O agronegócio brasileiro, responsável por mais de 23% do PIB nacional, é um setor estratégico que movimenta cifras bilionárias e sustenta a economia do país. Mas, em um mercado de tamanha relevância, a segurança na concessão de crédito rural se torna um dos maiores desafios. Esse foi o tema do episódio do podcast Empreendedores do Paraná, uma co-produção da Associação Comercial do Paraná (ACP) e do Grupo RIC, que contou com a participação de Gilmar Lara, supervisor comercial de agronegócio da ACP. 

Gilmar Lara, supervisor comercial de agronegócio da ACP
Gilmar Lara foi o entrevistado da semana no podcast Empreendedores ACP (Foto: Reprodução/ACP)

Gilmar é um dos responsáveis por estruturar a área de agronegócio dentro da ACP e liderou o desenvolvimento de ferramentas específicas para análise de crédito rural, capazes de reduzir riscos e oferecer mais segurança tanto para os bancos quanto para os produtores. Ele ainda lembra que uma dos trabalhos da ACP é oferecer informações robustas e confiáveis sobre propriedades e produtores. “Uma boa análise de crédito evita dor de cabeça lá na frente”, destaca. 

O desafio do crédito no agronegócio 

O custeio de safra no Brasil frequentemente passa da casa dos bilhões de reais, e, segundo Gilmar, o grande desafio das instituições financeiras é garantir que as propriedades usadas como garantias estejam regularizadas e sem pendências ambientais ou judiciais. 

Entre os principais riscos apontados por ele estão: 

● produtores com boas notas de crédito, mas em recuperação judicial; ● propriedades com embargos ambientais que inviabilizam a concessão de crédito; 

● oscilações de mercado que afetam diretamente a capacidade de pagamento do produtor; 

● fraudes em pedidos de seguro agrícola, que hoje podem ser identificadas por meio de monitoramento por satélite

Compliance ambiental e ESG no campo

Gilmar ainda destaca que o agronegócio está cada vez mais pressionado por indicadores ESG (ambientais, sociais e de governança), exigidos por compradores internacionais. “Hoje, um frigorífico ou uma cervejaria como a Heineken só aceita fornecedores que comprovem que sua produção não vem de áreas de desmatamento ou de trabalho irregular”, afirmou. Ele lembrou que a maltaria de Ponta Grossa, no Paraná, é uma das fornecedoras da marca e precisa seguir essas exigências. 

Isso significa que, para exportar commodities como soja, milho e carne, os produtores precisam adotar práticas sustentáveis, que comprovem respeito às leis ambientais e trabalhistas. 

ACP e inovação na análise de crédito 

Um dos pontos altos do episódio foi a explicação sobre a solução criada pela ACP, que reúne informações processuais, socioambientais e de monitoramento de safra em uma única consulta. A ferramenta possibilita identificar riscos ocultos e dar mais segurança a quem concede crédito. 

Gilmar lembra que a iniciativa surgiu há cerca de três anos e hoje já é referência para outras entidades no país. “Nós oferecemos um verdadeiro buffet de informações, e o analista escolhe o que precisa para conceder crédito com segurança”, disse. 

Na visão de Gilmar, o futuro da análise de crédito rural passa pela inteligência artificial e pelo uso intensivo de satélites. O avanço tecnológico permitirá um monitoramento cada vez mais rápido e preciso das lavouras, aumentando a previsibilidade e reduzindo riscos. 

Ele também reforçou que a disciplina financeira dos produtores vem crescendo, especialmente no ambiente das cooperativas, que orientam seus associados sobre práticas sustentáveis e gestão de crédito. 

O episódio completo do podcast Empreendedores do Paraná, com Gilmar Lara, está disponível no site da ACP. Você também encontra no canal do YouTube da associação. A entrevista é uma oportunidade para produtores, instituições financeiras e profissionais ligados ao setor entenderem os principais desafios e soluções do crédito no campo.

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