No último 1º de julho, o juiz Francisco José Blanco Magdalena, da 9ª Vara Cível de Campinas, tornou a transferência de Matheus Davó para o Corinthians “ineficaz” por julgar que houve “fraude” na negociação coordenada pelo Guarani, ex-clube do atacante.
Apesar do problema, inicialmente, ser entre Bugre e a empresa RDRN Participações e Empreendimentos Ltda, que cobra R$ 35 mil referentes ao que os campineiros recolheram com a rescisão de Davó, o despacho do juiz incluiu o Corinthians no imbróglio por entender que o clube do Parque São Jorge “assumiu o risco”, “(…) uma vez que foi notificado em dezembro de 2019 acerca da penhora (…)”.
O Corinthians, no entanto, firmou contrato com o atleta de 20 anos quando ele já estava livre no mercado. Além disso, a Gazeta Esportiva apurou que o Timão não adquiriu sequer a parcela que o Guarani ainda detém sobre os direitos econômicos do jogador.
Ou seja, a diretoria alvinegra, em tese, não tratou com o Guarani em nenhum momento e, por isso, conclui que não tem qualquer participação nas questões apontadas pela Justiça. Esta deve ser a defesa dos advogados corintianos, que terão de se manifestar formalmente.
Quanto pagou e como ficou
A Gazeta apurou também que antes de Matheus Davó deixar o Guarani, os direitos econômicos da jovem promessa eram divididos da seguinte maneira: 60% do Bugre e 40% da empresa Gold Sports.
À época, Davó tinha contrato com o Guarani até dezembro de 2022 com uma multa rescisória estipulada para o mercado nacional em R$ 8 milhões.
O atleta, agenciado pela Elenko Sports, empresa de Fernando Garcia, conselheiro do Corinthians e irmão de Paulo Garcia, atual candidato à presidência do clube, chegou a um acordo para se desvincular do time mediante ao pagamento de R$ 700 mil.
Assim, a Elenko Sports tirou 40% do Guarani, os 40% da Gold Sports e registrou tudo no nome do atleta. A reportagem não tem informação se a Elenko teve um custo superior aos R$ 700 mil para adquirir a parte da Gold Sports.
A Fifa não permite transações financeiras entre clubes e terceiros, mas admite que jogadores sejam donos de porcentagens dos próprios direitos econômicos.
O Bugre manteve 20% com a condição pré-determinada para futuras negociações de que 10% custam R$ 300 mil e outros 5% saem por mais R$ 300 mil. Desta maneira, a equipe do interior vai permanecer com 5%, se algum interessado aparecer e topar o negócio.
Com a rescisão formalizada, o Corinthians entrou na jogada e acertou o pagamento de R$ 2,4 milhões por 50% dos direitos econômicos de Matheus Davó. A partir daí, o atacante ficou com 30%, enquanto o Guarani continuou detentor dos 20%.
Suspeitas da Justiça
Na decisão divulgada dia 1º de julho, o juiz Francisco José Blanco Magdalena também ordenou que o caso siga sendo investigado para “apurar a existência de eventual conluio e prática de ilícitos fiscais”.
Esta conclusão remete ao fato trazido no mesmo texto de que o presidente bugrino Palmeron Mendes Filho estava afastado de cargo e de suas funções desde o dia 26 de agosto. Além disso, o pagamento da rescisão contratual entre Guarani e Davó foi depositado na conta da empresa Sócio Campeão GFC Serviços Administrativos Eireli. Tais pagamentos a terceiros são proibidos pela Fifa.