Anderson Alves da Silva, de 19 anos, morto pelo sogro em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, teria deixado uma carta. Segundo a polícia, nas seis páginas supostamente escritas por ele e destinadas ao pais da namorada, o jovem teria falado sobre o seu relacionamento com a adolescente de 13 anos. (Veja vídeo abaixo)
O delegado Aroldo Davison, da Polícia Civil de Campo Largo, mostrou a carta supostamente deixada pelo jovem, mas não quis divulgar seu conteúdo na íntegra. Em alguns trechos, é possível ver que Anderson diz ter tentado colocar um fim no relacionamento, mas quem não teria aceito foi a adolescente. No fim, ele deseja ainda “pêsames”.
O inquérito sobre o crime que ocorreu no dia 19 de novembro foi concluído em menos de uma semana e agora segue para o Ministério Público do Paraná (MP-PR).
O rapaz começou a namorar a filha de seu assassino quando a menina tinha apenas 11 anos e ele 17, há cerca de dois anos.
Assassino responde em liberdade
O sogro da vítima Josué dos Santos confessou o crime, mas responderá por homicídio qualificado em liberdade porque a polícia não solicitou sua prisão preventiva.
O delegado alega que o assassino confesso agiu sob forte emoção porque a filha teria sido agredida pelo ex-namorado. “Ele foi movido por uma emoção muito forte. Quando ele saiu do hospital, chamado pela mãe, que a menina estava internada no hospital, vítima de uma agressão desse rapaz, quando ele saiu do hospital ele encontrou o carro, reconheceu o carro e lá estava o Anderson, no interior do veículo. Ele foi e abordou esse rapaz e aí houve, segundo o Josué, uma discussão”, disse Davison.
Segundo o depoimento da adolescente, Anderson não aceitou o fim do relacionamento entre os dois e começou a ameaçá-la, assim como sua família, de morte. Além disso, na terça-feira (19), dia do crime, o rapaz teria ido até a sua casa logo cedo, arrombado a porta, surpreendido ela na cama, amordaçado sua boca e com uma faca riscado seus braços.

A família do jovem assassinado não confirma essa versão e diz que Anderson jamais faria algo contra a menina. “Esse cárcere privado, isso aí é mentira de que ele tava agredindo ela, isso dai não é, não batia não. Ele não era capaz de relar o dedo nela. Ele era sossegado, ele amava muito ela, ele comprava roupa fiado pra dar pra ela, ele tratava muito bem ela, a geladeira deles era cheia de coisa boa pra ela, que ela era acostumada. Na verdade, ele morreu por amor”, disse Josemar da Silva.
Em entrevista, o delegado declarou que o namoro entre a menina de 13 anos e o jovem de 19 anos era sexualmente violenta e que ela não queria mais o namoro justamente por isso. “A relação entre ambos era meio violenta, ele praticava um sexo que a incomodava bastante, ela se submetia a isso porque gostava dele, mas não tava muito contente, segundo ela”, pontuou Davison. Ele ainda declarou que os pais foram negligentes em relação ao namoro da filha. “Ela não tinha o discernimento, a mentalidade ainda em formação pra entender a sua sexualidade, eles tinham que preservar isso dela como criança e eles não o fizeram, então, eles negligenciaram a guarda da criança”.
Contradições
De acordo com Josué, ele atirou contra genro porque o jovem tentou pegar sua arma durante uma discussão e ele teria agido em legítima defesa. “O rapaz tentou tomar minha arma, estava na cintura, não estava em punho. Foi um momento que ele poderia ter me matado, ou matado minha família. Eu sou um pai que defendi a minha família e vou defender. Acho que qualquer pai faria o que eu fiz. Não foi com intenção, mas infelizmente aconteceu o que aconteceu”, disse à RIC Record TV.
No entanto, duas testemunhas afirmam que não houve briga no momento do assassinato e que Anderson não teria como tomar a arma do sogro porque os dois estavam em veículos diferentes. Elas afirmam que Josué perseguiu seu genro pelas ruas de Campo Largo e quando os carros emparelharam, ele efetuou vários disparos de arma de fogo. “Tava os dois carros virados, os dois de bico e ele começou a atirar no pia, um monte de tiros, meu marido tava falando que deu pra escutar mais de cinco tiros”, declarou Dayane dos Passos.
Do mesmo modo, as duas testemunhas colocam a esposa do suspeito e sogra da vítima na cena do crime, situação que foi omitida por Josué e não citada pela polícia. “Tinha uma mulher, essa mulher que depois a gente ficou sabendo do que matou, do que atirou. Ela tava no meio da rua, tava andando porque ela tava nervosa, ela tentou chamar alguém e ninguém vinha, ficou ela e morto”, disse a testemunha.