Tatiele quer jogo de equipe
Uma brasileira não vence a Corrida Internacional de São Silvestre desde 2006, quando Lucélia Peres conseguiu figurar no lugar mais alto do pódio. De lá para cá, apenas quenianas e etíopes triunfaram na prova. Um dos principais nomes do país anfitrião na 95ª edição, Tatiele de Carvalho quer maior jogo de equipe para que o Brasil volte a triunfar entre as mulheres.
“Nós sabemos que a África domina o mundo da corrida, assim como o Brasil passou por muito tempo dominando o mundo do futebol. Eu vejo que elas nasceram para isso. Elas têm biótipo para isso, estrutura para isso, e elas têm jogo de equipe. Isso muitas vezes faz a diferença. Se nós brasileiros nos uníssemos mais, conversássemos mais, nós teríamos maiores chances, porque também somos bons, temos capacidade de vencer”, disse.
Mais do que uma maior estratégia em equipe, Tatiele pede uma mudança no pensamento das brasileiras, tomando como base a postura adotada pelas compatriotas que conseguiram subir no lugar mais alto do pódio ao final dos 15 km.
“As africanas todos os anos saem em um pelotão, elas fazem a prova delas. E nós brasileiras saíamos uma frente, outras atrás e aí a gente fica com o pensamento: ‘Se eu for a primeira brasileira, está bom’. O que aconteceu com as que ganharam? Elas não pensaram em ser a primeira brasileira, pensaram em ser campeãs”, apontou, destacando a importância da corrida.
“O sonho de todo o corredor brasileiro é vencer a São Silvestre. Eu competi os Jogos Olímpicos do Rio, e eu falo para as pessoas: ‘Eu sou uma atleta olímpica’. Mas as pessoas dizem: ‘Você já ganhou a São Silvestre?’ Eu tenho certeza de que se uma brasileira volta a vencer a São Silvestre a nossa história muda”, argumentou.
Buscando o sonho de estar no pódio da corrida mais tradicional do país, Tatiele destacou a qualidade das estrangeiras que vêm para a prova, entre elas Brigid Kosgei, queniana que bateu o recorde mundial de maratona recentemente, em Chicago. A brasileira, porém, ressaltou a dificuldade da São Silvestre.
“A expectativa é muito grande, treinei bastante, mas o nível da prova está fortíssimo, não à toa a recordista mundial de maratonas está aqui e vem com todos os requisitos para vencer a prova, mas nossa sabemos que a São Silvestre é diferente. É uma corrida desafiadora, muito difícil e que nem sempre o melhor vence. Eu quero poder representar o Brasil, correr cada quilômetro curtindo esse momento, porque a São Silvestre é a alegria do final de ano”, finalizou.
*Especial para a Gazeta Esportiva