Curitiba - A atração mais esperada do São João de Curitiba foi a apresentação da Quadrilha Luar do Sertão, a mais premiada do Brasil. Uma realidade que os curitibanos nunca tinham visto e que encantou pela magia, arte, brilho e simpatia dos dançarinos, que vieram de Maceió (AL). A apresentação deixou os curitibanos maravilhados, completamente hipnotizados com a apresentação de São João tão típica do Nordeste brasileiro.

quadrilha luar do sertão em apresentação no são joão de curitiba
Foi a primeira vez que a Quadrilha Luar do Sertão se apresentou no Sul do Brasil e o palco escolhido foi o São João de Curitiba. (Foto: Allyson Berger)

O engenheiro italiano Stefano Melucci estava visitando Curitiba com a esposa e achou a performance da quadrilha muito bonita. “Tem um momento engraçado, que eles encenaram. É muito colorido, é movimentado, lindo. Trouxe uma imersão bem grande na cultura brasileira. Deu até para se misturar com a quadrilha depois e dançar junto”, disse o turista estrangeiro.

A cirurgiã dentista curitibana Terezinha Ferreira, 84 anos, já tinha feito várias viagens a Maceió e já conhecia a quadrilha Luar do Sertão. Mas a emoção de ver o grupo que tanto aprecia em sua cidade foi enorme. “Fiquei muito feliz de revê-los aqui. Fiquei até emocionada, maravilhada, porque são lindos”, comemorou.

A opinião é compartilhada pela nutricionista curitibana Josiane Rosa, 44 anos, que lembrou das festas de infância e realçou a riqueza da cultura brasileira.

“Eu achei isso aqui lindo de viver. O Brasil é muito rico culturalmente. E isso precisa ser distribuído por todo o espaço territorial”, disse ela após a apresentação, elogiando também a organização do São João de Curitiba. “Está muito bonita a festa. Isso tem que continuar, pra gente poder viver isso todos os anos”.

O RIC.com.br conversou com a quadrilha Luar do Sertão, mais precisamente o diretor, Emanuel Lima e os dançarinos Rubens Lins e Janaína Ferreira. Apesar do frio, eles contam que a receptividade dos curitibanos foi muito calorosa. Mesmo com centenas de prêmios, títulos e troféus que já receberam em seus 42 anos de história, o convite para vir a Curitiba foi um dos reconhecimentos mais especiais, pois foi a primeira vez que se apresentaram no Sul do Brasil. O único local que já se apresentaram fora do Nordeste foi o Tocantins.

Confira a entrevista com a quadrilha Luar do Sertão

Como surgiu a quadrilha Luar do Sertão?
Emanuel: A Luar do Sertão nasceu há 40 anos, num arraial de rua do bairro Prado, em Maceió (AL), que também se chamava Luar do Sertão. Era uma festa organizada pelo pai do atual presidente da quadrilha. Começamos como uma quadrilha de rua e, depois de um tempo, passamos a competir. Ano que vem completamos 40 anos de competições. Hoje, estamos na 42ª edição do Arraiá Luar do Sertão.

Existem competições de quadrilha? Isso é surpreendente para quem está no Sul!
Emanuel: Sim! Existem competições municipais, estaduais, regionais e nacionais. E a Luar do Sertão já ganhou em todas as esferas. Se você buscar na internet “a maior quadrilha do mundo”, a gente aparece logo de cara. Não é só a maior do Brasil, é do mundo!

Quais são os prêmios mais marcantes para vocês?
Emanuel: Temos três títulos do Globo Nordeste, que é uma competição super acirrada, e também somos campeões brasileiros. Fora os títulos alagoanos, que são 16, se não me engano. Porém, mais do que troféus, a gente carrega muita história. Eu estou há quatro anos, mas é uma tradição junina que atravessa gerações. Nossos pais, nossos avós, todos já conhecem e respeitam.

Cada competição tem um figurino e uma coreografia diferentes?
Janaína: Exato! A cada ano escolhemos um tema diferente e desenvolvemos todo o figurino e a coreografia a partir dele. Os destaques – como noivo, noiva, rei e rainha – têm mais de um figurino. Já os demais dançarinos usam uma única roupa a cada temporada.

As roupas são muito trabalhadas, cheias de cores, pedrarias e acessórios. Quem confecciona?
Janaína: Eu mesma costuro e bordo a minha. E tem outras pessoas dentro da quadrilha que também fazem isso. Cada um é responsável por cuidar da sua roupa com carinho e dedicação.

É a primeira vez que vocês se apresentam no Sul do Brasil. Como está sendo essa experiência em Curitiba?
Rubens: É a primeira vez que a Luar do Sertão vem ao Sul. Já passamos por muitas partes do Brasil, mas nunca tínhamos vindo tão para baixo no mapa. O impacto inicial foi o frio (risos). A gente vem do calorão do Nordeste, então é bem diferente! Mas assim, a gente até que está gostando do frio. Por nós a gente ficava mais um tempo. Fomos muito bem recebidos pelo público e pelos organizadores. Todos comentam que nunca viram algo assim aqui, então está sendo muito especial. Para nós, é mais um marco na nossa história. Fora do Nordeste, só tínhamos ido a Tocantins.

Vocês têm agenda cheia nos meses de festas juninas. Como é a rotina de vocês de maio a julho?
Emanuel: Maio é a reta final dos ensaios técnicos. Junho é o mês das apresentações, todos os finais de semana. Tanto que viemos só em 30 pessoas para Curitiba. O restante da equipe (quase 300 dançarinos) estão lá nas competições. Em julho, encerramos a temporada. Em agosto descansamos e em setembro já começamos toda a preparação para o ano seguinte: tema novo, figurino novo, coreografias novas. É um ciclo contínuo. Ensaiamos todos os domingos o ano inteiro. É como uma escola de samba no Carnaval: todo ano começamos tudo do zero. As quadrilhas juninas se equiparam com as escolas de samba. Mas no Nordeste pouco se tem escola de samba. O forte é a quadrilha junina.

Como é definido o tema do ano?
Rubens: Cada ano traz um novo tema. Este ano, por exemplo, trabalhamos uma releitura da novela “Saramandaia”, de Dias Gomes. Então toda a coreografia, figurino, enredo… tudo gira em torno disso. No ano que vem, será um novo universo.

Lá no Nordeste, o povo dança mais do que aqui no Sul?
Janaína: Ah, dança sim! No Nordeste, a criança já nasce vestida de chita (risos), que é o tecido mais usado nas roupas juninas. A cultura junina faz parte da identidade desde cedo.

Já receberam convite para voltar no ano que vem?
Emanuel: Sim! Já houve conversas, algumas sinalizações. Ainda nada definido, mas estamos esperançosos. Se Deus quiser, voltamos!

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