Vereador Renato Freitas é preso em abordagem policial e questiona procedimento

Publicado em 4 jun 2021, às 17h34. Atualizado às 18h54.

Na tarde desta sexta-feira (4), foi preso o vereador Renato Freitas, do Partido Trabalhista (PT), enquanto estava praticando atividades físicas em uma praça de Curitiba por, segundo a fala dos policiais militares que fizeram a abordagem, “atrapalhar a ação da polícia”. A situação foi flagrada em vídeo [ABAIXO]. Além do vereador, outro homem que estava com ele foi detido por perturbação do sossego, por estar ouvindo música em uma caixinha de som.

Nas imagens, o vereador questiona o motivo de estar sendo preso, pede para que não o toquem e é praticamente arrastado pela escadaria da praça 29 de março por três agentes, depois que resiste à condução. Após o apelo de populares e do próprio vereador, que afirma que não irá fugir, os policiais o soltam e ele caminha até a viatura da PM.

(Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Em nota, a assessoria de comunicação do vereador afirma que a abordagem foi inadequada e desproporcional.

Veja na íntegra:

Viemos por meio desta, informar acerca da prisão do Vereador Renato Freitas, ocorrida na tarde de hoje (04) durante um momento de prática esportiva, em uma praça de Curitiba. Renato acompanhou uma abordagem policial realizada de forma inadequada, ferindo direitos fundamentais do cidadão em questão.

O vereador questionou o método, que é corriqueiramente aplicado pela Polícia Militar. Entretanto, em total desrespeito às prerrogativas inerentes à sua posição, mesmo tendo se identificado como Advogado e Vereador, Renato foi levado preso ao Batalhão da Polícia Militar, em condições absolutamente desproporcionais e inadequadas com relação à sua dignidade.

Confira como foi a abordagem:

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O portal RIC Mais entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar do Paraná e aguarda um posicionamento do órgão.

Renato Freitas

Renato Freitas, de 37 anos, foi eleito com mais de 5 mil votos em 2020. O vereador nasceu em Sorocaba, interior de São Paulo e depois se mudou para a Região Metropolitana de Curitiba. Renato é advogado, se formou em Direito pela Universidade Federal do Paraná, onde também realizou um mestrado.

PT repudia prisão

O Partido dos Trabalhadores (PT) se manifestou no fim da tarde desta sexta-feira (04), manifestando solidariedade ao vereador e repudiando a ação da PM, que chamou de truculenta. Confira a nota na íntegra:

NOTA DO PT-PR

O Partido dos Trabalhadores do Paraná vem a público manifestar solidariedade ao advogado e vereador do PT em Curitiba, Renato Freitas, que foi vítima de ação truculenta da Polícia Militar na tarde desta sexta-feira (4).

Enquanto jogava basquete e ouvia música com amigos em uma praça pública de Curitiba, Renato Freitas presenciou uma abordagem policial realizada de forma inadequada pela Polícia Militar.

Renato, que é advogado, questionou a PM sobre o método de abordagem, que visivelmente feria os direitos daquele cidadão. Em total desrespeito à posição que Renato ocupa, ele foi detido pela PM e encaminhado ao Batalhão da Polícia Militar. A truculência da PM com o vereador foi filmada e postada nas redes sociais de Renato.

Não é a primeira vez que o Renato Freitas sofre violência e perseguição política em Curitiba. Em 2016, ele foi preso pela Guarda Municipal (GM) enquanto panfletava para sua campanha a vereador. Em 2018, houve nova agressão da GM quando ele fazia campanha na condição de candidato a deputado estadual. No final do mesmo ano, ele foi detido pela PM na Praça do Gaúcho, quando realizava uma reunião com outros quatro jovens.

Quando se trata de jovens negros e periféricos, a abordagem da Polícia Militar e da Guarda Municipal é sempre a mesma, inflamada pela truculência e pela violência. Até quando jovens negros serão impedidos de usufruir de seus direitos? Basta!

O PT Paraná repudia a ação truculenta da PM e pede que as medidas cabíveis sejam tomadas. Renato terá todo o amparo do partido. Força, companheiro! Resistiremos!

PARTIDO DOS TRABALHADORES DO PARANÁ

Polícia Militar também se pronuncia

“NOTA DO 12º BATALHÃO SOBRE CONDUÇÃO DE VEREADOR – 04.06.2021

O 12º Batalhão da PM, diante dos questionamentos recebidos, esclarece que uma denúncia anônima informou à equipe policial, que atuava na Praça 29 de Março, que do outro lado havia algumas pessoas com som alto e fazendo algazarras, incomodando-a assim como outras pessoas que passavam pelas imediações. A solicitante preferiu não se identificar por receio de represálias.

Diante do relato, uma equipe policial foi até o local indicado para resolver pacificamente a questão e, no caminho, constatou um rapaz consumindo maconha, o qual foi abordado e encaminhado. Em seguida, a equipe chegou ao ponto denunciado e constatou o uso de uma caixa de som por um rapaz, pediu a ele que o volume fosse baixado, o qual se negou de maneira ríspida.

O policial, então, anunciou a abordagem, mas o rapaz se negou novamente, alegando que a ação dos policiais seria um “ato racista”, e incitou outras pessoas que praticavam basquete na praça (ação esta não permitida no momento devido aos decretos) para recuperar a caixa de som.

Neste momento, um homem que identificou-se como vereador, teria utilizado a força para retirar o equipamento das mãos do policial alegando irregularidade. Os policiais militares dialogaram com o vereador por vezes para que ele entregasse a caixa, porém sem sucesso. A situação passou a reunir pessoas e a equipe policial pediu reforço, informando ao vereador que ele incorreria em desobediência e resistência caso continuasse.

Os policiais militares retomaram a caixa de som e, após a interferência do vereador na ocorrência, encaminharam ele juntamente com outros dois jovens (o que estava com droga, o proprietário da caixa de som e o vereador), todos por crimes de menor potencial ofensivo à 1ª Companhia do 12º Batalhão para lavratura de Termo Circunstanciado de Infração Penal, sendo liberados na sequência. Com um quarto rapaz que estava ao redor, também tentando evitar a abordagem policial, foi encontrada uma caixa de cigarros contrabandeados, o qual foi autuado por contrabando e encaminhado à Polícia Federal.

Os procedimentos aplicados na ocorrência pelos policiais seguiram as técnicas da Polícia Militar e respeitaram os direitos humanos. A PM lembra que o momento de pandemia em que estamos inseridos exige o distanciamento social e que a perturbação do sossego pode ser denunciada a qualquer hora do dia ou da noite.

A abordagem policial e a identificação a um agente da segurança pública são previstas na lei e instrumentos importantes para a identificação de pessoas em qualquer situação, seja ela corriqueira ou de crime ou contravenção.”