Cuidador que espancava idosos em asilo clandestino de Colombo é preso
Foi preso o responsável por cuidar de 10 idosos encontrados em condições insalubres em um asilo clandestino em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O suspeito foi detido em uma residência na mesma cidade, na noite desta quinta-feira (21). A Polícia Civil afirma que o homem espancava os idosos para “colocar ordem” no local. As vítimas viviam em um pequeno quarto, sem alimentação adequada, sem higiene e nem atendimento médico.
Os agentes da Delegacia do Alto Maracanã chegaram até o homem após uma denúncia anônima. Na delegacia, o suspeito confessou que agredia os idosos, os torturava com a intenção de acalmar os homens que viviam trancados no local. Ele vai responder por cárcere privado e por maus-tratos. “De certa forma ele estava calmo, ele falou que acompanhou todo o caso pela imprensa, afirmou que era a pessoa que estava na vigília na residência, afirmou também que era aquela pessoa que fugiu pela tangente e ele foi conduzido de certa forma sereno até a delegacia do Alto Maracanã”, explicou o investigador Luis Felipe Jogaib.
“Segundo as próprias vítimas, ele desferia socos, desferia pontapés, todo tipo de agressão para tentar contê-los, uma vez que eram pessoas com problemas psiquiátricos e estavam ali cerceados de alimentação, que estavam ali à mercê, estavam em vulnerabilidade total”,
ressaltou o investigador.
Além dele, a Polícia Civil agora busca por duas pessoas apontadas como proprietários do asilo: Mara Maria Tereza e Arlei Rodrigo Ramalho de Oliveira, que têm mandado de prisão expedido por sequestro e cárcere privado. Denúncias podem ser feitas para a polícia pelo 181, de forma anônima.
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Os idosos resgatados na época foram encaminhados pela Prefeitura de Colombo até o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP). Nove deles já foram devolvidos para as famílias e um dos homens precisou de atendimento médico por mais tempo, já que estava bastante ferido e com uma costela quebrada.
“Cárcere privado sem nenhuma condição de higiene, alimentação extremamente restrita, muitos estavam há dias sem poder se alimentar e também, infelizmente, sofriam agressões, eles apanhavam dos responsáveis pelo local, não tinham nenhum tratamento, não faziam nenhum acompanhamento médico, em condições desumanas, insalubres, extremamente precárias”,
relatou Izabela Strapasson, psicóloga Centro POP de Colombo.
Asilo clandestino é descoberto
Os idosos foram resgatados no dia 30 de junho, depois que vizinhos receberam um pedido de ajuda por uma fresta de janela de uma kitnet de Colombo. As vítimas eram mantidas trancadas em um imóvel pequeno, de cerca de 4 m², em um sobrado, sem condições de infraestrutura e com pouca comida.
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Quando foram encontrados, os idosos dormiam amontoados, em colchões no chão de um quarto, sem condições de higiene. As janelas do imóvel têm grades e a porta era mantida trancada.
Idoso desapareceu em asilo de Colombo
A Polícia Civil segue investigando o desaparecimento de Paulo Minervino, que não foi encontrado no asilo clandestino. Ele foi deixado no local pela família, que contou que, após um tempo, deixou de receber notícias do homem.
A princípio, a vítima tinha sido deixada pela família em outra residência, que sofreu uma ação civil pública devida às más condições em 2020. Depois disso, Minervino teria sido realocado e acabou indo para o asilo clandestino em Colombo. Segundo o investigador Jogaib, a família do homem relatou que pagava cerca de R$ 1.200 de mensalidade para o proprietário do asilo, mas que parou de receber informações sobre o homem no final do ano passado.
Os parentes teriam questionado o dono do asilo, mas não receberam mais nenhum vídeo ou prova da presença do idoso no local. “A investigação começou com boletim de ocorrência de natureza desaparecimento. No desenrolar da investigação chegamos ali a informação de que a casa na qual seu Paulo Minervino ficava sofreu ação civil pública no ano de 2020, no qual se olhar o relatório do Ministério Público e da Vigilância Sanitária é um verdadeiro enredo de filme de terror”, contou o investigador.
No resgate do dia 30 de junho, a polícia questionou os idosos sobre o desaparecimento de Minervino e foi informada que o homem teria morrido e que o corpo foi levado do local. A família, porém, nunca foi informada. “Uma testemunha, muito lúcida, diga-se de passagem, duas na verdade, confirmou que seu Paulo Minervino foi avistado morto em uma cama, talvez ali uma morte natural, mas não foi comunicada a família, a família não tem essa informação, nós estamos apurando para saber o paradeiro de Paulo Minervino. Esperamos que ele não esteja morto”, esclareceu Jogaib logo após a abordagem no asilo clandestino.