por Daniela Borsuk
com informações de Nader Khalil, da RIC Record TV Curitiba

A investigação da tentativa de homicídio de um homem que se jogou de um carro em movimento para escapar de ser morto a facadas teve uma reviravolta nesta terça-feira (21), quando os suspeitos do crime se apresentaram na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Curitiba. Acompanhados do advogado, os dois jovens relataram que decidiram fazer justiça com as próprias mãos, após descobrirem que o homem havia estuprado a irmã de um dos envolvidos, uma adolescente de 16 anos. O abuso sexual teria acontecido durante um suposto ritual religioso.

Conforme a família da adolescente, a jovem – que é prima de segundo grau da esposa do homem – contou sobre o estupro para o irmão, menor de idade, que ficou indignado e falou sobre a situação com o primo, maior de idade. Os dois então marcaram com o homem, afirmando que queriam vender um carro. No trajeto, o homem foi esfaqueado e, para fugir, se jogou da janela do veículo em movimento. A filha dele, uma menina de quatro anos, também estava no automóvel e foi deixada na rua pelos suspeitos. Eles esclareceram que não a jogaram da janela, como estava sendo indicado anteriormente, e sim pararam o carro e pediram que ela procurasse ajuda na vizinhança.

“O defensor trouxe os dois rapazes envolvidos nessa tentativa de homicídio, tanto o maior de idade quanto o menor. Como a gente já imaginava, o menor quis assumir o fato, até por ser menor de idade as consequências legais são mais brandas. O menor disse que praticou todo o ato sozinho, porém as oitivas de testemunhas, diligências, e pela oitiva realizada de forma informal com a própria vítima, a gente entende que os dois praticaram o fato, mas que quem desferiu as facadas foi o maior de idade, embora eles tenham trazido uma versão diferente na delegacia.” 

explicou a delegada Camila Cecconello, da DHPP.

Na DHPP, o advogado dos jovens, Sandro Vieira, afirmou que eles cometeram o crime devido a um estupro que teria acontecido em 2018. Só agora, porém, a adolescente abusada conseguiu falar sobre a situação.

“O fato tem circunstância e tem motivo: um estupro, não só esse, a gente já tem conhecimento que tem outros estupros, inclusive de vulneráveis, e a gente veio apresentar a família para esclarecer esses fatos e daqui para frente colocar os pingos onde são devidos.”

disse Vieira.

A mãe da adolescente ainda disse que ela não falou antes pois estava com medo. “Ela ficou com medo porque ele ameaçava ela. Daí no domingo ela confessou, nós estávamos tomando café e ela pegou e contou, nós estávamos conversando e ela falou do negócio do estupro”, relatou a mãe. “Foi muito triste, no domingo a gente entrou em desespero”. 

A adolescente contou para a família que o estupro teria acontecido durante um suposto ritual religioso. Na sessão, o homem teria dito que havia sido “possuído por um espírito“. A esposa do homem teria segurado a adolescente para que ela fosse estuprada. A mulher já foi ouvida na delegacia e, segundo a delegada Camila, seu depoimento foi muito esclarecedor. A polícia, no entanto, não deu detalhes sobre o relato da mulher.

Para a delegada, não há dúvidas sobre a motivação dos jovens para esfaquear a vítima, que segue internada no Hospital Cajuru.

“Essa motivação que tanto testemunhas quanto os próprios autores trazem, a vítima não confessa que essa é a motivação, mas para a polícia ficou bem clara que essa é a motivação, eles tentaram fazer justiça com as próprias mãos.”

pontou Cecconello.

Ainda, há um boletim de ocorrência feito por duas filhas do homem relatando que elas já foram abusadas sexualmente pelo pai. As meninas procuraram a polícia depois que foram trocar a fralda da irmã mais nova quando ela tinha dois anos e perceberam que ela tinha marcas e sangue. Suspeitando que ela também estava sendo abusada, as filhas mais velhas registraram o caso.

A tentativa de homicídio segue sendo investigada pela DHPP e, agora, a suspeita de estupro será apurada pela Delegacia da Mulher.

21 set 2021, às 14h44.
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