O agente da Anvisa responsável por interromper o jogo entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo falou ao Fantástico sobre os eventos que resultaram na invasão de campo na partida do último domingo. Yunes Baptista detalhou o tratamento que recebeu na Neo Química Arena e diz que sentiu um “certo nível de resistência” no estádio para seguir o protocolo sanitário brasileiro e notificar os quatro jogadores argentinos.
“Você está em uma missão oficial, uniformizado, e é colocado em uma área exposta. Isso é uma tentativa de intimidação”, analisou Yunes, citando ter sido levado inicialmente a uma área de camarotes, por onde passavam os convidados do jogo.
Após ser levado ao estacionamento do estádio, não conseguir acesso ao vestiário da seleção argentina e encontrar um “paredão para segurar” os oficiais na boca do gramado, Yunes Baptista diz que encontrou uma situação “limítrofe” e não teve outra escolha.
“Nós temos que agir com urbanidade. Só podemos agir fora da urbanidade quando realmente há uma situação limítrofe”, declarou o representante da Anvisa.
Segundo Yunes, o presidente em exercício da CBF, Ednaldo Rodrigues, o contatou para tentar resolver a situação e até ofereceu uma linha direta com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Rodrigues negou, em nota, as declarações do agente da Anvisa e reiterou que “não houve qualquer solicitação sua ao representante da Agência ou ao ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, de quem sequer tem o contato”.
Em nota à TV Globo, Ciro Nogueira afirmou que pode “ter havido consultas feitas no período de feriado prolongado que antecedeu a partida”, mas negou ter dado resposta e nem se manifestado contra as determinações da Anvisa. Além disso, garantiu que nem conhece o atual presidente da CBF.
Yunes Baptista ainda deu mais informações sobre o caso. “O princípio da República, de que todos são iguais perante a lei, é essencial no processo de lidar com a pandemia. Jeitinhos não funcionam. Jeitinhos são coisas que levam a problemas muito graves e, em situações que estamos vivendo, à morte”, concluiu.