O cenário no Mineirão estava pronto para uma festa argentina, mas o que se viu foi um verdadeiro sufoco. O estádio em Belo Horizonte estava tomado pelo azul e branco da torcida, o ídolo Maradona estava nas arquibancadas, mas nada disso contagiou a seleção da Argentina, que penou e empatava em 0 a 0 com o Irã até os acréscimos. Mas a equipe tem Messi. Apagado durante 90 minutos, ele apareceu aos 45 do segundo tempo para marcar o gol heroico que selou a vitória por 1 a 0, neste sábado, e garantiu a classificação para as oitavas de final da Copa do Mundo.

E os comandados de Alejandro Sabella podem ficar muito satisfeitos pelo resultado porque as melhores chances da partida foram do Irã. Depois de um primeiro tempo em que os argentinos passaram quase o tempo todo no campo de ataque e esbarraram na retranca adversária, no segundo os iranianos se soltaram, ganharam confiança, foram para cima e só não marcaram porque pararam no goleiro Romero. Quando quase não havia mais esperança, Messi mostrou o que faz dele um dos melhores de todos os tempos.

O gol salvador deve tirar um pouco a pressão de uma torcida que apoiou sua seleção o tempo todo, ignorou o péssimo desempenho e não parou de cantar, mas deve ter saído do estádio insatisfeita com a exibição. Após o apito final, ela pôde celebrar a vaga, já que Argentina chegou aos seis pontos e não pode mais ser ultrapassada por duas equipes da chave.

Na última rodada da primeira fase, os argentinos duelam contra a Nigéria, no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, e podem inclusive já ter a liderança do grupo garantida, dependendo do resultado do duelo entre nigerianos e bósnios ainda neste sábado. Já os iranianos, castigados pela genialidade de Messi, têm um ponto e duelam também na quarta contra a Bósnia-Herzegovina, na Arena Fonte Nova, em Salvador.

O jogo

O Irã mostrou desde o primeiro minuto que atuaria extremamente fechado. Di María, com muita habilidade e agilidade, era a válvula de escape da Argentina. O meia do Real Madrid entortava os zagueiros adversários e acabava com a monotonia do ataque argentino. Faltava, no entanto, o mesmo comportamento de seus companheiros, que pareciam aceitar a forte marcação e só tocavam de lado.

O primeiro bom momento, no entanto, surgiu de uma bola esticada por Gago, que achou Higuaín na área, mas o atacante foi abafado por Haghighi aos 12 minutos. Aos 21, Di María encontrou Higuaín, que ajeitou para Agüero chegar batendo. O goleiro iraniano desta vez precisou voar no ângulo esquerdo para pegar. Mais dois minutos e Rojo quase marcou de cabeça, jogando rente à trave após escanteio.

A pressão era intensa, a Argentina já não encontrava tanta dificuldade para atravessar a marcação iraniana e o gol parecia questão de tempo. Mas logo o Irã voltou a colocar os 11 jogadores de sua intermediária defensiva para trás e aumentou o problema para os argentinos. Em bolas paradas, Messi, que jogou por cima, e Garay, que aproveitou falta batida da esquerda, até passaram perto.

Mas a Argentina fazia muito pouco para transformar os 75% de posse de bola no primeiro tempo em gol. Para piorar, o Irã terminou a etapa empolgado, depois de assustar em um escanteio que Hosseini cabeceou com muito perigo, aos 42 minutos. Na volta do intervalo, o time asiático quase marcou com Ghoochannejhad, que cabeceou em cima de Romero após rápido contra-ataque.

O que estava ruim no primeiro tempo ficou ainda pior no segundo para a Argentina, que sequer incomodava o gol adversário. Somente quando Messi arrancou do meio e bateu com perigo da entrada da área, aos 14 minutos, o torcedor voltou a ter motivos para se empolgar. A torcida, aliás, seguia empurrando o time de Alejandro Sabella mesmo com a péssima atuação em campo.

O jogo ganhava contornos dramáticos porque o segundo tempo era todo do Irã, que criava as melhores chances. Aos 18 minutos, Hajsafi arriscou de longe, a bola desviou e quase surpreendeu Romero. Na cobrança de escanteio, a zaga bobeou e a sobra ficou no meio da área, pingando, até que alguém aparecesse para afastar.

O Irã gostava do jogo e já dominava, até que aos 21 minutos teve a melhor chance da partida. Montazeri cruzou de longe, pela direita, Dejagah aproveitou cochilo de Zabaleta, se antecipou ao lateral e cabeceou bem. Romero, adiantado, precisou se esticar todo para desviar por cima.

Foi a última chance do Irã porque logo a equipe voltou a recuar e esperar a Argentina. Por sua vez, o time de Sabella foi para cima, mas seguia sem criatividade alguma, dependiam de bolas alçadas na área e chutes de longe para tentar algo. Aos 40 minutos, Ghoochannejhad ainda quase marcou, em contra-ataque rápido iraniano, mas parou mais uma vez em Romero.

Quando o clima já era de desânimo na seleção argentina e o estádio começava a se calar, brilhou a estrela de Lionel Messi. Aos 45 minutos, o atacante recebeu pela direita, como aconteceu tantas vezes durante a partida. Nesta, no entanto, mostrou toda sua qualidade. Com agilidade, cortou o zagueiro armando para a perna esquerda. Com a categoria costumeira, finalizou no ângulo direito do goleiro, selando a vitória.

FICHA TÉCNICA

ARGENTINA 1 x 0 IRÃ

ARGENTINA – Romero; Zabaleta, Garay, Federico Fernández e Marcos Rojo; Mascherano, Gago e Di María (Biglia); Messi, Agüero (Lavezzi) e Higuaín (Higuaín). Técnico: Alejandro Sabella.

IRÃ – Alireza Haghighi; Hosseini, Montazeri, Sadeghi e Pooladi; Teymourian, Nekounam, Hajsafi (Reza Haghighi), Shojaei (Heydari) e Dejagah (Alireza); Ghoochannejhad. Técnico: Carlos Queiroz.

GOL – Messi, aos 45 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS – Nekounam e Shojaei (Irã).

ÁRBITRO – Milorad Mazic (Fifa/Sérvia).

RENDA – Não disponível.

PÚBLICO – 57.698 torcedores.

LOCAL – Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG).