Quem é o médico suspeito de matar mulher envenenada com sorvete

Familiares apontam que o médico tentou realizar um aborto na mulher quando ela estava grávida, também ministrando medicações

Publicado em 1 nov 2024, às 07h02.

O médico André Lorscheitter Baptista, de 48 anos, foi preso na última terça-feira (29) sob a suspeita de matar a mulher, Patrícia Rosa dos Santos, envenenada com um sorvete. O caso aconteceu no último dia 22, em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Quem é o médico suspeito de matar mulher envenenada com sorvete
André Lorscheitter Baptista tem a sua inscrição no conselho regional da categoria datada de junho de 2007 (Foto: Reprodução/Facebook/ Polícia Civil)

As investigações da Polícia Civil apontam que Baptista usou seus conhecimentos técnicos como médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para cometer o feminicídio. A defesa do suspeito afirma que o médico é inocente de todas as acusações, e diz que as causas da morte de Patrícia ainda não foram totalmente esclarecidas.

André Lorscheitter: quem é o médico suspeito de matar mulher envenenada com sorvete

Formado em Medicina em 2001, pela Universidade Federal de Rio Grande do Sul, André Lorscheitter Baptista tem a sua inscrição no conselho regional da categoria datada de junho de 2007. Segundo o site do Conselho Federal de Medicina, Baptista tem especialização em medicina de emergência, e a sua situação é considerada regular.

Nas redes sociais, o médico tinha uma atividade discreta. Nas poucas postagens que fazia, focava em conteúdos voltados para orientações na área da medicina, como importância de vacinação e doação de sangue; e também relacionadas à importância de proteção aos animais.

Baptista e a vítima viviam uma relação de desavenças, afirmam os parentes de Patrícia, ouvidos nas investigações. Os familiares apontam que o médico tentou realizar um aborto na mulher quando ela estava grávida, também ministrando medicações.

Por conta deste histórico, a família de Patrícia dos Santos solicitou uma autópsia para investigar a morte, apontada por André como de causa natural decorrente de um enfarte agudo do miocárdio – foi ele quem avisou aos parentes do falecimento da mulher. No exame, foi constatado o envenenamento.

“A gente não consegue confirmar isso com a Patrícia, que poderia dizer que ele teria tentado um aborto contra a vontade dela, se ela queria abortar, porque, infelizmente, ela faleceu. Mas, vamos dar uma credibilidade para o relato da família, até porque a família foi a primeira a ligar o alerta”, disse Rafael Pereira, diretor da Divisão de Investigações de Homicídios.

Em nota, a defesa de André diz que o médico é “absolutamente inocente” de todas as acusações que estão sendo feitas, e afirma que o que ocorreu com Patrícia “foi uma tragédia, mas jamais um crime de homicídio”.

“Percebe-se que houve precipitação nas declarações veiculadas pelos órgãos competentes, visto que os fatos relacionados à morte da senhora Patrícia Rosa dos Santos ainda não foram devidamente esclarecidos”, diz a nota, assinada pelo advogado Luiz Felipe Mallmann de Magalhães.

Entenda o caso

Segundo o diretor da Divisão de Investigações de Homicídios, o suspeito adormeceu a mulher com o uso de uma medicação chamada Zolpidem, inserida no sorvete da vítima, e depois administrou outras duas substâncias letais que só poderiam ter sido adquiridas pelo serviço de emergência de alguma unidade de saúde Uma das medicações foi o Midazolam, e a aplicações teriam sido realizadas no pé, para não deixar marcas evidentes no corpo da mulher.

De acordo com o diretor, também foram encontradas diversas provas no local do crime. “A mulher havia sido movida de lugar. Ele alega que ela morreu comendo um sorvete e dormindo no sofá, e ela estava na cama, num colchão. Posteriormente, esse sorvete foi apreendido com prova que tinha a medicação controlada dentro “

Além disso, os policiais conseguiram imagens que mostram Baptista levando uma mochila para o carro e depois saindo com o veículo, logo após a morte da mulher. “Começou a ligar aquele alerta: você está com o seu ente querido, com a mulher que você ama, morta, e sai de carro, esconde uma mochila?”, destacou o delegado.

Durante as buscas, os policiais encontraram a mochila, com os medicamentos, dentro do carro do suspeito. O veículo estava estacionado na garagem do prédio em que viviam. “Na verdade, parece óbvio que ele não esperava a chegada dos policiais. Ele já tinha deixado a mochila no carro para se desfazer dela.”

Em depoimento, o delegado aponta que Baptista usou argumentos que não convenceram os policiais. “No sentido de que ele tinha essas substâncias, que estavam vazias, para ensinar outros médicos. Aí, a gente questiona se ele dá aula, e ele diz que não dá aula. São respostas vazias. Na mochila, também tinha uma gaze com o sangue de Patrícia, que foi usada durante o procedimento de acesso venoso”, afirmou Pereira.

O laudo do Instituto-Geral de Perícias mostrou que havia traços de medicamentos controlados no corpo da vítima. Ainda de acordo com Pereira, o casal tinha um filho. O menor está sob os cuidados de familiares.

As investigações seguirão em andamento para apuração de outras circunstâncias, até mesmo esclarecer o motivo do crime.

“Ele não disse qual foi a motivação, se foi financeira, se foi afetiva, se ele queria se separar, não fala a motivação. Vamos tentar verificar também em que condições ele conseguiu desviar essas medicações do Samu”, finalizou o diretor da Divisão de Investigações de Homicídios da região metropolitana.

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