No último amistoso antes da estreia na Copa do Mundo, a seleção brasileira passou sufoco para vencer a Sérvia pelo placar magro de 1 a 0. No primeiro tempo, o Brasil ouviu vaias da torcida no estádio do Morumbi. O único gol da partida for marcado por Fred.
Se o futebol apresentado pelo time de Felipão não empolgou, principalmente pela preocupante atuação de Oscar, mais uma vez abaixo da crítica, pelo menos o Brasil pode comemorar que, diferente da maioria dos principais rivais pelo título mundial, passou ileso da fase de preparação. Nenhum jogador apresentou sinais de lesão e Neymar, o craque do time, saiu inteiro, aos 35 minutos do segundo tempo.
Os jogadores terão este sábado de folga e só se reapresentam na Granja Comary no domingo, até a hora do almoço. A seleção treina em Teresópolis até terça, quando volta a São Paulo. Na quarta, trabalha pela primeira vez no Itaquerão, palco da abertura da Copa na quinta.
O jogo
A Sérvia usou do jogo psicológico desde os primeiros segundos de jogo. Neymar recebeu a saída de bola, avançou e levou uma rasteira de Tadic. Era um lembrete dos europeus: se o Brasil se arriscasse muito, poderia perder um atleta importante para a Copa.
Neymar não chegou a se intimidar, mas novamente entrou na pilha rival, repetindo o que já havia feito diante do Panamá, na última terça, em Goiânia. Assim como apanhou, bateu. A ponto de deixar o braço na cara de Basta.
Com a bola no pé, não criou no primeiro tempo o tanto que se esperava dele. Afinal, só Marcelo se apresentava como opção de qualidade. Oscar era figura nula, assim como Fred, encravado no meio dos zagueiros. Paulinho não se aproximava e Hulk, mais acionado, não estava em bom dia.
Do outro lado do campo, Thiago Silva parecia sentir a falta de ritmo de jogo. Tanto que foi em cima dele a melhor chance do primeiro tempo, aos 31 minutos, quando Mitrovic cabeceou livre no meio da área. Para sorte do Brasil, errou a mira.
Aos 39 minutos, a seleção já ouvia as primeiras vaias. A equipe parece ter sentido o baque, tanto que o goleiro Julio Cesar errou uma saída de bola com os pés e deixou o gol livre para o ataque sérvio, que demorou a chutar.
“A Sérvia está muito fechadinha atrás e isso dificulta o nosso passe entre as linhas. A gente está tentando lançamento que não está encaixando. É só ter um pouquinho de tranquilidade, girar de um lado para outro. Não adianta tentar dar o segundo passe antes do primeiro”, opinou Thiago Silva, na saída para o intervalo, enquanto a equipe ouvia uma vaia de grande parte do Morumbi.
Se o problema estava na criação, Felipão tentou resolver no intervalo. Trocou o apagadíssimo Oscar (que se tornou pai na quinta e pediu para jogar) por Willian. O ex-corintiano entrou bem, o time melhorou, mas não o bastante para a torcida, que começou a pedir pelo são-paulino Luis Fabiano, que não foi convocado para a Copa do Mundo.
Com fama de chata, a torcida paulista pode ter feito um grande favor para a seleção brasileira: acordou Fred. Quatro minutos depois, Thiago Silva lançou, Fred matou no peito tirando do zagueiro, escorreu, mas, mesmo do chão, acertou o chute e abriu o placar no Morumbi. Gol para dar confiança ao centroavante, que não vinha acertando as redes nem nos treinos – chegou a perder um pênalti em um coletivo. Na comemoração, levou a mão à orelha, como que pedindo para ouvir a torcida gritar seu nome.
Além de acordar Fred, o gol incendiou o time e a torcida. A Sérvia manteve a postura defensiva e o Brasil passou a acreditar que poderia fazer o segundo. Mais uma vez esbarrou, porém, no forte sistema defensivo da seleção europeia.
Quando tirou o pé do acelerador, o time brasileiro quase levou o empate. Felipão avisava na véspera sobre a bola aérea sérvia, mas de nada adiantou. Após cruzamento da direita, Jojic subiu mais que Marcelo e mandou na trave. Pouco depois, Markovic fez jogada individual, ganhou de Thiago Silva no mano a mano, mas mandou em cima de Julio Cesar.
O Brasil chegou a fazer o segundo gol, com Hulk, aos 28 minutos, mas o árbitro paraguaio Enrique Cáceres anulou o lance por um impedimento inexistente do atacante. Dali em diante, já com seis modificações em relação aos 11 que começaram, a seleção tocou a bola, ignorando as vaias. No final, quase que Fernandinho marcou de cabeça, em cruzamento de Maicon, mas Stojkovic espalmou. Mas todos queriam mesmo era evitar uma lesão desnecessária.
Ficha técnica:
Árbitro: Enrique Cáceres (Fifa/Paraguai).
Brasil: Julio Cesar; Daniel Alves (Maicon), Thiago Silva, David Luiz e Marcelo (Maxwell); Luiz Gustavo, Paulinho (Fernandinho) e Oscar (Willian); Neymar (Bernard), Hulk e Fred (Jô). Técnico: Luiz Felipe Scolari.
Sérvia: Stojkovic (Lukac); Basta, Ivanovic, Dusko Tosic e Kolarov; Jojic, Tadic (Zoran Tosic), Petrovic e Matic; Mitrovic (Gudelj) e Markovic (Dordevic). Técnico: Ljubinko Drulovic.
Gol: Fred, aos 14 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Petrovic e Matic (Sérvia).
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