A seleção da Espanha, atual campeã do Mundo, entrou na Arena da Baixada, em Curitiba, na tarde desta segunda-feira (23) preocupada em recuperar um pouco do prestígio e do orgulho tão abalados com a eliminação precoce na Copa do Mundo.

Se esteve longe de ser brilhante ou de ao menos lembrar seus melhores dias, a seleção espanhola contou com grande atuação de David Villa e lampejos de Iniesta para vencer e deixar a competição sem a vergonha de ser a última colocada do Grupo B. Pior para a Austrália, que caiu por 3 a 0 e voltará para casa com a indesejada lanterna da chave, sem um ponto sequer.

Atuais campeões do mundo, os espanhóis já não tinham chances de classificação, depois de serem goleados pela Holanda (5 a 1) e de terem perdido para o Chile (2 a 0). O desânimo dos jogadores ficou evidente ao longo dos 90 minutos na Arena da Baixada, mas a vitória veio. Muito em função, é verdade, da fragilidade técnica da Austrália, que teve na dificuldade imposta aos holandeses, na derrota por 3 a 2, seu melhor momento no Mundial – na estreia, perderam para os chilenos por 3 a 1.

Talvez como forma de punição a alguns dos principais astros, que fizeram papel tão decepcionante no Brasil, ou como forma de dar uma chance aos reservas, Del Bosque entrou em campo com apenas quatro jogadores que vinham sendo titulares até então (Sergio Ramos, Alba, Xabi Alonso e Iniesta).

Entre as novidades, David Villa, maior artilheiro da história da seleção, que fazia sua última partida com a camisa espanhola. E ele queria deixar uma última boa impressão. Em meio ao descaso de seus companheiros, o atacante parecia jogar uma final de campeonato durante os 55 minutos em que esteve em campo, tamanha a vontade apresentada em campo, e foi recompensado com um belo gol. Substituído, recebeu os merecidos aplausos pela atuação e por toda a trajetória defendendo a Espanha.

O jogo

A Austrália começou melhor, com a posse de bola no ataque e tentando chegar nos cruzamentos. A ousadia australiana e o descaso espanhol com a partida motivaram as primeiras provocações aos europeus, com o grito de “eliminados” entoado pela torcida brasileira antes mesmo dos dez minutos do primeiro tempo na Arena da Baixada.

Em busca de um gol na sua despedida, Villa parecia ser o único espanhol realmente interessado na partida e era o homem mais acionado nos primeiros minutos. Aos 20, ele recebeu lançamento preciso de Iniesta e tentou a finalização de primeira, mas isolou. Aos 22, deu lindo toque de calcanhar que deixou Alba de frente para o gol, mas Ryan fechou bem o canto e defendeu.

O primeiro tempo seguiu com o mesmo cenário: a Austrália sem criatividade, a Espanha sem vontade e com Villa tentando fazer algo de diferente em campo. Aos 33 minutos, ele recebeu pela esquerda, pedalou, passou por seu marcador e cruzou, mas a bola passou por todo mundo.

De tanto insistir, ele marcou o primeiro gol do jogo, em um raro lampejo da seleção espanhola. Aos 35 minutos, Iniesta mostrou a técnica costumeira e enfiou bola perfeita para Juanfran pela direita. O lateral foi à linha de fundo e rolou para Villa, que tocou de letra, com muita categoria, para a rede.

Antes que o primeiro tempo terminasse, Villa ainda criaria um novo bom momento, em ótima enfiada de bola para Alba, que tocou sobre o goleiro e parou na defesa. Mas logo na volta para a etapa final o atacante foi substituído, sob aplausos. Já no banco, ele se sentou e chorou, talvez num misto de sensações, com a emoção pelo adeus e a insatisfação de ser tirado de campo tão cedo em sua despedida, e quando era o melhor em campo.

Melhor desde a volta do intervalo, a Austrália já dominava a posse de bola e se empolgou na busca pelo empate. A equipe ia bem até a intermediária adversária, mas a partir daí a deficiência técnica impedia a criação de boas oportunidades.

Mas do outro lado sobrava qualidade, mesmo que adormecida neste Mundial. Na segunda vez em que fez o que dele se espera, Iniesta encontrou mais um companheiro sozinho. Dessa vez foi Fernando Torres, que só teve o trabalho de tocar na saída do goleiro e ampliar o placar aos 23 minutos.

Aos 36 minutos, saiu o terceiro. Fàbregas recebeu pela esquerda e lançou para Mata, que dominou e tocou entre as pernas do goleiro para marcar. Foi o suficiente para que os espanhóis abdicassem de vez da criação, enquanto os australianos já não tinham motivação para atacar. Pelo menos, foi uma despedida digna para a campeã mundial Espanha.

Ficha Técnica:

Árbitro: Nawaf Shukralla (Bahrein).

Austrália: Mat Ryan; McGowan, Wilkinson, Spiranovic e Davidson; McKay, Jedinak, Oar (Troisi), Bozanic (Bresciano) e Leckie; Taggart (Halloran). Técnico: Ange Postecoglou.

Espanha: Reina; Juanfran, Albiol, Sergio Ramos e Jordi Alba; Xabi Alonso (David Silva), Koke, Iniesta e Cazorla (Fàbregas); David Villa (Juan Mata) e Fernando Torres. Técnico: Vicente del Bosque.

Gols:  David Villa, aos 35 minutos do primeiro tempo; Fernando Torres, aos 23, e Mata, aos 36 minutos do segundo tempo.