Swim Across: da Ásia para a Europa, nadando
“Acorda, filhão, são 6 horas, bora pra piscina?”. Era assim que eu lembro do meu pai me acordar quando eu era criança. Essa hora ele já tava pronto, com a mochila nas costas e na mão o cabide com o terno, camisa e gravata sempre alinhados, para vestir após o treino. Íamos para o clube escutando Pink Floyd ou Supertramp e caíamos na água observando o vapor quente que saía da piscina e se encontrava com o ar frio, típico de Curitiba. Todos os dias eu me perguntava o que é que eu estava fazendo ali e todos os dias eu agradecia depois do treino como aquela sensação era boa. Uma eterna disputa entre desconforto e prazer.
O tempo passou, vi meu pai assumir o Consulado da Turquia no Paraná, repetir a cena de dar o nó de gravata no vestiário antes de sair para o trabalho e criei gosto por aquele trabalho que fazia com que ele falasse com gente de uma língua tão diferente, negociando desde damascos e cimento até ônibus biarticulado, de um lado ao outro do mundo.
Optei por seguir a minha carreira em marketing pela paixão que tenho em criar marcas e histórias para elas, mas nunca desviei o olhar deste pedaço do oriente tão místico e sedutor que meu pai cuidava. Quando tinha 26 anos, depois de retornar de um período morando no Rio de Janeiro para cuidar do marketing do Galeão, meu pai me chamou para conversar, “filho, o trabalho que eu tinha para desempenhar com o Consulado está feito. Daqui para frente, se você animar, acho que o legado pode continuar com você”. Aquela conversa teve para mim a simbologia de uma verdadeira passagem de bastão.
Durante a conversa ele me deu uma caneta, com a mensagem de que eu lembrasse dela para só assinar coisas corretas, “vão vir muitas tentações, mas a tua ética deve prevalecer, acima de tudo”. Conduzimos a transição com o Embaixador e assumi o Consulado com o objetivo de aproximar ainda mais a Turquia do Brasil, usando o know how em Marketing para promover a relação entre os dois países. No meio de toda essa história, a piscina ainda estava lá. Cada um já na sua casa, vivendo sua vida, mas sempre com a natação para unir, um programa entre pai e filho.
Três anos atrás descobrimos uma travessia de natação em pleno Estreito de Bósforo, em Istambul. Um travessia bem no ambiente que para nós sempre teve enorme simbologia, pois representa desde os primórdios da história o ponto de conexão entre o ocidente e o Oriente. Foi lá, por exemplo, que a Bolsa de Valores como a conhecemos hoje foi pensada, para balizar a relação entre oferta e demanda e a valorização dos produtos a partir disso. Foi lá que o termo salário foi cunhado para justificar o pagamento de mercadorias com sal. Foi lá que tantas especiarias foram trocadas e tinha que ser lá que chancelaríamos esta história de vida entre natação, diplomacia e relação pai e filho.
Só tinha um detalhe: a prova era de 6 quilômetros e participar dela exigiria um preparo e tanto. Tomamos coragem, organizamos os treinamentos e dentro de 15 dias embarcamos para a realização deste sonho. O Grupo RIC foi extremamente generoso em acreditar no projeto e ceder este espaço para contarmos a nossa jornada. Acompanhe por aqui e nas demais plataformas do Grupo RIC cada detalhe desta história. Vejo vocês em breve, do outro lado do Bósforo.
Um abraço,
Luiz Alberto Cesar.
Confira o trailer do Swim Across Continents
Dia 21 de julho, Luiz Alberto Cesar, ao lado do seu pai, irá atravessar nadando o Estreito de Bósforo, na Turquia.
Acompanhe a trajetória aqui no Grupo RIC.