Socorrista atingido por pedrada durante atendimento relata insegurança para trabalhar de madrugada
Uma equipe de socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi atacada enquanto atendia um jovem ferido, no Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba. A ambulância em que era feito o atendimento foi atingida por pedras e garrafas atiradas pelos frequentadores do local, que é um dos pontos de vida noturna mais agitada da Capital, na madrugada do domingo (3).
Um vídeo feito pelos socorristas do Samu mostra o momento em que eles foram atacados. Uma pedra jogada contra a ambulância atravessou o vidro traseiro do veículo e acertou as costas de um dos socorristas. Assustado com a situação, o profissional, que prefere não ser identificado, explica como a agressão aconteceu.
“Chegando no local, a gente avistou o paciente e ele veio até a ambulância. A gente então iniciou o protocolo de fazer os curativos na cabeça dele porque ele estava com um corte no crânio e nesse momento foi quando tacaram pedras e garrafas de uísque para dentro da ambulância. A pedrada inclusive acertou as minhas costas e ficou um hematoma no local”,
explica o socorrista.
Ele relata o susto que levou na hora em que foi atingido enquanto atendia a vítima.
“Todo mundo fala que quando leva um tiro sente uma pressão no local e eu pensei que tinha levado um tiro porque eu senti essa pressão. A gente houve o barulho do vidro estourar e de repente sente um negócio nas costas e aí pensei: ‘levei um tiro’. Foi aí que eu me agachei, passei a mão e não tinha sangue nenhum no local, daí eu fiquei mais tranquilo”, conta.
O socorrista que foi ferido na ação dos vândalos afirma que a região do Largo da Ordem tem se tornado uma das mais críticas para quem trabalha de madrugada. Segundo ele, esta não é a primeira vez que equipes do Samu são hostilizadas.
“Geralmente é o pessoal bêbado que vêm xingar a equipe. Durante o atendimento o pessoal quer entrar na ambulância, quer agredir a gente. O pessoal está meio alterado e acaba agredindo fisicamente até as equipes. Até pouco tempo atrás as pessoas estavam batendo palmas para a gente em decorrência da Covid e agora a gente está sendo hostilizado por essa mesma população”, complementa.
Após mais esse caso, o socorrista ressalta que tem medo de realizar atendimentos na região.
“Não dá, né. Não tem como. Desse jeito não tem como”,
desabafa.
Procurada pela equipe da RICtv, a Polícia Militar do Paraná (PMPR) se pronunciou por meio de nota, em que afirma manter policiamento constante na região. Além disso, a PM orienta que a população acione o serviço de emergência 190 sempre que situações semelhantes ocorram.
Leia a íntegra da nota da PMPR:
“Nota do 12º Batalhão sobre policiamento no bairro Centro
A região Central da Capital recebe policiamento diuturnamente pelo 12º Batalhão da PM, responsável pela área, bem como de equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) que fazem abordagens e patrulhamento ostensivo para inibir crimes. Além disso, operações policiais preventivas são desencadeadas rotineiramente na cidade, abrangendo o Centro, a exemplo da operação satélite.
A PM orienta que as pessoas façam o acionamento pelo 190 ou pelo aplicativo 190 PR para que haja o atendimento. No caso de situações já passadas, o cidadão deve ir a uma Delegacia de Polícia Civil para fazer o Boletim de Ocorrência, instituição responsável pelas investigações. Importante lembrar que o Boletim é um ferramenta importante para a análise criminal feita pela PM de um local.
Na situação apontada pela reportagem, segundo as informações do Boletim de Ocorrência, uma equipe policial foi acionada, por volta das 1h06 de domingo (03/04), para dar apoio a uma equipe do SAMU na Rua Trajano Reis, no Centro de Curitiba. Aos policiais militares foi repassado que durante um atendimento, pessoas não identificadas atacaram a equipe do SAMU com pedras, causando danos na viatura.
Foi necessário acionar outra ambulância para levar a vítima até o hospital para o devido atendimento médico. Um Boletim de Ocorrência foi confeccionado pelo 12º Batalhão de Polícia Militar. O patrulhamento preventivo continua na região”.
A Guarda Municipal de Curitiba também se manifestou por meio de nota oficial, explicando os procedimentos que foram adotados após o ataque à equipe do Samu.
Leia a íntegra da nota da Guarda Municipal:
“Uma ambulância do Samu foi chamada para prestar atendimento a uma vítima de agressão no Largo da Ordem na madrugada desse domingo (3/4), por volta da 1h da manhã.
Assim que o paciente foi colocado no interior da ambulância, os vidros traseiros do veículo tornaram-se alvo de pedras e garrafas. Ninguém da equipe do Samu se feriu.
A Polícia foi chamada no local. A Secretaria Municipal da Saúde Já acionou o seguro para o conserto dos vidros e também já realizou boletim de ocorrência. Caso a investigação policial identifique o(s) autor(es) do dano, ele(s) pode(m) vir a ser responsabilizado(s), inclusive financeiramente, pela Justiça.
A vítima de agressão foi encaminhada por outra equipe do Samu para o hospital. A primeira equipe precisou se deslocar para a delegacia, antes de voltar aos atendimentos.”