Curitiba - Curitiba não se tornou um dos principais destinos natalinos do Brasil da noite para o dia. Antes das grandes estruturas, espetáculos ao ar livre, parques iluminados e milhões de visitantes, tudo começou de forma profundamente simbólica, nas janelas de um prédio histórico no Centro da cidade.

A história do Natal em Curitiba começa oficialmente em 1991, com uma ideia que transformaria para sempre a relação da cidade com as festas de fim de ano: o Natal do Palácio Avenida.
Em dezembro de 1991, quem passava pela Rua XV de Novembro foi surpreendido por uma cena inédita: crianças cantando músicas natalinas nas janelas do Palácio Avenida, edifício histórico que havia sido recém-restaurado pelo Banco Bamerindus, então proprietário do prédio.
A proposta era simples e ao mesmo tempo inovadora: transformar o prédio em um grande coral vertical, usando as próprias janelas como cenário. O espetáculo marcou a reinauguração do edifício e nasceu como uma ação cultural. Mas rapidamente se transformou em um evento afetivo para os curitibanos.
Crescimento orgânico
Nos primeiros anos, o público cresceu de forma orgânica, impulsionado pelo boca a boca. Famílias inteiras passaram a incluir o passeio até o Centro como parte do ritual natalino. O coral era formado por crianças e adolescentes de instituições sociais, que recebiam preparação musical, figurinos e acompanhamento pedagógico.
Sem grandes estruturas, sem fogos, sem tecnologia sofisticada, o Palácio Avenida criou algo raro: uma tradição urbana genuína, capaz de reunir milhares de pessoas apenas em torno da música e do espírito natalino.
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Bamerindus, HSBC, Bradesco
Ao longo dos anos, o Palácio Avenida passou por transformações importantes. E com elas, vieram incertezas. Nos anos 1990, o Banco Bamerindus enfrentou dificuldades financeiras e deixou de existir. O prédio passou então ao controle do HSBC, que decidiu manter o espetáculo natalino, entendendo que ele já fazia parte da identidade cultural de Curitiba.
Mais tarde, em 2016, outra transição importante: o Bradesco comprou as operações do HSBC no Brasil. Novamente, surgiram dúvidas públicas sobre o futuro do Natal no Palácio Avenida. Havia receio de que o espetáculo fosse encerrado ou descaracterizado.
Isso não aconteceu. O evento foi mantido, ganhou novos arranjos musicais, iluminação moderna e organização ainda mais profissional, sem perder o seu elemento central: o coral infantil nas janelas.
Durante décadas, o espetáculo seguiu crescendo, atraindo dezenas de milhares de pessoas por edição, consolidando-se como o maior símbolo natalino da cidade, transmitido por emissoras de TV de todo o mundo.
A pausa forçada: pandemia e reinvenção
Pela primeira vez desde sua criação, o Natal do Palácio Avenida precisou ser interrompido presencialmente em 2020, por causa da pandemia da Covid-19. O espetáculo não aconteceu com público na Rua XV de Novembro.
Em 2020 e 2021, as apresentações foram realizadas em formato virtual, com gravações, transmissões online e recursos tecnológicos. Embora sem a multidão tradicional, a mensagem simbólica foi mantida: o Natal não deixaria de existir, mesmo em tempos difíceis.
Em 2022, com a retomada gradual das atividades presenciais, o coral voltou às janelas. E o público respondeu imediatamente. A Rua XV voltou a lotar, confirmando que a tradição seguia viva e mais forte do que nunca.
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