Durante décadas, o acesso ao design de qualidade foi restrito a empresas que podiam pagar licenças caras de softwares da Adobe e contratar profissionais especializados. A ascensão meteórica do Canva — plataforma de design gráfico baseada na web — democratizou essa capacidade, permitindo que qualquer pequeno empresário criasse peças visuais em minutos. Contudo, essa facilidade trouxe um debate acalorado para o centro da indústria criativa: estamos vivendo uma era de ouro da comunicação visual ou uma padronização perigosa da estética das marcas? 

imagem ilustrativa sobre o canva para não-designers
(Foto: Divulgação)

A democratização necessária 

É inegável que a ferramenta elevou o nível básico da comunicação visual no Brasil. Antes do Canva, a padaria do bairro ou o escritório de contabilidade local usavam o Word ou o Paint para fazer avisos, resultando em poluição visual e amadorismo. Hoje, essas mesmas empresas conseguem entregar uma comunicação digna, limpa e legível. 

Para o ecossistema de negócios, isso foi um salto de qualidade. A barreira de entrada para se ter uma “cara de empresa séria” caiu drasticamente. O Canva preencheu a lacuna entre o “não ter design nenhum” e o “contratar uma agência de branding”, servindo como a ferramenta essencial para o dia a dia operacional. 

A armadilha da padronização (O “Efeito Template”) 

O contra-ataque dos especialistas em branding reside na questão da identidade. Com milhões de usuários utilizando os mesmos templates pré-prontos, começou a ocorrer um fenômeno de homogeneização visual. Marcas de segmentos opostos — uma clínica de estética e uma loja de doces — muitas vezes acabam utilizando a mesma tipografia e a mesma disposição de elementos, mudando apenas a cor. 

Do ponto de vista estratégico, isso é um risco. O objetivo do branding é a diferenciação. Quando uma empresa se apoia exclusivamente em templates genéricos, ela se torna invisível na multidão, perdendo a oportunidade de construir ativos visuais proprietários que geram lembrança de marca a longo prazo. 

A convivência pacífica: O modelo híbrido 

O mercado maduro de 2025 já entendeu que não se trata de “Canva versus Designer”, mas de alocação inteligente de recursos. 

  • O Designer Profissional: Continua indispensável para criar a identidade (logo, manual da marca, conceito criativo e campanhas complexas). 
  • A Equipe de Marketing (com Canva): Utiliza a ferramenta para desdobrar essa identidade no dia a dia (posts rápidos, avisos, stories), ganhando agilidade sem ferir as diretrizes visuais criadas pelo profissional. 

Grandes corporações já adotaram o Canva for Teams, onde os designers sobem os ativos bloqueados da marca (fontes e cores obrigatórias) e permitem que a equipe de vendas ou RH crie seus próprios materiais com autonomia, mas dentro da regra. O design, portanto, deixou de ser um gargalo para se tornar um processo fluido. 

Fonte e Curadoria de Conteúdo: www.agenciachurch.com