A piscicultura paranaense é referência nacional e internacional, destacando-se como líder na produção de tilápias no Brasil. Conforme dados da Embrapa e da Secretaria Estadual de Agricultura, em 2023, o estado produziu 200 mil toneladas de peixes, sendo 125 mil toneladas só de tilápia, espécie muito apreciada dentro e fora do Brasil.

O Paraná foi responsável por 81% do total de tilápias vendidas para o exterior. E as exportações da piscicultura brasileira cresceram 48% no primeiro trimestre de 2024, comparado ao mesmo período do ano passado, atingindo 8,7 milhões de dólares.
Ao todo, 89% de toda a exportação de tilápia do Paraná vai para os Estados Unidos, que comprou 7,7 milhões de dólares da espécie no primeiro trimestre de 2024. Mas os peixes paranaenses também estão indo para as mesas de chineses, japoneses, colombianos e canadenses.
É nesse cenário de excelência e de mercado em expansão que a produtora rural Márcia Cristina Ecco, da Fazenda Americana, em Terra Roxa, brilhou como vencedora da categoria “Piscicultura” no Prêmio Orgulho da Terra 2024.
Sustentabilidade e liderança feminina
Márcia, que além de produtora rural também é esteticista, lidera uma propriedade familiar que alia inovação, eficiência e sustentabilidade. A piscicultura na fazenda da produtora conta com 26.444 m² de lâmina d’água, distribuídas em três unidades de produção, alojando cerca de 167 mil peixes por ano. A produção atual é de 152 toneladas de tilápias por ano, com planejamento para dobrar esse número nos próximos anos.
Com o suporte técnico da cooperativa C.Vale, a propriedade integra um sistema de produção de peixes moderno. Automação dos aeradores, alimentadores e sondas para monitoramento de parâmetros da água garantem a alta produtividade. Márcia acompanha todos esses parâmetros pelo celular. Além disso, a fazenda utiliza 160 placas solares, gerando cerca de 9.600 kW/mês, reduzindo custos e tornando o empreendimento autossuficiente em energia.
Leia mais:
- Paraná é líder da avicultura brasileira com 35% da produção nacional
- Pecuarista paranaense supera em quase 70% a média estadual de produtividade
- Produtora rural viaja cinco países para trazer ao Paraná a expertise na produção de queijos
Márcia, que lidera a produção desde 2022, também valoriza a sucessão familiar. Seu filho de apenas 5 anos já acompanha a rotina da piscicultura, aprendendo desde cedo a importância da produção sustentável. E ela diz que receber o reconhecimento, em apenas dois anos de atividade, é gratificante, pois foi resultado de muita dedicação, aprendizado e principalmente acompanhamento diário de tudo que acontece nos tanques de peixes.
Já o técnico William Gonçalves, da C.Vale, que acompanha esse dia a dia da produtora, reforça que o prêmio é fruto da dedicação de Márcia, que além de seguir todas as orientações técnicas que a C.Vale dá à produtora, elogia Márcia pela excelente organização e administração da propriedade.
Expansão e participação na comunidade
A fazenda planeja ampliar sua área de lâmina d’água para aumentar a produção, mostrando a visão empreendedora de Márcia. Ela também participa ativamente da comunidade “Mulheres na Aquicultura”, compartilhando experiências e incentivando outras mulheres a ingressarem no setor, valorizando a importância feminina na produção aquícola.
“A piscicultura paranaense é sinônimo de inovação, e histórias como a de Marcia Ecco provam que é possível aliar eficiência produtiva, sustentabilidade e protagonismo feminino no agro”, destacou Milena Sanchez, da C.Vale, que esteve na noite da premiação em Curitiba, no dia 12 de novembro, representando Márcia e a família.
Alpha Fish e o sucesso na piscicultura
Fundada em 2022, a Alpha Fish – apoiadora da categoria Piscicultura do Prêmio Orgulho da Terra 2024 – rapidamente se consolidou como uma das principais empresas de piscicultura no Paraná, produzindo anualmente 6 milhões de juvenis e cerca de 4 mil toneladas de tilápias. Segundo Gilson Antonio Tedesco, sócio e fundador, o objetivo é ambicioso: alcançar 40 mil toneladas anuais, além de já estarem estudando o cultivo de outras espécies de peixes.
“Nossa produção é totalmente baseada em práticas sustentáveis, como o sistema de bioflocos, que reduz o consumo de água e garante peixes mais saudáveis, sem o uso de antibióticos”, explica Tedesco. Após a fase inicial nos bioflocos, os peixes são transferidos para tanques-rede no Lago de Salto Osório, onde crescem em águas limpas e correntes do Rio Iguaçu, assegurando filés de altíssima qualidade.
Para Tedesco, apoiar o Prêmio Orgulho da Terra foi uma maneira de valorizar o agronegócio paranaense e inspirar novos produtores. “O Paraná está à frente na piscicultura, mas ainda há espaço para crescer. Premiações como essa destacam a inovação e a sustentabilidade dos produtores, gerando inspiração e atraindo investidores”, afirma.
Natural de Pinheiro Preto (SC), Gilson começou a trabalhar aos 9 anos como engraxate, entregador de pão e até lavou banheiros. Aos 11 anos, saiu de casa, também para trabalhar. Com sangue empreendedor, hoje, aos 60, é referência no setor, liderando também empresas de tecnologia e construção civil. Juntas, são empresas que empregam mais de mil funcionários. Uma história de vida que foi destacada e elogiada pelo presidente do Grupo RIC, Leonardo Petrelli, durante a premiação do Orgulho da Terra.
Prêmio Orgulho da Terra
A premiação é uma iniciativa do Grupo Ric em parceria com o IDR-Paraná e o Sistema Ocepar. Contando com a apresentação da Coamo, patrocínio do Banco do Brasil, C.Vale, Embio, e apoio de Alpha Fish, Globoaves e Hotel Petras, o prêmio reconhece 19 categorias de destaque no agro paranaense.
Ao premiar histórias como a de Marcia Cristina Ecco, o evento reforça o compromisso com a valorização do trabalho rural, incentivando práticas inovadoras e sustentáveis que fazem a diferença para a economia e o meio ambiente.