Mudanças escancaram os erros no planejamento do Athletico para a temporada
Crise. Essa é palavra mais adequada para o momento vivido pelo Athletico na temporada. Obviamente existem outras, como decepção, tristeza, turbulência, caos… e sobram outros adjetivos para descrever o cenário caótico vivido pelo clube neste 2022, que tinha tudo para ser promissor.
A goleada por 5 a 0 sofrida contra o The Strongest, na altitude de La Paz, pela quarta rodada da Copa Libertadores, foi apenas a “ponta do iceberg” de uma crise que não começou agora, mas sim, já vez há semanas, desde que as primeiras mudanças ocorreram no CAT Caju.
No ano do maior investimento de sua história (R$ 64 milhões), o Athletico coleciona fracassos neste primeiro semestre. Na Copa do Brasil, sofreu para vencer a primeira partida diante de uma adversário que está na Série D.
Na Série A, são três derrotas e apenas uma vitória em quatro jogos, enquanto na Copa Libertadores, principal objetivo da temporada, foi apenas um triunfo em quatro partidas, que deixam o clube na lanterna do Grupo B.
Planejamento?
É nítido que houveram equívocos na condução do planejamento para a temporada. Primeiramente, por não ter rodado o elenco na disputa do Campeonato Paranaense. Sem ter dado minutagem aos jogadores, os mesmos ainda sofrem com a falta de ritmo de jogo, a despeito dos rivais já enfrentados, que estão entrosados desde o início do ano.
No início de abril, após a vitória convincente no amistoso contra o América-MG, o Portal RIC Mais fez uma análise daquele resultado, e do que a torcida do Athletico poderia esperar para a temporada.
Apesar da ótima atuação dos reforços, a interrogação pairava sobre uma pessoa em questão: Alberto Valentim. A principal duvida era se o comandante conseguiria fazer a engrenagem girar. Não conseguiu, e após a goleada sofrida logo na estreia da Série A, foi demitido.
Aí já ficou claro que o planejamento para 2022 havia sido colocado em cheque. O Athletico não demorou a anunciar Fábio Carille como substituto. Porém, novamente haviam dúvidas se o treinador conseguiria render com o elenco do Furacão.
Sempre foi sabido que o estilo de jogo do treinador era mais reativo, daquele por “esperar por uma bola”, não muito diferente de Alberto Valentim. Mesmo assim, o presidente Mário Celso Petraglia foi entusiasta da contratação de Fábio Carille, e bancou sua vinda.
Sem rumo
Fábio Carille chegou entusiasmado ao Athletico, com apoio da grande maioria dos torcedores. Sete jogos depois, porém, o casamento chegou ao final, de forma abrupta, ainda que não surpreendente, tendo em vista o desempenho péssimo apresentado pelo clube diante do The Strongest, e o momento turbulento nos bastidores.
Mário Celso Petraglia é um dos maiores mandatários de todos os tempos, isso não há dúvidas. Mas, quando o assunto é futebol, o presidente parece “meio perdido”. Isso foi visto em outras temporadas, e ficou mais explícito agora.
O presidente do Athletico sempre foi fiel as suas convicções. Porém, não se pode negar que o mesmo está perdido em 2022. Primeiro por ter mantido por tanto tempo Alberto Valentim no comando. Segundo, por ter trazido Fábio Carille e tê-lo demitido após 21 dias, não dando tempo para o mesmo desenvolver seu trabalho.
Nome ideal
Me desculpem, mas nem Sylvinho muito menos Felipão, com todo o respeito que ambos merecem, conseguirão fazer o time jogar com o estilo de jogo desejado. Também não é hora para inventar, trazendo algum nome estrangeiro.
Talvez o nome ideal para o Furacão neste momento seja o de Tiago Nunes. Particularmente, iria atrás dele, que já conhece alguns jogadores do elenco e é identificado com a causa. Basta um telefonema de Petraglia e uma conversa, para que as mágoas do passado fiquem, de fato, no passado.
Ainda há salvação
O Athletico não tem mais margem para erro. O planejamento da temporada já “foi para o espaço”, mas ainda há tempo para corrigir a rota e lutar pelos títulos que o clube irá disputar.
Obviamente, não se pode tirar a responsabilidade dos jogadores. Tirando o jogo contra o Flamengo, o Athletico vem de uma série de jogos ruins, atenuada principalmente pelos dois revezes na Copa Libertadores, quando a equipe jogou muito mal e apresentou uma passividade absurda.
Se antes da viagem à La Paz, Mário Celso Petraglia, apesar de demonstrar apoio, já havia cobrado os jogadores internamente, imaginem agora? A paciência do presidente acabou. E não foi somente a dele.
A torcida está chateada, e com razão, da postura apresentada pelo elenco, que precisa dar uma resposta já contra o Ceará, no sábado (07), pela quinta rodada da Série A, ainda que sem o novo técnico à beira do gramado da Arena da Baixada.
Técnico este, que seja quem for, precisará de apoio e personalidade, para superar a pressão, acabar com a crise e fazer esse elenco voltar a jogar bola. Não há mais tempo a perder.