Vigilante tenta incriminar Ísis e revela ameaças da jovem: "Ela queria o aborto"
Preso pelo desaparecimento de Ísis Miserski, Marcos Wagner de Souza afirma que a jovem teria solicitado remédio abortivo e o ameaçado com denúncia de estupro caso ele não a ajudasse
O vigilante Marcos Wagner de Souza, principal suspeito do desaparecimento da jovem Ísis Victória Miserski, disse em depoimento na última quinta-feira (14) que a adolescente não queria estar grávida, contrariando a versão da Polícia Civil no inquérito de que era ele que não queria ter a criança.
O suspeito participou do interrogatório de uma sala da Cadeia Pública de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, onde está preso e respondendo o processo. O vigilante respondeu apenas perguntas feitas pelos próprios advogados de defesa.
Durante o interrogatório, Marcos afirmou que conheceu Ísis durante uma festa e que se encontrou com ela apenas uma vez, quando estava separado da esposa.
“Eu a conheci em uma festa, em janeiro deste ano, onde eu trabalhava de segurança. Comecei a curtir alguns stories dela e ela reagiu no meu, no Instagram. Nisso rolou uma conversa íntima nossa, de marcar um encontro para conversarmos. Marquei esse encontro e fui com meu carro até lá. Ficamos só dentro do carro e eu estava separado da esposa”, afirmou Marcos Wagner.
Conversa após o encontro e revelação da gravidez
O encontro entre Marcos e Ísis aconteceu no dia 1º de abril, segundo as investigações da Polícia Civil. Durante o depoimento, o suspeito alegou que os dois só conversaram um mês depois, quando ela contou que estava grávida.
“Ela relatou que estava grávida e que não sabia quem era o pai. E que eu teria sido o último homem com quem ela se relacionou. A Ísis não falou que tinha feito nenhum teste de gravidez. Até me ofereci para comprar e tenho umas mensagens para comprovar. Falei que comprava o teste para ela fazer junto comigo. Ela se negou a fazer esse teste”, defendeu.
Remédios abortivos
Além disso, Marcos Wagner disse no interrogatório que foi Ísis Victória quem pediu a ele para ir à farmácia para comprar remédio abortivo e que só soube do perigo do medicamento, depois de uma pesquisa feita por ele na internet.
“Ela queria falar comigo para falar a respeito desse remédio, se eu tinha conseguido. Não sabia que era proibido, só depois de uma pesquisa no meu celular eu vi que eram abortivos”, disse o acusado.
No dia do encontro com Ísis, o vigilante diz que o assunto principal foi a gravidez. Marcos Wagner de Souza afirmou de novo que era ela quem não queria seguir com a gestação e disse que era um “sentimento de ódio”.
“Um sentimento de ódio por não querer levar para frente aquela gestação. Inclusive ela alegou que teria tomado cinco pílulas do dia seguinte. Ela já falou que não queria ter o filho e queria que mandasse a criança para o inferno, com todo respeito”, repetiu.
Ameaças
O acusado falou também que chegou a ser ameaçado pela adolescente, caso não conseguisse o remédio para abortar a criança. “Falou que se eu não arrumasse iria até a delegacia me denunciar por estupro”, afirmou.
Dia do encontro com Ísis
As informações passadas pelo vigilante durante o interrogatório contradizem o inquérito da Polícia Civil, que já foi concluído. Testemunhas ouvidas durante as investigações afirmam que Marcos de Souza sabia o que estava fazendo ao procurar por medicamentos abortivos em uma farmácia. O momento foi filmado por câmeras de segurança.
O investigado confirmou que se encontrou com Ísis no dia 6 de junho, data do desaparecimento da adolescente. O vigilante afirmou que a deixou em uma estrada da Vila São João, em Tibagi, nos Campos Gerais do Paraná.
“Ela mandou eu parar o carro que ela iria descer. E assim eu fiz, parei. Entre a vila e a cooperativa Frísia. Depois que ela desceu, fechei o carro e fui sentido a cooperativa. Como meu carro começou a cortar combustível, achei que era porque eu tinha acabado de abastecer, que fosse água no combustível. Até optei por ir até o trevo. Ai eu parei em frente ao portão lá na entrada que vai para Telêmaco Borba abri o capô e vi que a mangueira estava com problema. Depois que o arrumei, voltei para Tibagi pelo mesmo local”,
Contradições e mensagens para a família
No dia do desaparecimento de Ísis, Marcos Rone conversou por mensagens com Rodrigo Miserski, tio da garota desaparecida. Ele chegou a dizer que não a conhecia e que também não sabia nada da gravidez. No interrogatório, o vigilante afirmou que não queria “estragar a surpresa”.
“Peço perdão a família, porque eu omiti o fato da gravidez. Porque era uma vontade da Ísis contar para a família. Ela disse que ia contar da suposta gravidez. Então eu não queria estragar esse momento, por isso omiti para o tio”, relatou.
Roupas usadas no encontro
Os advogados questionaram também a respeito das roupas usadas por Marcos no dia do desaparecimento da jovem. Ele afirmou que a polícia revistou todos os vestimentos usados por ele no dia 6 de junho, inclusive as fardas e roupas de segurança.
Além disso, o suspeito falou que se encontrou com o advogado no dia 7 de junho e que passou o dia inteiro com ele.
“Avisei meu patrão no dia 7 que não ia trabalhar para conversar com o advogado. Fui ouvido pelo delegado pela manhã. Ai eu entrei no carro e como já tinha pessoas me ameaçando, ele me aconselhou a ir para Telêmaco Borba, onde fiquei no escritório até a noite”.
O Marcos Rone disse também que demorou para chegar em casa por causa de uma blitz da polícia. Em nenhum momento ele deu algum sinal de onde poderia estar o corpo de Ísis.
Relembre o Caso Ísis
A adolescente Ísis Victoria Mizerski, de 17 anos, está desaparecida desde o dia 6 de junho de 2024, quando saiu de casa, a princípio, para encontrar um homem. Desde então, as forças policiais estão à procura da adolescente. A polícia acredita que ela foi se encontrar com o vigilante Marcos Wagner de Souza, que está preso.
Marcos teve um relacionamento extraconjugal com Ísis. Ele disse antes de ser preso que a conheceu em uma das festas onde trabalhava. Além disso, confirmou que se encontrou com a jovem para falar sobre gravidez.
Marcos Wagner foi preso temporariamente no dia 17 de junho, quando se apresentou às autoridades. Conforme a Polícia Civil do Paraná (PCPR), com a conclusão do inquérito policial, Marcos foi indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe, por dissimulação, feminicídio, aborto sem consentimento da gestante e ocultação de cadáver.
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