Mulher trans no boxe? Entenda polêmica envolvendo Imane Khelif
Após ganhar a luta de boxe por desistência da adversária, Imane Khelif teve seu gênero questionado, com internautas a chamando de mulher trans
A lutadora de boxe Imane Khelif, da Argélia, virou alvo de controvérsias após sofrer acusações de ter ganho a luta contra a italiana Angela Carini por ser uma mulher trans. A partida das Olimpíadas de Paris 2024 aconteceu na manhã desta quinta-feira (1°) e durou apenas 46 segundos até a italiana abandonar a luta.
A princípio, os questionamentos sobre o gênero de Imane começaram após a argelina ter sido reprovada em testes realizados pela Associação Internacional de Boxe (IBA). Conforme os resultados, a boxeadora de 25 anos teria níveis de testosterona altos demais para participar legalmente do Mundial de Boxe. Contudo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou Khelif a competir.
Após a desistência de Carini na luta de boxe, acusações começaram a surgir na internet de que Imane seria uma mulher transsexual. Ou seja, ela teria nascido em um corpo masculino e transacionado para o feminino. Porém, Khelif nasceu mulher e se identifica com o gênero que a foi atribuído na infância, se classificando como mulher cisgênero.
De acordo com uma nota da IBA publicada pelo CNN, o teste aplicado em Imane indicaria que ela não atendia ao critério de elegibilidade necessário e teria “vantagens competitivas sobre outras competidoras femininas”. Por isso, Imane teria sido proibida de participar do Mundial de Boxe. “Essa decisão, tomada após uma revisão meticulosa, foi extremamente importante e necessária para manter o nível de justiça e a máxima integridade da competição”, publicou.
Famosos criticam “mulher trans no boxe”, mesmo sendo mentira
A própria adversária de Imane desmentiu os boatos de que a argelina seria transsexual. Após ser questionada sobre a desistência, Angela afirmou que o motivo foi o forte golpe que levou no nariz. Além disso, a italiana negou que a desistência tenha a ver com a polêmica envolvendo Khelif.
Entretanto, isso não impediu celebridades de criticarem Imane nas redes sociais. O empresário Elon Musk publicou no X, antigo Twitter, afirmando que não acredita que a boxeadora seja uma mulher cisgênero. “É verdade ou deixe-a desmentir”, publicou.
Além disso, a autora da série Harry Potter, J. K. Rowling, publicou uma foto do fim da luta entre Imane e Angela criticando o resultado. “O sorriso de um homem que sabe que ele é protegido por uma instituição esportiva misógina aproveitando a tristeza de uma mulher a qual ele socou na cabeça, e cujas ambições de vida ele destruiu”, escreveu. Rowling se referiu à Imane com pronomes masculinos em sua publicação.
Entenda as regras para mulheres trans no boxe
Caso Imane fosse uma mulher transsexual, ela não poderia participar das Olimpíadas de Paris 2024. Primeiramente, as leis da Argélia não permitiriam que uma pessoa da comunidade LGBTQIAPN+ representasse o país.
Conforme a legislação argelina, a homossexualidade e a transexualidade são passíveis de multa e prisão no país. “Qualquer um culpado de um ato homossexual é punível com pena de prisão entre 2 meses e 2 anos, e com uma multa de 500 a 2000 dinares argelinos. Se um dos participantes tiver idade inferior a 18 anos, a punição para a pessoa mais velha pode ser levada a 3 anos de prisão e uma multa de 10.000 dinares”, afirma o artigo 338.
Além disso, o COI tem regras rígidas para a participação de pessoas transexuais. Mulheres transgênero devem ter, obrigatoriamente, completado a transição de gênero antes dos 12 anos de idade para competir na categoria feminina nas Olimpíadas. No caso da Argélia, essa regra tornaria ainda mais impossível a participação de uma mulher trans.
Quer receber notícias no seu celular? Então entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui