Por Anna Mehler Paperny

TORONTO (Reuters) – Os restos mortais de 215 crianças, algumas com apenas 3 anos de idade, foram encontrados no local de um antigo internato para crianças indígenas, uma descoberta que o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, descreveu nesta sexta-feira como desoladora.

As crianças eram estudantes da Kamloops Indian Residential School, na Colúmbia Britânica, que fechou em 1978, de acordo com o grupo Tk’emlúps te Secwépemc, que disse que os restos mortais foram encontrados com a ajuda de um especialista em radar de penetração no solo.

“Neste momento, temos mais perguntas do que respostas”, disse a chefe do Tk’emlúps te Secwépemc, Rosanne Casimir, em um comunicado.

O sistema de internatos do Canadá, que separava à força as crianças indígenas de suas famílias, constituiu um “genocídio cultural”, segundo uma investigação de seis anos sobre o agora extinto sistema descoberto em 2015.

O relatório documentou abusos físicos horríveis, estupros, desnutrição e outras atrocidades sofridas por muitas das 150.000 crianças que frequentavam as escolas, normalmente administradas por igrejas cristãs em nome de Ottawa entre os anos de 1840 e 1990.

O documento apontou que mais de 4.100 crianças morreram enquanto frequentavam escola residencial. Acredita-se que as mortes das 215 crianças enterradas no terreno do que já foi a maior escola residencial do Canadá não foram incluídas nessa cifra.

Trudeau escreveu em um tuíte que a notícia “parte meu coração — é uma dolorosa lembrança daquele capítulo sombrio e vergonhoso da história de nosso país”.

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