Muito antes do recorde brasileiro na NBA, que hoje conta com seis jogadores, poucos sabem que um curitibano foi o primeiro representante do país a pisar numa quadra na liga de basquete dos Estados Unidos. Rolando Ferreira Júnior, de 48 anos, é o pioneiro verde-amarelo em um time profissional do melhor campeonato do mundo pelo Portland Trail Blazers, em 1988-1989.

No alto dos seus 2,14 metros, foi figura carimbada na seleção brasileira desde 1984. Esteve em duas Olimpíadas (Seul-1988 e Barcelona-1992), três Mundiais (Espanha-1986, Argentina-1990 e Canadá-1994) e três Pan-americanos (Indianapolis-1987, Havana-1991 e Mar Del Plata-1995). Estava na seleção quando o Brasil venceu os Estados Unidos no Pan de 1987, ao lado de Oscar, e fez parte de um pedaço de destaque da história do basquete brasileiro. Da sua maior façanha pessoal, porém, poucos se lembram.

Convite para a NBA

Após bons momentos com a seleção no brasileira, Rolando recebeu um convite para jogar nos Estados Unidos pela Universidade de Houston, no Texas, em 1986. Depois de dois anos atuando pela universidade, recebeu a notícia de que havia sido “draftado” pelo Portland. “Draft” é o processo pelo qual os times de basquete dos Estados Unidos escolhem novos e jovens jogadores para seus elencos.


Carreira na NBA foi curta, Rolando
jogou apenas 12 partidas

“Fui o primeiro jogador escolhido na segunda rodada. É uma boa colocação. Na pré-temporada eu joguei bem e os caras me rotularam como promessa, como jogador do futuro”, lembra. Depois veio o início da temporada e o curitibano, apesar de ser reserva, fez boas entradas em 12 partidas do Portland. “Eu comecei a temporada bem, mas ainda estava me acostumando. Era um projeto então eu não entrava em todos os jogos. Daí o time começou a perder e eu também não entrei mais”, conta.

Proposta

Foi quando houve um acontecimento que mudou definitivamente a carreira de
Rolando. “Estava em casa e recebi um telefonema dos diretores do time. Eles tinham um
jogador machucado que precisava voltar pro time porque ganhava um grande salário.
Naquela época, não sei se é assim até hoje, um time podia ter 15 jogadores, 12 ativos e três machucados”, lembra. Para não perder a vaga no time, a diretoria sugeriu que Rolando fingisse uma lesão, já que o jogador lesionado iria voltar para os ativos.

“Alguém precisava sair ou se machucar para ele voltar e como eu estava jogando pouco, eles me sugeriram isso. Então eu liguei pro meu agente e ele me disse que era assim mesmo. No outro dia, eu cai no treino e disse que estava com o joelho machucado. Não deu outra, fiquei meses fazendo gelo, numa lesão que não existia, e o sonho de jogar de novo pela NBA foi por água abaixo”, lembra. Na época, Rolando passou o ano sem jogar e sem treinar.

“A motivação que eu tinha de jogar pela NBA foi para o fundo do poço. Quando eu voltei, pelo tempo que fiquei parado, foi horrível. Fiz dois pontos quando no primeiro ano de pré-temporada tinha feito 26. Prejudicou muito minha carreira”, conta. Tempos depois, ele foi cortado do time.

Hoje Rolando reconhece que deveria ter dito não à proposta da diretoria, mas que na época não soube reconhecer isso por pura inexperiência.

Volta ao Brasil

Após ser dispensado, Rolando voltou para o Brasil com a esperança de retornar à NBA depois de um ano, mas acabou esquecido pelos times norte-americanos. Aqui, começou a atuar pelo Monte Líbano, em São Paulo. Depois dividiu o restante da carreira em times de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, São Paulo e finalizou a carreira na Universidade de Santa Cecília, em Santos, no ano 2000.

Hoje Rolando dá aulas de basquete para crianças e universitários em instituições de Curitiba

Depois de se aposentar como jogador profissional, Rolando decidiu voltar para sua terra
natal e dar aulas de educação física, curso que tem como formação. Apostou na carreira, se especializou na área de formação de jogadores e hoje se reveza em três turnos. Hoje Rolando dá aulas de basquete no Colégio Medianeira e é professor do curso de educação física da PUC-PR e Tuiuti.