A Gaviões esteve no Parque São Jorge, na manhã desta sexta-feira, para protestar contra a atual e as recentes gestões do Corinthians. A principal revolta é pela maneira como as finanças corintianas têm sido administradas.
“Já estivemos aqui diversas vezes cobrando esse posicionamento do clube. Pedimos para essa diretoria ter pulso e coragem para falar com a torcida sobre os problemas financeiros, mas isso não foi feito e todo dia chegam notícias de dívidas milionárias”, disse Rodrigo Gonzalez Tapia, o Digão, presidente da Gaviões.
“O clube está nessa situação por conta da falta de planejamento, dos dirigentes incompetentes, da autonomia dos empresários e os salários milionários dos jogadores. As conquistas dos últimos anos empurraram os problemas para debaixo do tapete, só que depois de tanta sujeira, ficou difícil escondê-las. Agora será necessário focar no pagamento das dívidas, e a torcida vai ter que entender isso”, continuou.
A preocupação é tão grande, que Digão deu um recado importante e polêmico após o protesto desta sexta-feira. A Gaviões da Fiel vai apoiar uma gestão que se concentre em pagar as contas e que não tenha títulos em campo como prioridade. As eleições no clube estão agendadas para 28 de novembro.
“Ficamos mais de 22 anos sem gritar ‘é campeão’, mas não deixamos de torcer e apoiar em nenhum minuto. Essa geração de torcedores que vibrou com as conquistas recentes ainda não teve a experiência de sofrer durante um jejum de títulos e, se tivermos que ficar mais de cinco anos sem títulos para quitar todas essas dívidas, com um time limitado, mas com jogadores que honrem a camisa, aceitaremos passar por isso”.
Recado velado a Gobbi
Entre as faixas que marcaram o protesto desta sexta-feira, uma delas apontava para Mário Gobbi, Roberto de Andrade e Andrés Sanchez como responsáveis pelo crescimento espantoso das dívidas alvinegras. A Gazeta Esportiva, aliás, publicou um levantamento que apresenta como os problemas financeiros do clube se movimentaram sob a tutela do trio.
Desde o fim de 2007, o Corinthians não teve nenhum outro presidente além destes três, todos oriundos da mesma chapa: “Renovação e Transparência”.
Porém, Mário Gobbi estuda lançar nova candidatura, desta vez como oposição, para voltar ao cargo que ocupou de 2012 a 2015. Em caso de sucesso na empreitada, o Corinthians repetiria, de novo, um nome no comando por mais três anos, pois Andrés encerra seu segundo mandato no fim de 2020.
Em nota oficial, pouco após o protesto, a Gaviões, mesmo sem citar o nome de Gobbi, deixou claro que não deve apoiar o ex-presidente, mesmo que Gobbi se coloque como opositor e a favor do enxugamento das contas corintianas.
“Alguns nomes de ex-dirigentes foram citados para assumir o clube com o status de ‘salvadores da pátria’, mas os Gaviões são contra o retorno desses ex-dirigentes ao poder. Eles já mostraram no passado que não sabem administrar, encheram o clube de dívidas e também são responsáveis pelos problemas atuais do Corinthians”, diz trecho do comunicado.
Por fim, Digão repudiou as pichações feitas nos muros do Parque São Jorge durante a quinta-feira.
“Isso aqui é nosso patrimônio e precisamos cuidar como se fosse nosso filho. Há diversas maneiras de protestar sem ter que destruir o que é nosso”.