Não é novidade para ninguém que muitos profissionais tiveram que buscar uma saída para conseguir continuar tirando o sustento de casa. Nessa busca incansável, muita gente até mudou de profissão e antecipou projetos que eram apenas ideias.

Quando descobriu que seu salário seria diminuído, a professora Jociane não pensou duas vezes: encontrou a saída num projeto que pretendia botar em prática ao se aposentar. Surgia, então, a empresa Brinca Bene.

“Quando comecei a ser professora, fiz um curso de brinquedista. Desde então eu confecciono os brinquedos para as minhas turmas, para os meus alunos. Ao longo destes anos fui me dedicando e sempre pensando que quando eu me aposentasse eu me dedicaria exclusivamente aos brinquedos educativos e artesanais. A pandemia surgiu e eu antecipei esse projeto“, contou Jociane Viana, professora e artesã.

Jociane é professora waldorf e, por isso, sempre trabalhou num ambiente de ensino diferente dos tradicionais. Com os brinquedos educativos, além da renda extra, seu objetivo também foi fazer com que as crianças consumam algo lúdico. “Envolve a criança, que vai brincar com esse brinquedo e desenvolver várias funções, o que difere de quando essa criança está só num brinquedo de tecnologia”.

Para a professora, que agora se vê empreendedora, a empresa vai continuar. “Daqui para frente a empresa vai andando, justamente por oferecer um catálogo de opções de brinquedos bem amplo. E porque existe uma busca de intenções para que a infância brinque com esses brinquedos mesmo. Na pandemia e fora dela”.

A professora ensina que nunca é tarde para que a gente descubra novas habilidades. “Vejo, pelo que estou vivenciando, é que a reinvenção colabora para que a gente saia um pouco mais saudável em todos os sentidos, pois além de gerar renda extra, colabora também nesse processo de deixar a gente mais aliviado”.

“Esse realmente é um momento de reinvenção“.

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Foto: Lucas Sarzi.

Das feiras de pavilhão para a casa das pessoas

Essa tão falada reinvenção também foi o que permitiu que a empresa familiar de produtos mineiros não fechasse as portas. Sem poder ir até as feiras de exposição, foi preciso encontrar um novo jeito de continuar.

Eles contaram com a ajuda de amigos, que espalharam a informação de que a empresa estava fazendo entregas, e deu certo. Nem imaginavam, mas surgia aí um novo braço da Trem Bão de Minas em Curitiba.

“Foi uma coisa natural que aconteceu pela campanha das pessoas, essa ajuda. Sentimos a necessidade de tomar novas providências, mudando. Reestruturamos o local da empresa, começamos a separar pedidos, passamos a usar mais o nosso instagram”, contou Ana Cristina da Costa, vendedora.

A partir do delivery de produtos mineiros, a empresa conseguiu não só se reinventar, como também encontrou um novo nicho, que chegou para ficar. “A gente descobriu um novo mercado, que temos certeza que quando voltar as feiras não vamos poder deixar esse mercado“.

“São clientes fieis que temos conquistado. A gente só quer crescer nesse mercado online e fazendo delivery em Curitiba”.

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Foto: Lucas Sarzi.

Dos shows, espetáculos e viagens para os vasos e plantas

15 anos trabalhando com iluminação, Lucas viu em algo muito simples a saída para enfrentar o momento. E a ideia veio de sua filha, que sabia de sua paixão antiga. Ele começou a trabalhar com plantas, mas foi um pouco além de simplesmente vender: ele produz tudo, a começar pelos vasos. É o Jardim de Casa.

“Eu imaginei que eu precisava fazer alguma coisa em série. A primeira coisa que eu fiz foram as formas. Comprei as formas, estudei sobre o cimento, pois eu compro a matéria prima, crio os vasos, faço tintura, faço a secagem e monto também as plantas, isso tudo além do marketing”, contou Lucas Amado, que é iluminador e agora também jardineiro.

Mesmo fazendo tudo praticamente em série, Lucas busca sempre tomar o cuidado em manter tudo muito artesanal. E esse projeto também veio para ficar. “Eu to muito mais ligado à natureza, à minha filha, aos encontros que, embora não tenhamos mais, estou pensando neles”.

“A pandemia não é momento de ficarmos deprimidos, nem de desistirmos. É um momento de dificuldade e são nos momentos de dificuldade que a gente aprende a crescer”.

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Foto: Lucas Sarzi.

Loja de roupas totalmente online

Já a loja de roupas 34 Store, das amigas Gabriela e Mariana, surgiu depois da demissão de uma delas e já veio num formato inovador: totalmente online. “Após perder o emprego eu tive que pensar de outra maneira, por conta da pandemia estava mais difícil conseguir emprego e decidi me reinventar“, disse Mariana Hirt, analista de projetos.

“Analisamos que as vendas online estavam indo bem, estavam crescendo, resolvemos arriscar“.

“O nosso trabalho é todo online. Usamos do Instagram como ferramenta profissional para chegarmos aos consumidores. Teve realmente um boom nas compras online, então vimos que a mulherada continuou comprando roupa, mas de um jeito diferente. Por isso passamos a fazer entregas via motoboy ou Correios também”, disse Gabriela Cruz, que é auxiliar administrativo.

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Foto: Lucas Sarzi.