da PCPR) disse que não tinha feito esse contato. Eu até puxei atenção dela referente a isso. Porque se ela tivesse feito, não teria ‘precisão’, porque era um envolvimento que eu não tinha”, disse Wellington no depoimento à PCPR.

Parolin Território em Guerra

O quarto episódio da série Parolin Território em Guerra será exibido nesta sexta-feira (27) e mostrará mais desdobramentos do confronto entre as facções e sobre a testemunha sigilosa que, mesmo sem estar presente nos locais dos crimes, baseou a investigação da PCPR.

A guerra entre facções criminosas no centro desta investigação jornalística com reportagem de Beatriz Frehner e produção de Pedro Neto.

Confira também nesta sexta-feira uma nova matéria sobre a série no Portal RIC.

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