Orlando Rollo desabafa em áudio de 16 minutos: “Pelo bem do Santos eu me queimo”

Publicado em 13 nov 2019, às 00h00.

Orlando Rollo desabafa em longo áudio (Ivan Storti)

O vice-presidente Orlando Rollo desabafou em áudio de 16 minutos obtido pela Gazeta Esportiva sobre a atual situação política conturbada do Santos. 

Orlando Rollo se tornou presidente em exercício do Peixe na última segunda-feira, por causa da suspensão de 15 dias imposta pelo STJD a José Carlos Peres. O órgão, porém, deferiu efeito suspensivo. Assim, o conselheiro segue como vice.

Rollo deu a sua versão sobre os fatos e, entre outras coisas, disse que não se importa de ficar “queimado” no cenário do Alvinegro. Ele prefere agir do que ser omisso.

“Posso ficar queimado, passar fama errada, mas de omisso não. Minha preocupação é que o Santos não quebre. Enquanto eu estiver vivo, não vou deixar que ninguém faça o que está fazendo com o Santos. Mesmo que eu não tenha força e que tenha que fazer sozinho. Não adianta achar fórmula para tudo na internet, recitando poesia. Não é assim, é só na ação. Chega de poeta de internet, cientista político de Whatsapp. Foi a forma que eu encontrei. Agi dentro da lei, amparado por advogados renomados. Os principais desportivos do Brasil. Não acho que me excedi. Sigo como vice-presidente, Peres me impede de atuar, mas Santos está acima de tudo. Pelo bem do Santos eu me queimo. O que importa é o Santos”, disse Rollo, em parte do áudio.

O áudio aqui: https://t.co/PaJAIBXgOq

— Lucas Musetti Perazolli (@lucas_musetti) November 13, 2019

Orlando Rollo seguirá na vice-presidência e espera ter acesso a documentos da atual gestão. Uma das “apurações” da sua equipe é de gasto no cartão corporativo para uso próprio até com remédios para estímulo sexual. Veja o desabafo abaixo. 

“Durante o fim de semana fui procurado por vários juristas de renome mundial dizendo que eu tinha que assumir a presidência interina. Eu respeitava as opiniões e entendimentos, mas intenção não era essa. Era voltar a ser vice-presidente e aguardar os acontecimentos. Fui pela manhã na segunda-feira e protocolei logo cedo meu retorno à vice-presidência. Subi na presidência e fui atrás da documentação que nunca tive. Peres faz tudo sozinho e não dá ciência para ninguém. Não é presidencialismo, em tese todos os membros do Comitê de Gestão precisam ter acesso a tudo. Para minha surpresa, funcionários apresentaram portaria 3/2019, revogando a 10/18 e assinou uma com teor análogo, praticamente o mesmo texto. Além de tirar os poderes do vice-presidente, tirou de todos os membros do Comitê de Gestão. Aí apenas ele teria acesso a tudo. O que eu faria? Informava, ia para casa e esperava um ano e dois meses ou agia? Eu vi que se eu agisse, me taxariam de agitador ou golpista. Se eu não agisse, seria taxado de omisso. Alguns conselheiros já queriam fazer representação contra mim por omissão. Ali é uma caixa de pandora, temos acesso em nada. O que eu queria fazer era assumir vice-presidência, ter acesso aos documentos e informar a todos. Tendo parecer jurídico favorável sobre substituir Peres, até porque não existe presidente pela metade. Como é presidente e não vê futebol? Pode comprar tapete para sala e não uma bola? Artigo 3º do Estatuto Social fala que a atividade é focada no futebol. Assumi a presidência interinamente, protocolei no Conselho essa intenção e revoguei a portaria ilegal 3/2019. Não poderia esperar mais um ano e dois meses. Eu não, mas o Santos não poderia esperar para ter acesso às contas. Substituí parcialmente os membros do Comitê de Gestão. Por vingança? Não. Não poderia fazer gestão temerária como Peres. Regime é colegiado, decisões são respaldadas pelo Comitê de Gestão e CG não estava presente. Alguns conselheiros me acompanharam até para testemunhar a legitimidade dos atos. Nomeei os conselheiros conceituados, probos, para respaldar qualquer tipo de ação que a gente pudesse ter em 15 dias. Se eu tivesse tomado algum ato de gestão, submeteria ao CG. Substituí parcialmente quatro membros, dois tenho problemas judiciais e estou processando. Impossível trabalhar com essas pessoas, de confiança do Peres, e substituí por pessoas de minha confiança. E não acarretaria mal porque quando Peres voltasse poderia substituir. Estatuto tem essa possibilidade. Assumi o clube porque não podia ficar acéfalo, fase decisiva do Campeonato Brasileiro. Fizemos tudo acima da lei. Tentei falar com o presidente do Conselho Deliberativo, fugiu, desapareceu. Não encontrei. Pedi reunião de máxima urgência, mas ele tem prioridades e Santos não deve ser uma delas. Tem omitido. Falei com ele no telefone no fim do dia e tem entendimento diferente ao meu e de advogados renomados. Peres conseguiu efeito suspensivo no STJD, respeito, ele retorna à presidência, eu retorno à vice-presidência. A gente blindou departamento de futebol, entramos em contato com a dirigência específica explicando que era caso administrativo, para tranquilizar comissão técnica e elenco. Futebol foi blindado e digo mais: Peres vem brigando o ano inteiro. Brigava comigo e com dirigentes que foram embora já. Quer atuar sozinho, não em conjunto. Nesse ano ele briga com Sampaoli, Paulo Autuori, alguns jogadores sobre renovação. Prefiro que brigue comigo e não desestabilize elenco. Não ligo sobre pecha, não. De sair queimado, Rollo é isso, aquilo, o que importa é o bem do clube. Posso ser taxado de qualquer coisa, menos de omisso. Estou atrás das contas, quero transparência. Meu objetivo era zerar requerimentos e colocar tudo no Portal da Transparência. Portal é enganação, para inglês ver. Santos se inviabiliza economicamente por atos irresponsáveis de gestão temerária nos próximos 20 anos por três anos, sem decisões colegiadas e transparência. Informações de bastidores dão conta de gasto de roupas femininas e medicamento de viagra, diária de motel, em cartão corporativo do presidente. Queria confirmar. Conselho determinou a devolução de parte de valores gastos por acusarem ali gastos pessoais. Queremos acabar com essa farra nas finanças do Santos. Santos investiu pesado, aproximadamente R$ 75 milhões, e mal investido. Se eu tenho R$ 75 milhões, a gente estava disparado em primeiro lugar. E devemos esse posicionamento ao Sampaoli, que tirou leite de pedra e temos que torcer para ficar. Situação pode ser tenebrosa. Santos tem déficit mensal de R$ 7 milhões, está no Conselho Fiscal e isso vai explodir. Fui tentar ir atrás dessa documentação que falta para complementar informações e dar transparência para agirmos. Posso ficar queimado, passar fama, mas de omisso não. Minha preocupação é que o Santos não quebre. Enquanto eu estiver vivo, não vou deixar que ninguém faça o que está fazendo com o Santos. Mesmo que eu não tenha força e que tenha que fazer sozinho. Não adianta achar fórmula para tudo na internet, recitando poesia. Não é assim, é só na ação. Chega de poeta de internet, cientista político de Whatsapp. Foi a forma que eu encontrei. Agi dentro da lei, amparado por advogados renomados. Os principais desportivos do Brasil. Não acho que me excedi. Sigo como vice-presidente, Peres me impede de atuar, mas Santos está acima de tudo. Pelo bem do Santos eu me queimo. O que importa é o Santos”.