Curitiba - Você já parou para pensar de onde vêm as tradições de Natal que fazem parte da vida em Curitiba? Por que montamos árvore de Natal e presépio? Por que tantas famílias fazem questão da Missa do Galo? Por que a ceia é farta, cheia de significados, e os corais emocionam multidões todos os anos?

A resposta não está em uma única origem, mas na multiculturalidade que moldou a capital paranaense. Curitiba foi construída por povos de diferentes partes do mundo. E cada um trouxe consigo a sua forma de viver, celebrar e entender o Natal. O resultado é uma celebração única, que mistura fé, música, luz, comida e convivência familiar ou coletiva.
Esse legado segue vivo tanto nas casas das famílias quanto nas grandes atrações que hoje fazem de Curitiba um dos maiores destinos natalinos do Brasil.
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A fé e tradição portuguesa
Os portugueses, responsáveis pela fundação da cidade, deixaram a base sobre a qual o Natal curitibano se construiu: o Natal cristão. Vieram deles tradições que atravessaram séculos: a Missa do Galo, celebrada na noite de 24 de dezembro; o presépio, como representação central do nascimento de Jesus; e a compreensão do Natal como uma data de espiritualidade e reflexão.
Até hoje, igrejas de Curitiba lotam na véspera de Natal, e presépios seguem presentes em casas, paróquias e espaços públicos.
Poloneses e ucranianos: Natal familiar e silencioso
Com a chegada de poloneses e ucranianos, principalmente a partir do fim do século XIX, o Natal ganhou um caráter ainda mais ritualístico e familiar. Esses povos trouxeram: ceias realizadas na noite do dia 24, geralmente sem carne; um clima de respeito, silêncio e introspecção; forte presença de cânticos religiosos; e a ideia do Natal como momento de reconciliação e união.
Em comunidades polonesas e ucranianas de Curitiba, essas tradições ainda são mantidas, especialmente nas igrejas e festas culturais. A valorização do coral e da música natalina, tão presente hoje nos espetáculos da cidade, também tem raízes nesse costume.
Italianos: o Natal como encontro, comida e afeto
Os italianos ajudaram a transformar o Natal em um grande evento social e afetivo. Eles trouxeram: a mesa farta como centro da celebração; a importância do encontro familiar que se estende do dia 24 ao 25; o presépio artesanal como tradição doméstica; e a comida como forma de expressão de amor e pertencimento.
Esse espírito está presente até hoje no Natal curitibano, marcado por reuniões longas, receitas transmitidas entre gerações e a ideia de que celebrar é, acima de tudo, estar junto.
Alemães: a árvore de Natal, a música e a luz
Muito do Natal moderno vem da cultura alemã. E Curitiba incorporou isso de forma definitiva. Foram os alemães que popularizaram: a árvore de Natal como símbolo central da festa; a tradição dos corais natalinos; o uso da iluminação decorativa como elemento principal da celebração; e a contagem do Advento até o Natal. Cada vez mais os calendários do advento, feito com chocolates, mini presentes ou perfumes, por exemplo, tem se tornado populares no Brasil.
Hoje, é difícil imaginar Curitiba em dezembro sem árvores iluminadas, espetáculos musicais e cenários pensados para encantar, um reflexo direto dessa herança cultural.
Japoneses: o Natal como experiência visual e urbana
Embora o Natal não seja religioso no Japão, os japoneses influenciaram Curitiba de forma sutil, mas perceptível. A cultura japonesa valoriza: a estética; a iluminação; e o passeio contemplativo pela cidade.
Essa visão ajudou a reforçar o Natal como experiência urbana, algo para ser visto, vivido e fotografado, uma característica marcante das atrações natalinas atuais de Curitiba.
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Sírios e libaneses: acolhimento e convivência
Entre cristãos sírios e libaneses, o Natal também é celebrado, sempre com forte ênfase na hospitalidade e na reunião familiar. A contribuição aparece principalmente na gastronomia; no espírito de acolhimento; e na convivência comunitária. Enquanto algumas etnias preferem a reunião familiar, sírios e libaneses preferem o coletivo.
Esse senso de coletividade dialoga diretamente com a proposta do Natal curitibano como evento público e acessível.
A presença judaica e a Festa das Luzes
Curitiba também abriga uma expressiva comunidade judaica, que mantém viva a celebração do Chanucá, a Festa das Luzes.
Todos os anos, no período entre novembro e dezembro, a cidade participa simbolicamente dessa tradição, quando um candelabro especial é aceso em espaço público. O Chanucá relembra a resistência, a fé e a vitória da luz sobre a escuridão, em uma celebração que dura oito dias. Por isto, o candelabro tem oito velas.
O ritual, realizado tradicionalmente na Praça 29 de Março, no bairro Mercês, reforça o caráter plural das celebrações de fim de ano em Curitiba e mostra que o espírito de luz e esperança não pertence a uma única cultura.
Um Natal que é reflexo da cidade
O Natal que Curitiba celebra hoje com árvores gigantes, corais emocionantes, luzes espalhadas pela cidade e milhões de visitantes não surgiu do nada. Ele é fruto de séculos de convivência entre culturas, que moldaram costumes, símbolos e formas de celebrar.
Ao transformar essas tradições em um grande evento urbano, Curitiba fez mais do que criar atrações turísticas: deu escala pública a um patrimônio cultural coletivo. E talvez seja exatamente por isso que o Natal na cidade emociona tanto. Porque, em cada luz acesa, em cada música cantada e em cada mesa compartilhada, há um pouco da história de quem ajudou a construir Curitiba.
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