Greca ironiza críticas a binário: "Querem pegar o filho no meio da rua"

O prefeito Rafael Greca rebateu ironicamente as críticas ao novo trecho do binário das ruas Mateus Leme e Nilo Peçanha. Para ele, as reclamações partem somente da “turma do colégio” que fica na região. O prefeito afirmou ainda que não existe mais congestionamento no local, apesar dos registros de moradores e da RICtv mostrando o trânsito quase parado em alguns pontos do binário.

Em entrevista durante o lançamento dos novos ônibus elétricos que passam a fazer parte da frota que circula por Curitiba, Greca não escondeu o incômodo ao ser perguntado sobre as constantes reclamações de moradores, motoristas e pais de alunos que circulam pelo binário do São Lourenço, que foi ampliado em 12 de junho. Ele minimizou as críticas e citou até o Papa Francisco em sua resposta irônica.

“Do engarrafamento ninguém reclama. Quem reclama é a turma do Colégio Santa Maria que queria pegar os filhos no meio da rua. Agora um ônibus que vem de Almirante Tamandaré ou que vem da Cachoeira não pode ficar esperando mamães e papais recolherem seus filhos no meio da rua. Que operem o colégio dentro do pátio do colégio, como manda o Papa Francisco”, declarou o prefeito.

Excesso de velocidade dos ônibus e riscos aos pedestres são as principais queixas

As reclamações de quem precisa passar pela região do binário crescem a cada dia. De acordo com moradores do bairro, além de não resolver a questão dos congestionamentos, a mudança viária trouxe uma série de problemas.

“Você sai em congestionamento. Você chega em congestionamento. Está bem difícil essa circulação aqui no bairro”, reclama Adailson Sanches, dono de um comércio na Mateus Leme.

A principal queixa é sobre a nova rota da linha de ônibus Interbairros II, que circulava pela Rua João Gava, em frente à Pedreira Paulo Leminski e passou a utilizar a Rua Professor Joaquim de Matos Barreto. Com a mudança, os ônibus articulados que operam na linha percorrem agora um longo trecho em declive, passando em frente a uma creche municipal e a um colégio particular que tem cerca de 2 mil alunos.

Segundo os moradores, essa mudança traz um grande risco para alunos e familiares, especialmente na travessia da rua, já que o binário foi implantado sem que os semáforos previstos fossem instalados. Diante disso, os moradores reclamam da velocidade com que os ônibus circulam pelo local.

“A maior preocupação hoje é com o Interbairros II que passa aqui nessa rua, que é uma descida muito íngreme e muito longa. E é um ônibus pesado, a gente sabe que ele tem mais de 20 toneladas. Uma moradora filmou ele passando a mais de 50 km/h em um local onde passam crianças”, conta o administrador Caio Pitta.

Novo trecho do binário já teve acidente com ônibus

Na última terça-feira (25), um ônibus da linha Interbairros II bateu contra um poste e uma placa de sinalização exatamente nessa rua, mas antes do início do declive. O acidente só não foi mais grave porque o ônibus estava vazio e o motorista não se feriu.

“O Interbairros está descendo a 50 km/h ali. Não precisa ser muito inteligente para fazer essa conta, que um veículo de 23 toneladas numa descida íngreme não vai conseguir frear numa eventualidade, uma criança correndo, qualquer situação. A quantidade de veículos passando ali está absurda, veículos pesados, a rua não é pavimentada para este tipo de veículo. E assim, a gente tem uma expectativa de que as nossas solicitações sejam atendidas”, afirma a engenheira mecânica Simone Bunick Sala.

Moradores afirmam que sugestões foram ignoradas pela prefeitura

Quem mora na região reclama ainda que todas as sugestões apresentadas nas audiências públicas foram ignoradas pela prefeitura.

Insatisfeitos com os resultados da intervenção, os moradores defendem uma nova mudança no sentido de duas ruas que ligam as ruas Nilo Peçanha e Mateus Leme. De acordo com eles, essas alterações reduziriam os riscos para os pedestres.

O binário nós sabemos que ele tem uma função. O que nós queremos é que eles mudem o sentido dessa rua [Professor Joaquim de Matos Barreto], para a subida. Assim evitamos o tráfego pesado e também a alta carga passando por essa rua. E façam na rua mais abaixo [Rua Evaldo Wendler] o retorno do Interbairros. Porque é uma rua plana, onde o ônibus tem tempo de frenagem, algo que não ocorro aqui nessa ladeira”, afirma o gerente técnico Davi Sala, que circula diariamente pela região.

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