A curitibana Vanuza Maciel tem 43 anos de idade, uma carreira de sucesso consolidada, milhares de quilômetros corridos, pedalados e nadados. Explico: a moça é triatleta.
A atleta tem a voz calma. A princípio de poucas palavras, mas logo a impressão de timidez vai por água abaixo quando se chega ao assunto que é sua paixão: o triathlon.
Os esportes sempre fizeram parte da vida de Vanuza. Desde os primeiros anos de escola a menina era chamada para todas as atividades e jogos. Vôlei, atletismo, handebol. Poucos foram os esportes que não contaram com a contribuição da pequena. “Só não me metia com basquete, porque o tamanho não ajuda”, brinca.
A corrida sempre esteve presente em seu cotidiano, entre os treinamentos diversos, inclusive a natação, quando deu as primeiras braçadas na piscina da praça Oswaldo Cruz, no centro curitibano. A bicicleta era o meio de transporte desde a adolescência.
Era 1991, Vanuza tinha então 21 anos quando foi convidada para participar de uma prova de triathlon na Lagoa da Conceição, na capital catarinense. O resultado não poderia ser mais revelador. Entre as centenas de competidores, foi ela quem cruzou a linha de chegada em primeiro lugar.
Mais que uma medalha, uma revelação. A partir desta prova Vanuza nunca mais perdeu a modalidade de seu foco. Cada passo, braçada ou pedalada, foi dedicado à carreira de triatleta.
De lá pra cá foram inúmeras competições nacionais e internacionais, inclusive os lendários Ironman e Ultraman, disputados no Havaí. Os números são desumanos: três dias de competição divididos entre 10km de natação, 84km de corrida e 421km de ciclismo.
Cansou? Pois além de completar a prova, Vanuza teve forças pra subir no pódio e comemorar o status de segunda mulher mais resistente do planeta.
Além do preparo físico, a superação é ponto crucial nas vitórias de Vanuza. Recuperação de lesões, quedas e até a morte do pai colocaram à prova as forças da atleta. Dores e cansaço são trabalhados durante treinos e competições e conduzidos até o pódio.
E sobre as dificuldades, Vanuza nos ensina como conselheira: “Os obstáculos da vida são como os de uma competição: servem para ser ultrapassados, jamais pra nos parar”.
A queda
O ano de 2012 começou complicado para Vanuza. A competição era em Caiobá, no litoral paranaense, e já estava nos quilômetros finais da prova de ciclismo, quando uma curva trouxe o inesperável.
Vanuza se envolveu em um acidente com outros ciclistas e foi ao chão. Da queda, uma lesão na coluna que ainda lhe causa dores, um profundo corte ao lado do olho esquerdo e outro na boca. O calendário daquele ano foi dedicado à recuperação.
Aos poucos os treinos foram retomados e Vanuza já mira o Ultraman mundial em novembro deste ano, no Havaí.
Mas a relação de amor com o esporte ainda não tem previsão de chegar a um fim. Atualmente Vanuza divide sua rotina entre treinamentos e trabalhos de personal trainer, onde acompanha atletas da modalidade de superação e resistência que tanto diz sobre ela.
E quando questionada sobre os segredos de um grande atleta, sem vacilo Vanuza mais uma vez nos ensina, ainda com a voz calma, que a maior vitória de uma pessoa, seja ela atleta ou não, está na superação individual, jamais nas comparações com os outros.
Pratiquemos.
Confira abaixo a reportagem exibida no programa Paraná no ar de sexta-feira (5) com a Vanuza: