O Atlético Paranaense comemora nesta quarta-feira (26) 90 anos de história disputando a Taça Libertadores da América e classificado como um dos melhores brasileiros na competição. O vice-campeonato da Copa do Brasil, em 2013, com uma campanha emocionante, trouxe novamente o Atlético ao patamar nacional. Entre glórias e feitos o Furacão da Baixada, como é carinhosamente chamado por sua torcida, tem o título de um dos maiores times do Estado ao lado de Coritiba e Paraná Clube.

Década de 20: o inicio das glórias

A história do Furacão começou anos antes de sua fundação em 26 de março de 1924. As raízes rubro-negras se iniciam em 22 de maio de 1912, quando Joaquim Américo Guimarães fundava o Internacional Foot-ball Club. A equipe alvinegra se dividiu dois anos depois. Em 24 de maio de 1914, e surgiu o América Football Club. A hegemonia do Britânia, hexacampeão entre 1918 e 1923, associada à crise financeira e técnica do América, fez os dois clubes se unirem novamente e formarem o Clube Atlético Paranaense. A nova equipe adotou o preto do Internacional e o vermelho do América.

O Atlético Paranaense em seu primeiro ano de vida conquistou o Estadual de 1925. Na decisão contra o Savóia, foram realizadas duas partidas, a primeira terminou empatada em 1 a 1, já na segunda os atleticanos ergueram a taça após a vitória pelo placar de 3 a 1.

Década de 30 e 40: surge o Furacão

Esta época reservou muito mais glórias ao torcedor atleticano e apelidos que caracterizam o time até os dias de hoje. Em 1930, o Atlético Paranaense conseguiu seu primeiro bicampeonato, junto com a conquista de 1929. Três anos depois, em 1933, um Atletiba ficaria marcado em toda a história do maior clássico paranaense.

O Atlético estreou no Estadual contra o Coritiba, no dia 21 de maio. Porém, uma forte gripe assolou o elenco rubro-negro, que pediu o adiamento da partida, mas alegando apenas que queria o regulamento cumprido, o time adversário não concordou com o adiamento. No fim, o Atlético venceu o jogo por 2 a 1 e marcou a história atleticana com o primeiro apelido, “o time da raça”.

Outro acontecimento importante de 1933 foi a primeira partida pelo Atlético Paranaense de Alfredo Gottardi, eternizado no nome do Centro de Treinamentos rubro-negro. Com 18 anos, o memorável Caju iniciava sua trajetória no Furacão.

Depois de 1933, o Furacão conquistou o Pentacampeonato estadual nos anos de 1934, 1936 (invicto), 1940, 1943 e 1945.

Em 1949, o Rubro-Negro conquistou o troféu estadual com três rodadas de antecedência, com 11 vitórias e 49 gols marcados nas primeiras 11 partidas (recorde que só seria batido em 2008), porém o CAP chamou a atenção pelos placares extensos que aplicou em seus adversários. Com estas conquistas o Atlético Paranaense passou a ser chamado de Tufão, mas a torcida percebeu que tal apelido não bastava para os feitos que o time fazia e passou a chama-lo de Furacão.

Década de 50 e 60: revolução no clube

Após receber o apelido de Furacão com o Estadual de 1949, o Rubro-Negro conquistou o Paranaense novamente somente em 1958 que marcou historicamente o futebol do estado do Paraná. Graças a esta conquista, o Atlético Paranaense foi capacitado para disputar a Taça Brasil, sendo o primeiro time do Estado a jogar uma competição nacional.

Sua estreia no torneio nacional foi contra o Hercílio Luz (SC) e o Furacão venceu por 2 a 1 no primeiro jogo e 1 a 0 no segundo. Depois, o adversário foi o Grêmio, que acabou se classificando. Nos anos 60, o Atlético Paranaense não conquistou nenhum título, mas não passou despercebido no futebol nacional.

Em 1968, o presidente Jofre Cabral e Silva acertou a contratação de grandes nomes do futebol mundial e promoveu uma revolução, após uma campanha ruim no ano anterior. Bellini e Djalma Santos, ambos campeões mundiais com a Seleção Brasileira, fizeram parte do elenco atleticano. No mesmo ano, Sicupira e Nilson Borges também integraram a equipe.

Outro fato marcou o ano de 68. Em um jogo entre Atlético Paranaense e Londrina, o presidente Jofre Cabral, que já sofria de alguns problemas cardíacos, teve um ataque fulminante em plena arquibancada e padeceu com uma recomendação: “..não deixem, nunca, morrer o “meu” Atlético”.

Década de 70: craques marcam a história rubro-negra

No inicio dos anos 70, grandes nomes do futebol brasileiro como Djalma Santos, Sicupira e Nilson Borges ainda estavam no Furacão e continuaram fazendo história no clube.

Sicupira foi o artilheiro da edição de 1970 do Estadual, com 20 gols, destes muitos ajudaram o CAP a conquistar o título da competição. Djalma levantou então sua ultima taça, visto que se aposentaria no ano seguinte.

Em 1977, o Furacão não garantiu a taça do estadual, porém o goleiro atleticano Altevir estabeleceu um recorde na competição permanecendo 1.066 minutos sem tomar um gol se quer.

Já em 1978, Ziquita realizou um verdadeiro milagre no time rubro-negro. Em um jogo no Estádio Joaquim Américo, o Furacão perdia pelo placar de 4 a 0. Com 29 minutos do segundo tempo, desistentes, alguns torcedores começaram a deixar o estádio, quando Ziquita fez o seu milagre, o gol de honra, com 30 minutos da etapa final. Exatos quatro minutos depois, o atacante pegou um rebote e marcou o segundo. Mas o Joaquim Américo quase veio abaixo mesmo aos 36 minutos. A torcida ainda o aplaudia pelo segundo gol e ele fez o terceiro. Quem estava indo embora voltou, e os portões ficaram abertos para quem quisesse entrar. Sete minutos mais tarde, aos 43, Ziquita fez o quarto gol dele, em apenas 14 minutos, e empatou a partida. A virada só não veio porque a trave acabou por “defender” a cabeçada do “herói”, aos 44 minutos. Fato que o tornou nome sempre lembrado pelos atleticanos.

Década de 80: campanha histórica no Campeonato Brasileiro

Alguns torcedores caracterizam esta década como “os anos dourados do Furacão”, que contaram com bicampeonato estadual, recorde de público e uma grande campanha no Campeonato Brasileiro.

Washington e Assis foram os principais nomes do Furacão na década de 80. Em 1982, anotaram 36 gols na temporada. Com 12 pontos sobre o segundo colocado do Estadual, naquele ano, o Furacão conquistou o Paranaense. No ano seguinte, brilhante, diga-se de passagem, o Atlético Paranaense alcançou o bicampeonato e destaque no cenário nacional, pois o Furacão chegou até a semifinal em uma campanha histórica. Contra o Flamengo de Zico, Júnior, Bebeto e companhia, o time atleticano acabou derrotado por 3 a 0, no Maracanã. Na partida de volta, o Atlético venceu por 2 a 0, em partida que marcou o maior público do Estado. No Couto Pereira, 67.491 torcedores viram o Furacão quase se classificar e vencer o time que, pouco depois, seria campeão.

Década de 90: equipe, gestão e patrimônio

Na década de 90 o Furacão voou e alcançou grande destaque no cenário nacional e internacional. Em 1994, no dia 22 de maio, foi inaugurado o novo Estádio Joaquim Américo Guimarães.

Já em 1995, o Furacão foi campeão da Série B do Campeonato Brasileiro, garantindo vaga para a elite da competição nacional do próximo ano. O CT do Caju também foi adquirido em 1995.

Em 1999, dois fatos consolidaram a década mais revolucionária do clube. Em 24 de junho, o Furacão inaugura sua nova casa, a Arena da Baixada. O CAP também garantiu vaga na Libertadores da América de 2000, pela primeira vez em sua história, após vencer a Seletiva.

Década de 2000: Furacão das Américas

O primeiro Campeonato Paranaense do século XXI foi conquistado pela equipe rubro-negra. Paralelamente, o time atleticano iniciava a disputa de sua primeira Bridgestone Libertadores. Com uma grande campanha na primeira fase, chegou até as oitavas, quando foi superado pelo Atlético Mineiro.

Em 2001, o Furacão venceu novamente o Campeonato Paranaense, conquistando o bicampeonato. Entretanto, a competição foi, novamente, ofuscada por voos maiores. No dia 16 de dezembro de 2001, o Furacão vencia a primeira partida da final do Campeonato Brasileiro da primeira divisão, contra o São Caetano, por 4 a 2. No dia 23 do mesmo mês, na partida de volta, venceu por 1 a 0 e conquistou o Brasileirão. Dentre os destaques do elenco, Alex Mineiro, autor de quatro gols nas duas partidas da final, e Kleberson, que, no ano seguinte, foi pentacampeão com a Seleção Brasileira.

Em 2004, com uma formula diferente de disputa, em pontos corridos, o Atlético Paranaense lutou até a última rodada pelo título, mas acabou sendo o vice-campeão daquele ano.

Em 2005, o rubro-negro se classificou como o segundo melhor de seu grupo na Libertadores Nas fases de “mata-mata”, teve grandes desafios, passando por Cerro Porteño (Paraguai), Santos e Chivas Guadalajara (México), até chegar na final, contra o São Paulo. Impedido de usar a Arena da Baixada, por conta da capacidade, o Furacão das Américas foi jogar no Beira Rio a partida com seu mando de campo. O jogo terminou empatado em 1 a 1. No duelo de volta, no Morumbi, o São Paulo venceu e ficou com a taça.

No ano seguinte, o Atlético Paranaense disputou a Copa Sul-Americana. Passou por equipes como o River Plate e Nacional do Uruguai. Chegou à semifinal, fase em que foi superado pelo Pachuca do México.

No ano de 2009, o Furacão conquistou seu último título do Campeonato Paranaense. Neste ano, também, inaugurou o setor Brasílio Itiberê, que concluía o anel inferior da antiga Arena.