Maior vencedora do futebol mundial com cinco títulos (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002), a seleção brasileira abre nesta quinta-feira, às 17 horas, contra a Croácia, em São Paulo, a 20.ª Copa do Mundo com um favoritismo jamais experimentado por um país anfitrião, com Neymar como um craque inconteste e ainda com a força da torcida, que assim como na Copa das Confederações do ano passado, poderá fazer a diferença no caminho para o hexacampeonato.

Ao mesmo tempo, a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari precisará conviver no próximo mês com uma série de questionamentos e polêmicas fora das quatro linhas, tudo por conta da organização do torneio, ao investimento feito para realizar a chamada “Copa das Copas” e às muitas promessas feitas pelo governo e que ficaram no vazio.

O tom de otimismo na conquista do sexto título mundial foi dado nesta quarta no palco da abertura pelo técnico Luiz Felipe Scolari. “Chegou a hora, vamos todos juntos, é o nosso Mundial”, disse, como se discursasse.

No entanto, em um contraste a esse clima de euforia, há manifestações contra a Copa prometidas para esta quinta e os próximos dias, em um sinal de que nem todos compraram a ideia do Mundial, que em sua preparação conviveu com estouros de orçamento, atrasos nas obras, 8 mortes de operários apenas na construção de arenas e crises profundas entre o governo brasileiro e a Fifa.

Felipão, técnico campeão mundial em 2002 e quase unanimidade entre os torcedores, fez sua versão do “pra frente Brasil” ao agradecer o apoio expresso por mensagens ou telefonemas da presidente Dilma Rousseff, do candidato à presidência Aécio Neves e dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, entre outros personagens importantes da República. Não esqueceu dos torcedores, que “abraçaram” a seleção como pode ser constatado na Copa das Confederações disputada, e ganha pela seleção, no ano passado, e nas demonstrações de carinho aos jogadores se têm sido vistas a cada treino realizado em Teresópolis. E na euforia Brasil afora.

Se no gramado as coisas vão bem para uma equipe que venceu 15 de seus últimos 16 jogos e há chances reais de o Brasil gritar “é campeão” em casa 64 anos depois da frustração daquele 16 de julho de 1950 no Maracanã – mesmo quem não viu lamenta aqueles 2 a 1 a favor do Uruguai – , aspectos da organização estão entalados na garganta de boa parte dos brasileiros.

Após 7 anos e R$ 26,5 bilhões gastos para fazer o Mundial (R$ 8,5 bilhões destinados às 12 arenas), segundo números oficiais – a conta será certamente mais salgada, mas até a Matriz de Responsabilidades, documento que deveria ser uma forma de controle, está desatualizada – pelo menos metade das obras prometidas não estão prontas. Até mesmo alguns estádios ainda têm coisas por fazer. O Itaquerão, a Arena Corinthians, nunca foi testado em sua plenitude. Um risco para um estádio que nesta quinta receberá pelo menos 12 chefes de Estado. E que, na sua construção, registrou 3 mortes de operários.

A desconfiança leva, há cerca de um ano, a protestos, com diversos graus de intensidade. Em São Paulo, há quatro marcados para esta quinta. Mas talvez a recompensa venha em 13 de julho. “Espero realizar o sonho de todos os brasileiros”, desejou Neymar. Pelo menos dentro de campo, o Brasil se diz preparado.