Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O Banco Central deve divulgar na próxima quarta-feira um comunicado de política monetária mais “hawkish” –ou seja, mais duro com a inflação–, e isso deve ajudar a trazer alívio adicional à taxa de câmbio, depois de nesta semana o dólar ter flertado com 5,90 reais, disse João Leal, economista da Rio Bravo.

Para Leal, um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic –atualmente na mínima histórica de 2%– está embutido no dólar, que nesta quinta-feira operava em torno de 5,54 reais, queda de 2% no dia.

“Mas um comunicado mais ‘hawkish’ não parece estar nos preços. E o BC deve mostrar um balanço de riscos pendendo para mais altas (do juro) nas próximas reuniões. Isso deve fazer o câmbio apreciar um pouco”, afirmou.

O economista destacou a expressão “um pouco” porque, segundo ele, o risco fiscal ainda deve manter o dólar bem acima de 5 reais. A Rio Bravo projeta a moeda em 5,20 reais no fim do ano, com viés de alta. Já a Selic deverá fechar 2021 em 4,5%, também com inclinação para cima.

“Ainda permanecem no radar os episódios recentes de grande interferência do Executivo na tentativa de desidratar a PEC Emergencial. Adicione a isso interferência na Petrobras, falas sobre o setor de energia e a redução das expectativas relacionadas às reformas administrativa e tributária. Somos céticos em relação a ambas”, disse Leal.

“O câmbio vai apreciar até o fim do ano, mas muito por causa da melhora no diferencial de juros. O prêmio de risco fiscal seguirá no radar.”

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