Superado o primeiro degrau, como foi definido pelo técnico Luiz Felipe Scolari e pelos jogadores, a seleção brasileira entra em campo nesta terça-feira, às 16 horas, na Arena Castelão, em Fortaleza, para enfrentar o México, pela segunda rodada do Grupo A, tentando vencer para manter o embalo na Copa do Mundo e ficar mais próximo da classificação para as oitavas de final, que poderá ser sacramentada no dia seguinte, quando Croácia e Camarões vão se enfrentar.
Adotando todos os cuidados possíveis desde o começo da sua preparação para a Copa, a seleção tem como seu planejamento chegar em condições bastante favoráveis para o duelo contra Camarões, em Brasília, no dia 23, o que daria a Felipão a tranquilidade de rodar o seu elenco na rodada final.
Nesse caso, quem preocupa é o atacante Neymar e o volante Luiz Gustavo, dois titulares absolutos da seleção, que possuem estilo de jogo diferente ao dos seus reservas imediatos e estão “pendurados” com um cartão amarelo – na Copa, duas advertências provocam a suspensão automática da partida seguinte.
Mas a maior preocupação é mesmo com Hulk. O atacante deixou os treinamentos na antevéspera das partidas contra Croácia e México antes do final em razão de dores na coxa esquerda. Ele participou da abertura da Copa, mesmo longe das condições ideais, e viajou para Fortaleza no último domingo, mas sua escalação é uma incógnita.
O descanso necessário para Hulk se recuperar das dores pode ser contra Camarões, ainda mais se o Brasil tiver vencido os dois jogos anteriores no Grupo A. Mas também pode vir antes, já nesta terça, após o jogador prometer não prejudicar a equipe, apesar da vontade de não ficar de fora de nenhuma partida deste Mundial.
“Na Copa, tem que enfrentar qualquer problema. Você passa a vida trabalhando por esse sonho e não queremos perder nenhum jogo. Lógico que não dá pra fazer loucura e prejudicar a seleção”, afirmou o atacante, que não teve lesão constatada em ressonância magnética, mas não participou do treinamento na Arena Castelão, na véspera do duelo contra o México.
O meia-atacante Bernard seria o seu substituto natural, como aconteceu em partidas anteriores da seleção, mas Felipão testou e deve mesmo escalar, caso Hulk seja vetado, o volante Ramires. E há uma razão para isso: o treinador está preocupado com o contra-ataque da seleção mexicana. E o polivalente jogador seria uma peça fundamental para ajudar o sistema defensivo brasileiro, especialmente o lateral-direito Daniel Alves, que sofreu para marcar os atacantes croatas no jogo de abertura da Copa.
Afinal, nos últimos anos, o Brasil vem sofrendo nos duelos contra o México. No mais importante e mais doloroso deles para a seleção, em 2012, o sonho de conquistar a inédita medalha de ouro olímpico acabou sendo impedido por uma derrota por 2 a 1, em Londres, em uma partida em que vários dos envolvidos no duelo desta terça estavam presentes.
“Tem grande qualidade, fizemos jogos difíceis com eles, na Olimpíada, na Copa das Confederações. Temos sofrido, eles possuem uma equipe bem montada, que impõe dificuldades por ter jogadores de qualidade. Temos que estar preparados”, disse o zagueiro e capitão Thiago Silva.
E o México tentará pregar mais uma peça na seleção, agora em Fortaleza, apostando nos contra-ataques e no talento do atacante Oribe Peralta, autor do gol da vitória sobre Camarões na primeira rodada do Grupo A. Dessa vez, ao contrário da estreia, a seleção mexicana deverá jogar mais fechada, em busca de espaços nos contra-ataques e de um empate que lhe deixaria em situação bastante confortável para tentar obter uma vaga nas oitavas de final na rodada final da chave. “Eles têm boa saída de jogo e um contra-ataque rápido”, alertou o meia Oscar.
Para isso, porém, a seleção mexicana terá que barrar a equipe brasileira, que entrará em campo mais uma vez embalada pelo apoio maciço do torcedor em Fortaleza, palco do primeiro hino à capela, em junho de 2013, exatamente em um confronto contra o México, naquela oportunidade vencido por 2 a 0, na Copa das Confederações. “Brasil no Nordeste é sempre festa. Tudo começou lá, com o hino, quando eles cantaram até o final”, lembrou Hulk.
Embalada por esse apoio, a seleção tentará repetir a agressividade que marcou a equipe na última Copa das Confederações, quando conseguia encaminhar a vitória logo nos minutos iniciais. Situação bem diferente da vivenciada na abertura do Mundial, quando só ficou em vantagem após um polêmico pênalti marcado pelo japonês Yuichi Nishimura durante o segundo tempo. Por isso, o trabalho do árbitro turco Cüneyt Çakir estará em constante julgamento nesta terça.
Além disso, a expectativa é para que a seleção tenha mais tranquilidade do que na estreia, quando entrou em campo bastante pressionada por ser a anfitriã da Copa, exibindo nervosismo em alguns lances, como no gol contra marcado por Marcelo e, principalmente, na agressão de Neymar a Modric.
Neymar, aliás, volta a ser a grande esperança do Brasil para superar o México. Após marcar dois gols na vitória sobre a Croácia, a expectativa é para que ele brilhe novamente, desta vez na Arena Castelão. Assim, seguirá sendo um dos protagonistas desta Copa e terá tudo para deixar o Brasil bem próximo das oitavas de final, espantando, de vez, um dos recentes fantasmas da seleção.