"Só pensava em ter uma segunda chance de ver minha família de novo", diz piloto de avião paranaense que caiu
O piloto londrinense Otávio Augusto Munhoz da Silva desembarcou no aeroporto de Londrina na manhã deste sábado (15). O avião que ele pilotava caiu numa mata fechada em Roraima, no dia 27 de setembro.
Em entrevista à RICtv Londrina, o piloto explicou como passou os 13 dias em que ficou perdido na Floresta Amazônica, antes de ser encontrado. “Tem momentos que você se entrega, que você acha que não vai aguentar mais. Aí você para um pouco, recupera as forças e tenta de novo. Eu fiquei o tempo todo procurando um rio maior, onde eu pudesse entrar e descer com ele. Quando eu já estava quase sem forças, eu encontrei esse rio. Fiquei quase seis horas nele, quando ele desaguou num rio ainda maior, onde passam embarcações. Ali, rapidamente fui visto por um barco, que me resgatou”.
Segundo ele, a noite era o pior momento. “Era muito difícil dormir. Muito frio, medo de hipotermia… O corpo tremia para tentar manter a temperatura. No último dia, senti que não tinha mais energia nem para tremer e manter minha temperatura. Achei que iria morrer de hipotermia. Tudo o que eu pensava era ter uma segunda chance para ver minha família de novo”, disse.
O londrinense também relembrou os momentos que passou pouco antes do avião cair. “O motor superaqueceu e logo parou. Foi muito rápido. Tentei pousar em um rio, mas não deu tempo. Então, consegui levar o avião até a copa de uma árvore mais alta, que se destacava na paisagem da floresta. O avião ficou enroscado lá em cima, meio tombado, e quando eu tirei o cinto e abri a porta, eu despenquei lá de cima. Acho que quebrei uma costela, que dói até hoje”. Além das dores na região das costelas, ele relatou que ficou com as pernas inflamadas e infeccionadas.
A queda o fez tomar decisões que, segundo ele, foram “inexplicáveis”. “Fiquei totalmente desorientado. Quando estava recobrando a consciência, senti combustível caindo em cima de mim e vi o avião começando a pegar fogo. A queda, a dor e toda essa situação do combustível acho que me fizeram sair de perto da aeronave. Porque um piloto sabe que a chance maior de ser encontrado é ficando perto da aeronave. A floresta é muito densa”, relata.
Acidente
O piloto londrinense Otávio Augusto Munhoz da Silva pilotava um avião privado que caiu em uma mata fechada em 27 de setembro. O avião particular que Otávio pilotava foi encontrado dois dias depois pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Otávio foi encontrado na última quinta-feira (13). Ele passou alguns dias recuperando a saúde em Roraima, Estado em que a aeronave caiu, para poder voltar para casa.
Neste sábado, ele foi recebido no aeroporto pelos familaires. Sua mãe e seu filho foram os primeiros a correr abraçar o pai na porta do desembarque.