Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro confirmou na noite desta segunda-feira (15) a apoiadores que escolheu o médico cardiologista Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, o Marcelo Queiroga, para ser o novo ministro da Saúde em substituição ao general Eduardo Pazuello.

“Foi decidido agora à tarde a indicação do médico Marcelo Queiroga para o Ministério da Saúde”, disse Bolsonaro.

“A conversa foi excelente, já o conhecia há alguns anos, então não é uma pessoa que tomei conhecimento há poucos dias e tem tudo para fazer um bom trabalho dando prosseguimento em tudo que Pazuello fez até hoje”, reforçou ele, em fala transmitida pelas redes sociais.

Segundo Bolsonaro, Marcelo Queiroga – que é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia – vai trabalhar em programas para “cada vez mais para diminuir o número de pessoas que venham a óbito por essa doença que se abateu no mundo todo”.

“Vale lembrar que o Brasil é o quinto país que mais vacina no mundo em número absolutos. Então, o trabalho do Pazuello foi muito bem feito, a parte de gestão foi bem feita por ele e agora vamos partir para uma parte mais agressiva no combate ao vírus“, completou.

O presidente disse ainda que a nomeação de Queiroga vai estar no Diário Oficial desta terça-feira (16) e a transição vai demorar de uma a duas semanas.

Perfil

Por Pedro Rafael Vilela – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Marcelo Queiroga é natural de João Pessoa (PB) e se formou em medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele fez especialização em cardiologia no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro. Sua área de atuação é em hemodinâmica e cardiologia intervencionista e atualmente Queiroga é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Com a indicação, Queiroga será o quarto ministro da Saúde desde o começo da pandemia de Covid, há exatamente um ano. Passaram pela pasta, neste período, os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, seguido depois pelo general Eduardo Pazuello, do Exército.

O principal desafio do novo ministro será acelerar o processo de vacinação em massa da população. Até agora, o país vacinou cerca de 4,59% da população com a primeira dose de imunizantes, percentual que corresponde a 9,7 milhões de pessoas. O Brasil acumula, até o momento, mais de 279 mil mortes por covid-19.

Outra médica cardiologista foi convidada antes

Por Redação Ric Mais, com agências

Antes de Queiroga aceitar o cargo, Bolsonaro convidou a médica cardiologista Ludhmila Hajjar, que recusou o convite para assumir a pasta. Ela justificou que sua forma de entender o enfrentamento à pandemia é diferente da maneira de pensar do presidente Jair Bolsonaro. Inclusive ela já tinha criticado em suas redes sociais a demora na compra de vacinas.

A médica é defensora ferrenha do distanciamento social, uso de máscara e suspensões de atividades econômicas (lockdown regionais) para frear a disseminação do novo coronavírus. Esta última medida, a de lockdown, é rechaçada pelo presidente, que já deu declarações públicas sobre isto. A médica também é contra o uso deivermectina e cloroquina como tratamento à COVID-19, como defende o presidente.

Desde que o nome de Ludhmila passou a ser ventilado publicamente para assumir o lugar de pazuello, ela e seus familiares começaram a receber ameaças de morte e xingamentos, por conta do posicionamento dela frente à pandemia. A médica teve o telefone celular divulgado em redes sociais e também uma tentativa de invasão ao hotel onde ela está hospedada em Brasília. Diante de todo este cenário, a médica optou por recusar o convite para assumir o Ministério da Saúde.