Suspeitos de chacina sabiam que crianças estavam no carro das vítimas
Os suspeitos de envolvimento em uma chacina cometida no início de fevereiro, no bairro Portão, em Curitiba, presos nesta quinta-feira (17), sabiam que haviam crianças dentro do carro das vítimas. A informação foi confirmada pela Polícia Civil do Paraná (PCPR), que deflagrou uma operação para cumprir 18 mandados judiciais para localizar sete suspeitos do crime, que causou a morte de um casal e duas crianças e ferimentos em outros dois adultos e um bebê.
Tanto os cinco suspeitos presos, quanto os dois que continuam foragidos, estariam ligados à uma facção criminosa que disputa o controle do tráfico de drogas com uma facção rival. O líder do grupo seria Jackson Rodrigues da Silva, conhecido como “Neguinho”, um dos detidos na operação. Ele teria conhecimento de que o alvo da execução estava acompanhado por outras pessoas, inclusive crianças.
“Esse indivíduo, alcunhado Neguinho, tinha pleno conhecimento das pessoas que estavam dentro do carro. Até porque quem ajudou a armar essa emboscada foi um preso, que estava dentro Casa de Custódia de São José dos Pinhais. Esse preso era conhecido da vítima Anderson, marcou esse ponto de encontro com a vítima naquele local, a vítima informou que estava indo ao local de carona com uma família com crianças. Ou sejam eles tinham pleno conhecimento de quem estava dentro do veículo, mas mesmo assim, metralharam, sem dó e sem piedade todos aqueles que estavam dentro do automóvel”,
explica o delegado Thiago Nóbrega, que comanda a investigação do crime
A frieza da quadrilha na preparação para a chacina também chama a atenção. Imagens de câmeras de segurança do hotel em que os suspeitos estavam hospedados no dia do crime registraram o momento em que “Neguinho” se despede da namorada e entra no carro minutos antes do crime.
“O líder do grupo, que é o alcunhado ‘Neguinho” estava dentro do hotel com sua companheira, o adolescente também estava com sua companheira, e se portavam como se fossem pessoas de famílias normais, como se estivessem se hospedando em um hotel. E partem para a chacina, se despedem das suas companheiras como se fossem sair para um dia comum de trabalho. Ou seja, com uma frieza que não tem nem como descrever”,
conta o delegado.
Um dia após a chacina, os suspeitos fugiram para Santa Catarina em um Ford Focus roubado, e após passarem o dia na praia de Itapoá, foram parados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que aprendeu o menor integrante do grupo, e pistolas provavelmente utilizadas no crime. Na ocasião, Neguinho conseguiu fugir dos policiais e estava foragido até ser preso pela PCPR.
Na operação deflagrada nesta quarta-feira, foram aprendidas uma pistola, munições de diferentes calibres e drogas. Uma dos detalhes que chama a atenção é que as armas e munições apreendidas tanto pela PCPR, quanto pela PRF, são “personalizadas” com pintura azul para indicar que pertencem à facção criminosa.
“Isso seria, digamos, uma marca registrada. Estojos semelhantes foram encontrados no dia do crime, cerca de 50 estojos ali na cena do crime, no Portão, com essa mesma característica das munições apreendidas na data de hoje, na posse do ‘Neguinho”. Todas essas munições também vão ser levadas ao confronto balístico. As armas apreendidas no dia lá (em Santa Catarina), a gente está aguardando o laudo que possivelmente vai dar positivo, ou seja, aquelas pistolas, mas esta pistola, são as armas utilizadas na chacina do Portão e, possivelmente em outros homicídios”, explica o delegado.
Chacina em Curitiba
Por volta das 21h desta segunda-feira (7), moradores do bairro Portão, em Curitiba, ouviram diversos tiros. Atiradores, em um veículo Ford Ka, dispararam contra um Fiat Pálio, da cor branca, que estava estacionado na rua Pinheiro Guimarães. Dentro do carro estavam sete pessoas, sendo quatro adultos e três crianças.
Durante o atentado no bairro Portão quatro pessoas morreram, sendo duas crianças. Um carro foi encontrado incendiado poucos minutos após o crime e pode ser o mesmo utilizado pelos atiradores.
Na manhã de terça-feira (8), as autoridades confirmaram que todos os sete ocupantes do veículo Fiat Palio foram baleados, inclusive o bebê de aproximadamente seis meses. Um casal e duas crianças morreram no atentado e as outras três vítimas foram encaminhadas para atendimento. O casal de adultos que sobreviveu foi levado ao Hospital do Trabalhador e a criança ao Hospital Evangélico. O crime foi registrado por câmeras de segurança.
Confira identificação das vítimas:
- Bruna Bispo Dias, 20 anos – morreu no local da chacina
- Anderson Olimpio Bueno Miranda, 28 anos – morreu no local da chacina
- Cristopher Augusto Vaz, 7 anos – morreu no local da chacina
- Guilherme Bispo, 2 anos – morreu no Hospital do Trabalhador
- Ivan Ribeiro Toginsk, 21 anos – baleado, mas sobreviveu
- Chaiane Kania Vaz, 29 anos – baleada, mas sobreviveu
- Bebê, aproximadamente 6 meses (não identificado) – baleado, mas sobreviveu