Curitiba - O roubo de cabos de telecomunicações se tornou um problema recorrente no Paraná, afetando tanto empresas quanto a população. O crime, que interrompe serviços essenciais como internet e telefonia, vem causando prejuízos milionários à indústria e mobilizando ações conjuntas entre forças de segurança e entidades do setor.

técnico fazendo manutenção de cabos com um por do sol ao fundo
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná tem defendido mudanças na legislação para combater esse crime (Foto: Divulgação)

Em 2023, operações coordenadas no estado resultaram na apreensão de dezenas de toneladas de fios de cobre e na prisão de suspeitos envolvidos na prática. Segundo Helio Bampi, diretor da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e coordenador do Conselho Temático de Telecomunicações, o impacto vai muito além dos danos físicos. “Essas ações criminosas comprometem a competitividade, aumentam custos e afetam a credibilidade das empresas perante os clientes”, destacou.

O coronel Sergio Augusto Ramos, chefe do Centro de Operações Integradas de Segurança Pública da Polícia Militar e coordenador do Grupo de Trabalho CONEXIS, explica que as ocorrências estão concentradas em áreas estratégicas de Curitiba e Região Metropolitana, mas vêm sendo combatidas com inteligência e integração entre as polícias e as operadoras de telecom. “Nosso objetivo é reduzir drasticamente os casos, atacando também o comércio irregular de metais, que é o destino final desse material furtado”, afirmou.

Legislação e novas medidas

A Fiep tem defendido mudanças na legislação, incluindo a criação de uma delegacia especializada em roubos e furtos de equipamentos de telecomunicações e energia. Paralelamente, tramita na Assembleia Legislativa do Paraná um projeto que prevê multas para quem adquirir ou comercializar metais de origem ilícita, medida vista como essencial para desestimular a receptação.

Prejuízo social e econômico

O problema também afeta diretamente o cidadão. Comunidades inteiras ficam sem serviços básicos por horas ou até dias, comprometendo atividades econômicas e de segurança. Para o setor industrial, cada cabo furtado representa não apenas o custo de reposição, mas também perda de produtividade e de confiança dos clientes.

Enquanto indústria e forças policiais reforçam o trabalho conjunto, especialistas alertam que o combate ao roubo de cabos precisa envolver toda a sociedade. Denúncias anônimas, fiscalização de ferros-velhos e rastreamento de material são peças-chave para conter o avanço desse crime.

De acordo com dados levantados pelo Grupo de Trabalho CONEXIS e divulgados em 2023, foram quase 2 milhões de cabos roubados no Brasil, no primeiro semestre de 2024 (dado mais atualizado). Uma redução de 44% frente ao primeiro semestre de 2023, quando foram subtraídos 2,89 milhões de cabos. Após o período da pandemia, em 2020, o número de roubos vem escalando, sendo 2023 o ano com o maior número de ocorrências, 5,4 milhões. De 2024 para cá, os números voltaram a uma trajetória de queda.

O Paraná é o terceiro estado do país com maior quantidade, em metros, de cabos de telecomunicações furtados ou roubados (192.771 ocorrências), atrás apenas de São Paulo (769.730) e Bahia (225.785), segundo levantamento da Conexis, referente ao primeiro semestre do ano passado. Apesar disso, o estado reduziu em 67% os números na comparação com mesmo período de 2023.

Curitiba lidera a lista dos municípios com a maior incidência de roubos, 19,4% do total do Paraná. Quase 48% das ocorrências acontecem em 10 municípios do estado, que incluem Curitiba, Maringá, Paranaguá, São José dos Pinhais, Cascavel, Araucária, Foz do Iguaçu, Colombo, Londrina e União da Vitória.

As ações das forças de segurança do Paraná resultaram na prisão de suspeitos e na desarticulação de pontos de receptação em diferentes cidades do estado. O levantamento aponta ainda que os prejuízos diretos para as empresas de telecomunicações ultrapassam a casa dos milhões, sem considerar os impactos indiretos, como perda de produtividade e custos operacionais para reparos emergenciais.