Vivemos um momento singular na história da comunicação corporativa. Nunca se investiu tanto em ferramentas de produção, design de alta fidelidade e equipes de social media. No entanto, ao analisarmos os relatórios de performance de centenas de empresas no último ano, detectamos um padrão alarmante: o retorno sobre a atenção (ROA) está em queda livre.

imagem gerada por Ia com um microfone de standup no meio do palco de um teatro
(Foto: Divulgação)

O mercado publicitário tradicional tenta justificar esse fenômeno culpando as “mudanças no algoritmo” ou a “saturação do digital”. A Church Martech, através de sua metodologia de diagnóstico clínico, rejeita essa visão superficial. O algoritmo não é o assassino; ele é apenas o legista. A causa da morte da relevância de uma marca é interna e biológica.

Nós classificamos este quadro como “Sintoma Hematológico: Likes Anêmicos”. E, ao contrário do que o senso comum prega, isso não tem nada a ver com números de vaidade. Tem a ver com a incapacidade da marca de participar da Economia da Dopamina.

1. A Neurociência do “Like”: Entendendo o Valor Biológico

Para um executivo focado em ROI financeiro, preocupar-se com “coraçõezinhos” no Instagram pode parecer trivial. Essa é uma visão míope que ignora a biologia do consumidor.

O ato de curtir (Like) não é uma decisão racional ou analítica. Ninguém para o scroll infinito, analisa os prós e contras de um post e decide curtir. O Like é um reflexo visceral. É a resposta motora a um estímulo químico no sistema límbico.

  • Quando vemos algo belo ou engraçado, liberamos Dopamina (prazer/recompensa).
  • Quando vemos algo que nos indigna ou alerta, liberamos Cortisol (atenção/foco).
  • Quando vemos algo que reforça nossa identidade de grupo, liberamos Ocitocina (conexão).

A “Anemia de Likes” ocorre quando o conteúdo da marca falha em disparar qualquer um desses neurotransmissores. O conteúdo é visualmente limpo, o texto está gramaticalmente correto, a paleta de cores respeita o brandbook, mas, biologicamente, ele é inerte. Ele é “morno”.

2. A Pasteurização Corporativa: A Origem da Doença

Se a fórmula química da atenção é conhecida (Emoção = Atenção), por que tantas empresas falham? A investigação da Church Martech aponta para um culpado cultural: a Pasteurização do Conteúdo.

No processo de aprovação corporativa, uma ideia criativa passa por vários filtros: o estagiário, o gerente de marketing, o diretor comercial e, às vezes, o jurídico. Em cada etapa, as arestas são aparadas. A piada é removida “para não ofender”. A opinião forte é suavizada “para não polarizar”. A estética ousada é trocada pela “segura”.

O resultado final é um produto estéril. Um post pasteurizado é seguro para a marca, mas invisível para o público. O cérebro humano, bombardeado por cerca de 4.000 anúncios por dia, desenvolveu um filtro de sobrevivência: a cegueira à neutralidade. Nós só enxergamos o que nos ameaça, o que nos excita ou o que nos beneficia. O “morno” é classificado como ruído branco e descartado instantaneamente.

3. O Custo Oculto da Anemia: O “Shadowban” Algorítmico

Aqui entramos na parte técnica e financeira do diagnóstico. As plataformas (Meta, TikTok, LinkedIn) operam com sistemas de pontuação de relevância (Relevance Score).

Quando sua marca posta consistentemente conteúdo anêmico (que as pessoas veem, mas não reagem), o algoritmo aprende um padrão: “Esta conta não gera retenção nem reação”. A consequência não é um bloqueio oficial, mas um “Shadowban técnico”. O algoritmo para de entregar seu conteúdo organicamente, até mesmo para quem já te segue.

Isso cria um ciclo vicioso financeiro:

  1. A marca posta conteúdo morno.
  2. O alcance orgânico cai.
  3. A marca é obrigada a pagar (Ads) para distribuir esse conteúdo ruim.
  4. O custo por clique (CPC) fica alto, porque o anúncio é irrelevante.
  5. A marca gasta verba excessiva para empurrar uma mensagem que ninguém quer ouvir.

A “Anemia de Likes” não é apenas triste; ela é cara. Ela inflaciona o seu Custo de Aquisição de Cliente (CAC).

4. O Protocolo Church Martech: A Transfusão de Personalidade

A cura para este quadro não está em “hacks” de horários ou em comprar seguidores. A cura exige uma mudança de postura institucional. A Church Martech prescreve o protocolo de Injeção de Personalidade:

  • A Definição do Inimigo: Marcas magnéticas não apenas dizem o que amam; elas dizem o que combatem. Qual é a ineficiência, a injustiça ou o erro de mercado que sua empresa veio resolver? Polarizar contra um problema une as pessoas que sofrem dele.
  • A Humanização Imperfeita: A era da “estética inalcançável” acabou. O conteúdo que mais gera reação hoje é o conteúdo “Lo-Fi” (baixa fidelidade), que mostra bastidores reais, erros aprendidos e vulnerabilidade. Isso gera empatia, o gatilho mais poderoso de engajamento.
  • O Teste do Jantar: Antes de publicar, pergunte-se: “Se eu contasse essa história num jantar com amigos, eles prestariam atenção ou pegariam o celular?”. Se a resposta for a segunda opção, o post não deve ir ao ar.

Conclusão Clínica: Ter likes não paga boletos, mas não ter likes (reação) garante que seus boletos ficarão mais caros. A anemia é o primeiro aviso do corpo de que o sistema está falhando. Ignorá-la é decretar a irrelevância da marca a médio prazo.

Quer receber notícias no seu celular? Então, entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui