Existe uma cena comum e deprimente no LinkedIn e no Instagram corporativo: perfis com milhares de seguidores, design impecável, postagens frequentes e… silêncio. Seções de comentários vazias, ou povoadas apenas por emojis protocolares da própria equipe de marketing.

Na terminologia clínica da Church Martech, este é o “Sintoma Neurológico: Comentários em Coma”. Diferente dos likes (que são cliques rápidos), o comentário exige processamento cognitivo, tempo de digitação e exposição social. Quando ele não acontece, significa que as sinapses entre a marca e o mercado foram cortadas. A marca está falando sozinha em uma sala cheia.
1. A Raiz do Problema: O Monólogo Egocêntrico
Por que as pessoas comentam? Estudos de psicologia comportamental indicam que comentamos para:
- Validar nossa própria opinião.
- Pertencer a uma tribo.
- Corrigir alguém (o impulso de “você está errado”).
- Ser notado pelo autor ou pela comunidade.
O diagnóstico da Church Martech revela que a maioria das marcas em “coma” falha em oferecer qualquer uma dessas oportunidades. Elas operam no modo Broadcasting (Transmissão), herdado da TV e do Rádio. Seus posts são declarações fechadas: “Ganhamos o prêmio Top of Mind”, “Confira nosso novo produto”, “Feliz Natal”.
Essas frases são pontos finais. Elas não deixam ganchos, não abrem brechas, não fazem perguntas provocativas. O público não comenta porque não há nada a ser dito. A marca não convidou para a dança; ela apenas subiu no palco, fez seu número e saiu.respeita o brandbook, mas, biologicamente, ele é inerte. Ele é “morno”.
2. O Impacto Algorítmico do Debate (Time on Post)
Do ponto de vista técnico, os “Comentários em Coma” são devastadores para o alcance. Os algoritmos modernos priorizam uma métrica chamada “Tempo de Sessão”. Quando um post gera debate, polêmica ou conversas ricas nos comentários, os usuários gastam tempo lendo as opiniões alheias. Eles expandem a aba de comentários, respondem a estranhos, voltam para ver a réplica.
Para o algoritmo, isso é ouro. Ele entende: “As pessoas estão presas neste post. Vou mostrá-lo para mais gente”. Um post sem comentários é consumido em 2 segundos e esquecido. Um post com debate retém o usuário por minutos. Sem comentários, você está lutando contra o algoritmo com uma mão amarrada nas costas.
3. O Medo do Feedback e a Esterilização
Muitas empresas temem os comentários. Têm medo da crítica, do “hater”, do cliente insatisfeito. Por isso, criam conteúdos tão neutros e inofensivos que blindam qualquer possibilidade de feedback negativo. O problema é que, ao blindar o negativo, elas também blindam o positivo. A indiferença é o preço da segurança excessiva.
Marcas saudáveis, segundo a análise da Church Martech, entendem que o comentário (mesmo o divergente) é um sinal de vida. Uma comunidade que discute é uma comunidade viva. Uma comunidade silenciosa é, na melhor das hipóteses, uma audiência passiva; na pior, um banco de dados inativo.
4. O Tratamento: A Arte da Provocação Socrática (Método Church)
Como tirar uma conta do coma? O tratamento exige transformar o perfil de um “Palco de Avisos” para uma “Mesa de Bar” ou um “Fórum de Debates”.
- A Pergunta de Ouro: Pare de afirmar e comece a perguntar. Mas não perguntas triviais (“Gostaram?”). Faça perguntas que toquem na ferida do seu nicho. “Qual a maior mentira que contaram para você sobre [seu setor]?”. Isso abre as comportas do desabafo.
- O “Advogado do Diabo”: Poste opiniões contra-intuitivas. Se todo o mercado diz A, explique por que, em alguns casos, a resposta é B. O atrito intelectual gera debate qualificado.
- Gestão de Comunidade Ativa: O Community Manager não é um atendente de SAC. Ele deve ser um anfitrião. Quando alguém comentar, a resposta não deve ser “Obrigado!”. Deve ser uma tréplica: “Obrigado, Fulano! Mas você acha que isso se aplica também ao cenário X?”. Isso mantém a bola em jogo.
Conclusão Clínica: O silêncio do seu cliente não é consentimento; é distanciamento. Reativar a seção de comentários é reativar a inteligência coletiva da sua marca e transformar seguidores em membros ativos de uma comunidade.
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