As exportações de frango e tilápia, duas das principais proteínas produzidas pela cooperativa C.Vale, no Oeste do Paraná, enfrentaram obstáculos nos últimos meses devido a bloqueios sanitários e barreiras comerciais impostas a produtos brasileiros. Mas, em vez de frear a expansão, a cooperativa optou por fortalecer sua estrutura produtiva, ampliar certificações internacionais e dialogar diretamente com governos e parceiros comerciais.

visita ministério da agricultura na c.vale
Representantes da C.Vale reforçaram ao ministro Fávaro pedido para abertura de mercados (Foto: Divulgação/ C.Vale)

No último dia 18 de setembro, o presidente da C.Vale, Alfredo Lang, liderou uma comitiva em Brasília para reuniões no Ministério da Agricultura e encontros com representantes da Alemanha e da Índia.

Com o ministro Carlos Fávaro, a pauta foi a ampliação das exportações de proteínas, com atenção especial à carne de frango para a China, suspensa temporariamente por conta da gripe aviária no Rio Grande do Sul, e à possível reabertura do mercado europeu para a tilápia, interrompida desde 2017.

“Estamos mostrando que o Brasil e a C.Vale têm condições de oferecer alimentos seguros, rastreáveis e em conformidade com os mais exigentes padrões globais. As exportações são vitais não apenas para a cooperativa, mas para milhares de famílias integradas que dependem dessa cadeia produtiva”, afirmou Alfredo Lang.

A delegação também foi recebida pela embaixadora da Alemanha no Brasil, Bettina Cadenbach, e pelo embaixador da Índia, Dinesh Bhatia, em reuniões que apresentaram números da produção de frango e tilápia, as certificações internacionais e reforçaram a disposição da C.Vale em ser fornecedora confiável de proteínas.

O ministro Fávaro reiterou que a meta do governo é ampliar de 347 para 500 os mercados internacionais abertos a produtos agropecuários brasileiros.

Obstáculos recentes nas exportações de tilápia e frango

As barreiras que impactaram o setor de proteínas foram diversas. Em 2017, a União Europeia suspendeu a compra de pescados brasileiros por falhas na fiscalização das embarcações brasileiras que exportam o produto. No primeiro semestre deste ano, os Estados Unidos – que recebiam 97% da tilápia paranaense – anunciaram o “tarifaço” de 50% aos produtos brasileiros, afetando diretamente a exportação do Paraná, que movimenta US$ 35 milhões anuais em tilápia.

No caso do frango, em maio de 2025 a China suspendeu temporariamente as importações após um caso isolado de gripe aviária no Rio Grande do Sul. Outros países, como União Europeia e Argentina, também adotaram suspensões preventivas. O Brasil, no entanto, foi rapidamente declarado livre da doença pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). E a União Europeia, sétima maior importadora de frango do Brasil, já reabriu gradualmente seu mercado ao Brasil.

E a China também enviou, nesta última semana, equipes para uma auditoria sanitária no Brasil sobre a gripe aviária, com o objetivo de retomar a importação de carne de frango brasileira. A China é o país que mais exporta frango do Brasil (562 toneladas/ano), seguido dos Emirados Árabes (455 toneladas/ano) e Japão (443 toneladas / ano). Antes do bloqueio sanitário, o Brasil exportava frango para 151 países.

Apesar das turbulências, os dados mostram a importância do setor: o Paraná responde por 64% das exportações brasileiras de tilápia e é o maior exportador de carne de frango do mundo, com 2,1 bilhões de aves abatidas por ano.

Potência produtiva e certificações internacionais

No pescado, a C.Vale opera o maior abatedouro de tilápias do Brasil, inaugurado em 2017, que hoje abate 190 mil peixes por dia, com previsão de atingir 240 mil até o fim de 2025. Em 2024, foram 47 milhões de quilos de peixe processados, produzindo filés, postas, petiscos e peixe inteiro, abastecendo o mercado interno e externo.

No setor avícola, a C.Vale mantém um dos maiores e mais modernos abatedouros de aves do país, que em 2025 conquistou a nota AA+ na certificação BRC Global Standards. Essa certificação – feita em visita surpresa dos auditores da BRC à cooperativa – comprova que os frangos da C.Vale passam por processos de higiene e segurança alimentar equivalentes aos melhores padrões globais.

A tilápia também conta com certificações internacionais de peso, como o BAP (Best Aquaculture Practices), o SMETA (comércio ético e sustentável) e o Halal (respeito aos critérios religiosos exigidos pelos consumidores muçulmanos), que permitem o acesso a mercados exigentes como Estados Unidos, Europa, Oriente Médio e Ásia.

“Essas certificações demonstram que nossas proteínas são seguras e podem ser consumidas com total confiança em qualquer parte do mundo. Estamos prontos para retomar e ampliar as exportações”, destacou Neivaldo Burin, gerente do abatedouro de aves da C.Vale.