Exames de DNA comprovaram que Rafael Rodrigues da Paz, de 30 anos, abusou sexualmente de no mínimo de 16 mulheres na Grande Curitiba. O que faz com que ele possa ser considerado um estuprador em série. De acordo com a Polícia Civil, os crimes foram cometidos desde o ano de 2009, em pelo menos três municípios, e não está descartada a possibilidade de que existam outras vítimas.
“Isso aqui a é o que a gente tem noticiado, apurado e investigado. Ele pode muito bem ter cometido outros delitos da mesma natureza”, explica o delegado Tiago Dantas, de Almirante Tamandaré, na região metropolitana da capital.
Ainda conforme o delegado, o criminoso costumava usar sempre o mesmo modus operandi para abordar as vítimas e uma arma de fogo para intimidá-las.
“Se a gente analisar, se você olhar, os crimes eram todos na mesma época: julhos, agosto, setembro, outubro, tudo com o mesmo meio de execução. Abordava a vítima, botava na garupa da motocicleta, ia para um local ermo e ali executava o ato sexual”, completa Dantas.
Atualmente, ele cumpre uma pena de 75 anos por roubo, furto, sequestro e seis estupros cometidos em Curitiba, porém, os novos casos que foram ligados a ele por exames de DNA deverão aumentar sua condenação.
“Se pega uma pena isolada, vai dar quase 200 anos com o que ele já tem. Está cumprindo uma pena de mais de 70 anos por outros crimes de estupro no município de Curitiba”, finaliza o delegado.
Vítimas do estuprador em série contam detalhes
Uma das vítimas estuprada em 2016, que prefere não se identificar, conta que apesar dos quatro anos transcorridos, ainda lembra de todos os detalhes de como foi abusada pelo estuprador em série em Rio Branco do Sul, também na RMC. Na ocasião, da Paz seguiu com ela até uma estrada de chão, obrigou a mulher descer da motocicleta e a entrar em um matagal.
“Sem eu falar nada, ele mandou eu calar a boca, apontou a arma na minha cabeça. Ele me agrediu bastante na rua, antes de eu subir na moto. Eu levei muito golpe na cabeça. Me levou para uma mata, apanhei mais ainda. Eu implorei para ele não me matar, ele dava risada, implorei muito. Eu parei de reagir porque eu já estava sem força nenhuma, não tinha mais força para lutar. Daí que começou com a violência maior, essa violência absurda, nojenta. Ele dizia que ia me violentar de todas as formas possíveis que ele pudesse, depois ele ia me matar e ia me enterrar”, recorda.

Após consumar o estupro, o criminoso ordenou que ela fosse andando em direção ao centro do matagal e foi nesse momento que a vítima acreditou que seria assassinada.
“No momento da morte, que você acha que você não vai voltar mais, você pede para Deus, um segundinho de conversa com Deus. A minha menina tinha de cinco para seis anos, eu pedi para Deus lembrar de mim e cuidar da minha filha”, lembra emocionada.
Todos os crimes de estupro cometidos por da Paz estão sob segredo de Justiça, ninguém sabe o que ele fez além da polícia, a Justiça e as vítimas. Mas alguns detalhes foram revelados como, por exemplo, quando ele deu uma nota de R$ 50 falsa para que a vítima voltasse para casa após o estupro. Ainda segundo o boletim de ocorrência registrado pela mulher em questão, da Paz sabia o nome de sua filha e toda a sua rotina.
Em outra situação, uma mulher conseguiu escapar porque quando foi obrigada por ele a subir na motocicleta, uma viatura de polícia passou pelo local.
“Teve uma perseguição que não durou muito tempo. No caminho, ele chegou a dizer para mim ‘moça, eu tenho filho’, isso para eu não dizer nada para os policiais. O policial pegou a arma e nós fomos para a delegacia. Fisicamente ele não me fez nada, mas psicologicamente, eu não estou bem, estou me mudando agora. Na rua que aconteceu, eu nunca mais passei”, contou a jovem.
Outros crimes e plano de fuga
Além de responder pelos crimes de estupro e abuso sexual, da Paz possui passagens pela polícia por extorsão, sequestro e roubo.
Outra situação que chama a atenção, é que após ter sido preso, ele tinha o plano de escapar da Casa de Custódia de Curitiba. Porém, a tentativa fuga foi frustrada antes que pudesse ter sido posta em prática: a esposa do estuprador foi flagrada quando tentava entrar na cadeia com três pedaços de serra escondidos dentro da sacola de alimentos que levava para o marido.