Vinte e seis cientistas, de diferentes universidades da Europa e dos Estados Unidos, assinaram uma carta aberta questionando a confiabilidade dos resultados da vacina “Sputnik- V”, produzida pelo Instituto Gamaleya de Moscou. A Rússia foi o primeiro país do mundo a registrar uma vacina contra o novo coronavírus.
Em uma carta aberta ao editor revista científica The Lancet, onde os resultados foram publicados, os cientistas afirmaram que os dados apresentados pelos cientistas de Vladimir Putin são incompletos e que a pesquisa apresenta “padrões altamente improváveis”.
A carta diz que os dados dos resultados do ensaio das fases 1 e 2 da Sputnik- V mostraram participantes com níveis idênticos de anticorpos. “Com base em avaliações probabilísticas simples, o fato de observar tantos pontos de dados preservados entre diferentes experimentos é altamente improvável”, diz a carta.
No entanto, os cientistas disseram que estavam baseando suas conclusões em resumos dos dados de resultados de testes russos, publicados no jornal, ao invés dos dados originais em si. “Na falta dos dados numéricos originais, não se pode tirar conclusões definitivas sobre a confiabilidade dos dados apresentados, especialmente no que diz respeito às aparentes duplicações detectadas”, afirma a carta.
Instituto rebate cientistas
O Instituto Gamaleya, que desenvolveu a vacina, rejeitou a crítica. “Os resultados publicados são autênticos e precisos e foram examinados por cinco revisores do The Lancet”, disse Denis Logunov, vice-diretor do instituto, em um comunicado.
Ele disse que seu instituto submeteu todo o conjunto de dados brutos sobre os resultados do ensaio ao The Lancet. “Apresentamos especificamente os dados produzidos (pelo ensaio), não os dados que supostamente agradariam aos especialistas”, complementou.