Silvio Santos não terá velório e enterro será apenas para família; entenda

Santos deixa a esposa, Íris Abravanel, e as filhas Patrícia Abravanel, Rebeca Abravanel, Silvia Abravanel, Daniela Beyruti, Renata Abravanel e Cintia Abravanel

Publicado em 17 ago 2024, às 13h37. Atualizado às 15h37.
POST 16 DE 25

O apresentador Silvio Santos, que morreu neste sábado (17) vítima de uma broncopneumonia após infecção por Influenza (H1N1), não terá velório, conforme nota emitida pelo SBT. O corpo deixará o hospital direto para o local de sepultamento.

Silvio Santos não terá velório e enterro será apenas para família; entenda
Santos deixa a esposa, Íris Abravanel, e as filhas Patrícia Abravanel, Rebeca Abravanel, Silvia Abravanel, Daniela Beyruti, Renata Abravanel e Cintia Abravanel (Foto: ROBSON FERNANDJES/AE)

“Cumprindo sua vontade, não haverá velório”, informou a emissora. Além disso, o sepultamento não será divulgado pela família ou pela emissora.

“Queremos dizer para vocês que por muitas vezes, ao longo da vida, a medida que nosso pai ia ficando mais velho, ele ia expressando um desejo com relação à sua partida. Ele pediu para que assim que ele partisse, que o levássemos direto para o cemitério e fizéssemos uma cerimônia judaica. Ele pediu para que não explorássemos a sua passagem. Ele gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com a alegria que viveu”, diz a nota da família Abravanel enviado para os veículos de impresa.

Santos deixa a esposa, Íris Abravanel, e as filhas Patrícia Abravanel, Rebeca Abravanel, Silvia Abravanel, Daniela Beyruti, Renata Abravanel e Cintia Abravanel.

De camelô a candidato a presidente: conheça a carreira de Silvio Santos

Senor Abravanel, conhecido mundialmente como Silvio Santos, morreu aos 93 anos neste sábado (17). Responsável por construir um dos maiores impérios no setor da comunicação com o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), o apresentador tem uma extensa carreira dentro e fora das telas da TV.

De camelô a candidato a presidente: conheça a carreira de Silvio Santos
Silvio Santos construiu um império de comunicação com o SBT (Foto:JUVENAL PEREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE)

Vendedor nas ruas e nas rádios

Nascido em 12 de dezembro de 1930, Silvio Santos desde cedo apresentou talento como vendedor no Rio de Janeiro. O primeiro produto comercializado foi uma capa para título de eleitor. A voz marcante e a boa comunicação chamaram a atenção da Rádio Guanabara.

Mesmo após ter sido aprovado em primeiro lugar, deixou o trabalho na rádio para voltar a ser camelô – sob a justificativa de melhor remuneração. Em 1948, ingressou no Exército por meio da Escola de Paraquedistas e paralisou o trabalho como vendedor.

Após cumprir o serviço militar, a comunicação voltou a atrair Silvio Santos. Primeiro atuou como produtor no programa de Silveira Lima, na Rádio Mauá, depois foi contratado pela Rádio Tupi. Foi nesse grupo de comunicação que fez as primeiras aparições televisivas.

O senso empreendedor de Silvio Santos começou a entrar na comunicação nesse período. Junto do trabalho na Tupi, ele iniciou um projeto na Rádio Continental, sediada em Niterói. A ligação do município com o Rio de Janeiro é feito por uma barca e o apresentador pensou em maneiras de utilizar o sistema de som do veículo para produzir conteúdos.

Silvio Santos então pediu demissão da Rádio Continental e criou o próprio serviço de comunicação na barca, com músicas e propagandas. Rapidamente os passageiros abraçaram a ideia e o serviço de barcas chegou a criar um bingo durante as viagens.

Esse movimento aproximou Silvio Santos da Companhia Antarctica Paulista, responsável por distribuir as cervejas e refrigerantes consumidos na barca. Foi então que o comunicador decidiu deixar o Rio de Janeiro e migrar para São Paulo.

Em São Paulo: das barcas a felicidade

Na capital paulista, enquanto trabalhava na Rádio Nacional, Silvio Santos continuou a empreender. Primeiro criou a revista Brincadeiras para Você e depois começou a realizar caravanas, que o acompanhavam em eventos localizados em circos e clubes paulistanos junto a outros artistas de renome.

Silvio Santos ainda trouxe para São Paulo o mesmo conceito das barcas de Niterói. Replicou o modelo em um serviço na Cantareira e em troca dos aparelhos de som, negociou um ano de propaganda gratuita a empresa.

Na mesma época, Silvio Santos começou a trabalhar também em circos como animador de auditório. Tinha a responsabilidade de apresentar os artistas e, em caso de atrasos, entreter o público entre as pausas. Foi então que Manoel de Nóbrega chamou o apresentador para fazer parte do programa que apresentava na Rádio Nacional.

A proximidade com Nóbrega introduziu Silvio Santos em 1958 a outro negócio: o Baú da Felicidade. O negócio estava em crise devido a um golpe do antigo sócio de Nóbrega e o apresentador, mesmo relutante, teve a missão de tentar achar soluções para salvar o negócio.

Silvio Santos então observou o potencial do negócio e ampliou os produtos que eram consignados pelo Baú da Felicidade. Se juntaram aos brinquedos itens como louças e outros objetos domésticos. Com medo de maiores perdas financeiras, Nóbrega desistiu do negócio e passou o comanda da empresa ao apresentador.

Sob o comando e Silvio Santos o negócio começou a crescer. Graças a uma parceria com a Estrela, diversas bonecas foram inseridas no Baú da Felicidade. A empresa cresceu e catapultou o apresentador para ingressar de forma definitiva na televisão em 1961, com o programa Vamos Brincar de Forca, na TV Paulista.

Além disso, o apresentador decidiu manter o sistema de crediário no Baú da Felicidade, mas permitiu que clientes que já tivessem quitado os carnês pudessem trocar o documento por brinquedos ou eletrodomésticos.

O sucesso do Baú da Felicidade fez com que o comunicador buscasse alguns horários televisivos também aos domingos. Assim nasceu o Programa Silvio Santos, que começava ao meio-dia e tinha duas horas de duração.

O programa rapidamente caiu nas graças do público. Com shows, quadros de brincadeiras e prêmios distribuídos à plateia, quadros marcantes como Cuidado com a Buzina, Só Compra Quem Tem, Pergunte e Dance e Rainha Por Um Dia nasceram.

TVS e SBT

Até 1971, Silvio Santos seguiu com os programas na TV Paulista e também em um semanal às quartas-feiras à noite na TV Tupi. Com o intuito de ter uma emissora própria de TV, mas sem perspectiva de concorrência do governo para uma nova concessão, o apresentador comprou 50% das ações da TV Record.

Como ainda era contratado da TV Tupi, Silvio Santos comprou posteriormente os outros 50% da emissora paulista, com o auxílio de Joaquim Cintra Gordinho.

Mas foi somente em 1975, após intensas negociações com o governo militar, que o presidente Ernesto Geisel outorgou o canal 11 ao apresentador. nascia a TV Studios Silvio Santos Ltda., mais conhecida como TVS. A primeira transmissão da emissora foi em 14 de maio de 1976.

A programação inicial da TVS contava com conteúdos comprados dos Estados Unidos, alguns filmes, seriados como Hazel, a Empregada Maluca e Joe Forrester, além do Programa Silvio Santos, exibido sempre aos domingos.

A emissora evoluiu até a criação do Sistema Brasileiro de Televisão em 19 de agosto de 1981. O apresentador conseguiu finalmente nacionalizar o alcance do grupo nos anos seguintes e iniciou uma disputa de audiência com a TV Globo.

A partir de 1987 começaram a chegar nomes de peso para a programação do SBT: Hebe Camargo, Carlos Alberto de Nóbrega e Jô Soares. Além deles, o comunicador ainda investiu para conseguir mais filmes para a programação.

Silvio Santos decidiu em 1988 que precisava de um outro apresentador para dividir os domingos do SBT e trouxe de volta Gugu Liberato. O Domingo Legal ficou no ar na emissora até 2009, sendo o programa de abertura da programação das tardes dominicais.

Silvio Santos na presidência?

Nesse mesmo ano, Silvio Santos decidiu ingressar na política. Chegou a ser nomeado candidato pelo PFL à Prefeitura de São Paulo, mas não concorreu naquele pleito. Um ano depois, novamente o apresentador tentaria ingressar na vida pública, ao concorrer ao cargo de presidente da República.

Sem conseguir apoio partidário, o comunicador teve que lançar candidatura no pequeno PMB (Partido Municipalista Brasileiro). Todas as pesquisas eleitorais à época apontavam Silvio Santos na liderança das pesquisas, à frente de nomes importantes da política nacional como Mário Covas, Luiz Inácio Lula da Silva, Leonel Brizola e Ulysses Guimarães.

Mas em 9 de novembro de 1989, a candidatura de Silvio Santos foi cassada devido a uma solicitação de Eduardo Cunha, futuro presidente da Câmara dos Deputados e na época no PRN. Cunha alegou que o PMB não respeitou o limite mínimo de nove convenções partidária (haviam realizado quatro) e por isso não poderia concorrer.

Quem quer dinheiro?

Com o foco retornado ao SBT na década de 1990, Silvio Santos revolucionou a programação com a criação do Topa Tudo por Dinheiro. o programa contava com diversos quadros que distribuíam dinheiro ao público e iniciou as pegadinhas com câmeras escondidas.

Dentro da programação dominical do SBT, o apresentador ainda inseriu o sorteio ao vivo da Tele Sena. Título de capitalização que pertencia ao Grupo Silvio Santos foi um sucesso instantâneo e rendeu somente em 1993 US$ 40 milhões ao comunicador.

Além dos programas dominicais, o comunicador apostou em uma grade diária com programação voltada às crianças. Apresentadores como Bozo, Angélica e Eliana junto com desenhos animados, bem como novelas infantis como Chiquititas e Carrossel, fizeram frente aos programas das emissoras concorrentes, como o Xuxa Park da TV Globo.

Silvio Santos ainda trouxe ao Brasil diversas produções mexicanas com uma parceria comercial com Televisa. Seriados e telenovelas como Chaves, Chapolin Colorado, A Usurpadora, Maria do Bairro e Marimar também foram sucessos imediatos de audiência.

No jornalismo, o SBT sempre apostou em programas mais populares. Programas como Aqui Agora sob o comando de nomes como Gil Gomes também caíram no gosto do público e inspiraram diversos programas como o Cidade Alerta e Brasil Urgente.

Outro pioneirismo trazido pelo SBT foi em 2001, com o início da Casa dos Artistas – o primeiro reality show do Brasil. Após perder para a TV Globo a negociação pelos direitos do Big Brother Brasil, Silvio Santos antecipou o lançamento do programa que consistia no confinamento de 12 celebridades em uma residência. A primeira edição registrou média de 46 pontos de audiência (recorde até os dias atuais no canal).

Silvio Santos retornou a programação dominical com o Programa Silvio Santos em 2008. O apresentador inseriu diversos quadros de sucesso no programa e ficou no comando da atração até 2020, quando por motivos de saúde deixou a função.

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