Curitiba - Curitiba não se tornou um dos principais destinos natalinos do Brasil da noite para o dia. Antes das grandes estruturas, espetáculos ao ar livre, parques iluminados e milhões de visitantes, tudo começou de forma profundamente simbólica, nas janelas de um prédio histórico no Centro da cidade.

palácio avenida, no centro de Curitiba, durante apresentação do Natal de 2025, com o prédio todo iluminado
(Foto: Divulgação/Prefeitura de Curitiba)

A história do Natal em Curitiba começa oficialmente em 1991, com uma ideia que transformaria para sempre a relação da cidade com as festas de fim de ano: o Natal do Palácio Avenida.

Em dezembro de 1991, quem passava pela Rua XV de Novembro foi surpreendido por uma cena inédita: crianças cantando músicas natalinas nas janelas do Palácio Avenida, edifício histórico que havia sido recém-restaurado pelo Banco Bamerindus, então proprietário do prédio.

A proposta era simples e ao mesmo tempo inovadora: transformar o prédio em um grande coral vertical, usando as próprias janelas como cenário. O espetáculo marcou a reinauguração do edifício e nasceu como uma ação cultural. Mas rapidamente se transformou em um evento afetivo para os curitibanos.

Crescimento orgânico

Nos primeiros anos, o público cresceu de forma orgânica, impulsionado pelo boca a boca. Famílias inteiras passaram a incluir o passeio até o Centro como parte do ritual natalino. O coral era formado por crianças e adolescentes de instituições sociais, que recebiam preparação musical, figurinos e acompanhamento pedagógico.

Sem grandes estruturas, sem fogos, sem tecnologia sofisticada, o Palácio Avenida criou algo raro: uma tradição urbana genuína, capaz de reunir milhares de pessoas apenas em torno da música e do espírito natalino.

Bamerindus, HSBC, Bradesco

Ao longo dos anos, o Palácio Avenida passou por transformações importantes. E com elas, vieram incertezas. Nos anos 1990, o Banco Bamerindus enfrentou dificuldades financeiras e deixou de existir. O prédio passou então ao controle do HSBC, que decidiu manter o espetáculo natalino, entendendo que ele já fazia parte da identidade cultural de Curitiba.

Mais tarde, em 2016, outra transição importante: o Bradesco comprou as operações do HSBC no Brasil. Novamente, surgiram dúvidas públicas sobre o futuro do Natal no Palácio Avenida. Havia receio de que o espetáculo fosse encerrado ou descaracterizado.

Isso não aconteceu. O evento foi mantido, ganhou novos arranjos musicais, iluminação moderna e organização ainda mais profissional, sem perder o seu elemento central: o coral infantil nas janelas.

Durante décadas, o espetáculo seguiu crescendo, atraindo dezenas de milhares de pessoas por edição, consolidando-se como o maior símbolo natalino da cidade, transmitido por emissoras de TV de todo o mundo.

A pausa forçada: pandemia e reinvenção

Pela primeira vez desde sua criação, o Natal do Palácio Avenida precisou ser interrompido presencialmente em 2020, por causa da pandemia da Covid-19. O espetáculo não aconteceu com público na Rua XV de Novembro.

Em 2020 e 2021, as apresentações foram realizadas em formato virtual, com gravações, transmissões online e recursos tecnológicos. Embora sem a multidão tradicional, a mensagem simbólica foi mantida: o Natal não deixaria de existir, mesmo em tempos difíceis.

Em 2022, com a retomada gradual das atividades presenciais, o coral voltou às janelas. E o público respondeu imediatamente. A Rua XV voltou a lotar, confirmando que a tradição seguia viva e mais forte do que nunca.

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