ESTOCOLMO (Reuters) – O britânico Roger Penrose, o alemão Reinhard Genzel e a norte-americana Andrea Ghez receberam o Prêmio Nobel de Física de 2020 nesta terça-feira devido às suas descobertas sobre um dos fenômenos mais exóticos do universo, o buraco negro.

Penrose, professor da Universidade de Oxford, recebeu metade do prêmio de 10 milhões de coroas suecas (1,1 milhão de dólares) por seu trabalho, no qual usou a matemática para provar que os buracos negros são uma consequência direta da Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein.

Genzel, do Instituto Max Planck e da Universidade da Califórnia em Berkeley, e Ghez, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, dividiram a outra metade por descobrirem que um objeto invisível e extremamente pesado governa as órbitas de estrelas no centro de nossa galáxia.

Ghez –apenas a quarta mulher a receber o Nobel de Física, vinda depois de Marie Curie em 1903, Maria Goeppert-Mayer em 1963 e Donna Strickland in 2018– disse esperar que a honraria inspire outras.

Indagada sobre a descoberta de um objeto maciço, mas invisível, no coração da Via Láctea, ela disse que “a primeira coisa é a dúvida”.

“Você tem que provar a si mesma que o que está vendo é realmente o que pensa que está vendo. Então, tanto dúvida quanto empolgação”, disse a astrônoma de 55 anos em uma conversa telefônica com o comitê após receber o prêmio.

“É aquele sentimento de estar na fronteira da pesquisa, quando você tem que questionar sempre o que está vendo.”

Genzel, de 68 anos, disse à Reuters Television pouco depois de saber que dividiu o prêmio que estava em uma videochamada do aplicativo Zoom com colegas quando o telefone tocou.

“Como nos filmes, uma voz disse: ‘Aqui é Estocolmo'”, disse, admitindo que ficou boquiaberto com a notícia: “Chorei um pouco.”

Desde o século 18, cientistas se perguntavam se existe algum objeto no universo que exerce uma atração gravitacional tão forte que mesmo a luz pode não conseguir escapar.

Einstein previu em 1915, em sua Teoria Geral da Relatividade, que espaço e tempo podem ser distorcidos pela força da gravidade –mas na verdade não acreditava em buracos negros. Encontrar uma maneira de provar sua existência intrigou os cientistas durante outros 50 anos.

Foi só com a publicação de um estudo seminal de 1965 que Penrose, hoje com 89 anos, provou que buracos negros realmente podem se formar, descrevendo-os em detalhe e afirmando que, em seu centro, há uma singularidade onde tempo e espaço deixam de existir.

(Reportagem adicional de Johannes Hellstrom, Supantha Mukherjee, Simon Johnson, Colm Fulton e Anna Ringstrom)

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