Em Maringá, aproximadamente 90 crianças aprendem lições de respeito e disciplina em aulas gratuitas de karatê. Além dos valores, os alunos também desenvolvem, é claro, técnicas de luta. E eles são dedicados: Na última competição os atletas trouxeram para Maringá 30 medalhas e a classificação no Campeonato Brasileiro do esporte.

Quem começou tudo em 2011 foi o professor de Educação Física e policial militar, Paulo Biazon, com a estrutura de treino concedida pelo 4° Batalhão. O projeto Karatê Shotokan foi a forma que ele encontrou de aliar a profissão com o trabalho voluntário. Atualmente, outros três professores também treinam os alunos gratuitamente.

Para fazer parte do grupo é necessário comprometimento mesmo fora do tatame. “Eles tem a chance de participar se tiverem notas baixas, mas no outro bimestre, se o aluno não tiver bom desempenho, nós conversamos com ele e com os pais”, explica Biazon.

As lições aprendidas durante as aulas mudam a atitude dos atletas. Cássia Euzébio diz que o filho, Rafael José Pereira, era muito tímido, mas aprendeu a ter mais atitude. “Ele também era gordinho, ficava só no computador. Agora, ele se exercita e se alimenta de forma mais saudável. É a disciplina do karatê.”, comenta.

Com o novo comportamento, o resultado vem em medalhas. No mês passado o grupo ganhou 30 das 56 medalhas conquistadas pelo Paraná, quase uma por atleta. Nessa mesma competição a equipe ajudou o estado a conquistar um feito inédito: a 2° colocação no ranking nacional. Depois da vitória, os atletas se classificaram para o Campeonato Brasileiro de Karatê que acontecerá em Fortaleza (Ceará) no mês de novembro.

Falta patrocínio

Talento eles tem. O que falta é patrocínio. Como o projeto é gratuito, o dinheiro para as viagens é conseguido por meio da venda de rifas e bombons. “Quando não é suficiente, os pais que tem mais condição completam o que falta para os filhos deles. Os que não têm, eu mesmo pago o restante”, afirma Paulo Biazon.

São várias competições ao longo do ano e em diferentes cidades. A viagem para Fortaleza, por exemplo, tem um custo alto. “Acho que vai sair uns R$ 800 cada um e são mais de 20 atletas”, diz Cássia. “Eu não tenho condições e é por isso que nós buscamos patrocínio”, completa.

Apesar das dificuldades, o projeto está de portas abertas para novos membros. Só crianças e adolescentes participam das competições, mas o projeto atende toda a comunidade. “Tem gente de sete a setenta anos”, conta Cássia.

As aulas são ministradas no 4° Batalhão e na 2a Esfaep. Quem tiver interesse pode entrar em contato pelo telefone (44) 9933 4880.