Regina é uma pessoa cega que nunca deixou as barreiras atrapalharem o seu dia. Ela adora cozinhar e encontrou na internet um aliado para falar com amigos, encontrar receitas, ampliar seus conhecimentos e resolver problemas. Mas não é sempre que a solução está ao alcance das suas mãos.

A navegação em sites pouco acessíveis ainda é um grande obstáculo para portadores de deficiências físicas. Tarefas simples como fazer compras online ou se matricular em um curso podem se tornar em experiências frustrantes, demoradas e cansativas em meio a uma série de barreiras digitais.
Mesmo com a utilização de softwares de apoio, como NVDA, que lê todos os elementos da tela, a resposta é pouco satisfatória, pois muitos não utilizam técnicas de acessibilidade. A leitura da tela de nada adianta, por exemplo, se os elementos não possuírem uma descrição que ajude uma pessoa cega a navegar.
A falta de acessibilidade na web ainda é um problema global. Segundo pesquisa do site Web Acessibility in Mind (WebAIM), 97% dos principais sites apresentaram barreiras e acabaram por excluir milhões de usuários.
Além de prejudicar indivíduos, a falta de acessibilidade exclui um nicho importante de mercado e limita o alcance de empresas e serviços.
Web: ponte ou obstáculo?
O desenvolvedor web Thyago Rodrigo Weber Lima, com mais de 15 anos de experiência na área, destaca que esses problemas são evitáveis com práticas simples e eficazes de desenvolvimento web.
“A internet, que deveria ser uma ponte para a inclusão, muitas vezes se transforma em um obstáculo. Acessibilidade precisa ser um princípio, não um detalhe. Implementar práticas como texto alternativo em imagens e rótulos claros em botões faz toda a diferença para quem usa leitores de tela, como o NVDA”, afirma Weber.
Thyago conta que um dos seus maiores desafios e que o levou a muita aprendizagem foi o desenvolvimento de um site de ensino à distância para uma universidade. Ele lembra que parte dos usuários eram pessoas com deficiência visual. “A pergunta principal e que estava em nossas mentes era de como uma pessoa pode navegar em um site quando não consegue enxergar”.
Para aplicar as melhorias, Thyago fez o exercício de se colocar como um usuário com deficiência para encontrar os problemas e pensar nas soluções. “Quando comecei a pensar como as pessoas com deficiência visual navegam, passei a agir de forma diferente. Implementar acessibilidade não beneficia apenas um grupo, mas melhora a experiência de todos”, completou.
Como criar um site acessível
Thyago Weber aponta cinco práticas essenciais para melhorar a acessibilidade:
- Texto alternativo para imagens: Descrições claras no atributo alt, como “Pacote de açúcar de confeiteiro de 1kg”, ajudam usuários de leitores de tela a entenderem o conteúdo visual.
- Botões e links bem definidos: A utilização de rótulos descritivos, como “Adicionar ao carrinho”, evita confusões e melhora a experiência de navegação.
- Navegação por teclado: Garantir que todos os elementos interativos sejam acessíveis pela tecla Tab facilita o uso para pessoas com deficiência visual ou motora.
- Estrutura semântica da página: Cabeçalhos organizados (<h1>, <h2>, etc.) ajudam na navegação e no entendimento do conteúdo.
- Contraste adequado: Elementos visuais com contraste suficiente beneficiam pessoas com baixa visão e melhoram a legibilidade para todos.
A IA como aliada no desenvolvimento acessível
A inteligência artificial (IA) tem transformado o desenvolvimento web. Ela é capaz de revisar códigos, identificar problemas de acessibilidade e sugerir melhorias em tempo recorde.
Thyago explica: “A IA é uma ferramenta poderosa para criar soluções rápidas e eficazes. Contudo, ela ainda erra e deve ser usada com senso crítico. Desenvolvedores precisam supervisionar e ajustar suas sugestões para garantir resultados consistentes.”
Além disso, a IA facilita a criação de interfaces acessíveis e códigos mais limpos, permitindo que empresas alcancem públicos antes negligenciados.
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