Lucas Braga é um dos titulares do Santos e chegou de graça no fim de 2018. E a contratação não teve uma grande avaliação ou aprovação da comissão técnica. Pelo contrário…
De acordo com Fabio, pai de Braga, o Peixe contratou o atacante de surpresa e durante uma visita casual ao ex-presidente José Carlos Peres no escritório do clube em São Paulo.
Miguel Calluf é empresário de Lucas Braga e também de Luiz Felipe. Ele combinou uma reunião sobre o zagueiro e levou o jogador para conhecer o presidente. E saiu de lá com um pré-contrato.
“Esse dia foi muito louco. Ele começou na Luverdense em 2018 e jogou contra o Santos pela Copa do Brasil com três meses de profissional. Depois foi emprestado ao Vila Nova e estava acabando o contrato. O Miguel ia renovar o contrato do Luiz Felipe se eu não me engano e chamou o Lucas para conhecer o presidente. Foram sem saber de nada e de repente fecharam um pré-contrato”, disse Fabio Braga, em entrevista à Gazeta Esportiva.
“No mesmo dia fomos jogar futebol à noite e ele ia jogar com a gente. Ele chegou meio atordoado, falou que foi no escritório e assinou pré-contrato, que caras brigavam pelo contrato e ele quase falando para parar e que jogaria de graça (risos). Ficou meio abobado, mas precisou ficar mais seis meses na Luverdense e veio para o Santos. Era o Sampaoli e grupo fechado, ficou no sub-23, depois emprestado ao Cuiabá, Inter de Limeira por meio do Elano e agora conseguiu sequência”, completou, orgulhoso, o pai.
Lucas Braga assinou no fim de 2018, esperou o fim do contrato no Luverdense e chegou para o segundo semestre de 2019. Depois de alguns jogos pelo Santos B, ele foi para o Cuiabá e Internacional de Limeira antes de ser reintegrado pelo técnico Cuca em agosto de 2020.
“Pessoal me pergunta bastante isso, mas acho que não caiu muito a ficha. Eu como pai não vejo como tão espetacular quanto sei que é. Só de jogar em time grande já é um em um milhão. Mas minha ficha não caiu muito. Fico sem emoção, sabe?”, comenta o pai de Lucas Braga.
A adaptação foi difícil e rendeu até ameaças de morte a Braga, que é torcedor declarado do Santos.
“Quando ele começou (…) Nunca tinha acontecido isso com ele. As críticas afetaram um pouco o psicológico, foi lá para baixo. Recebeu até ameaça de morte de torcedor. Aí ele começou a trabalhar essa parte psicológica. Eu ficava aflito, preferia que ele nem entrasse em alguns jogos porque se queimaria mais. Ele precisava de um tempo de preparação e eu sabia. Hoje ele está mais tranquilo e nós também”, lembra Fabio.
Fabio Braga relembrou de uma goleada sofrida por Lucas Braga há seis anos e destacou o estilo “pouco boleiro” do filho.
“Quanto mais tempo passava, mais difícil era pela diferença de quem tem a base e ele não fez base. Quando chegou aos 18 anos, jogava por São Roque. Foi jogar contra o Desportivo Brasil e perderam de 8 a 0. Achei que ele ia desistir, negócio foi tão cruel. Ver a diferença física e técnica do jogador… Achei que não daria mais, ele até se inscreveu para o vestibular (faria Engenharia do Petróleo). E pouco depois foi para um projeto em Bragança Paulista, de um ex-jogador, o Emerson Aleixo. Emerson viu uma qualidade que ninguém tinha visto. Ali ele começou a sentir que poderia dar”, falou.
“Estilo dele sempre foi assim, diferente de outros jovens. Nunca quis tênis ou roupa de marca. Tudo que dávamos para ele estava bom. O Ramires uma vez disse que fama e dinheiro não mudam pessoa, mas mostram quem é. E ele não mudou nada. Ele vem aqui e a gente come pastel, todas as mesmas coisas que fazíamos antes dele chegar no Santos”, concluiu.
Aos 24 anos, Lucas Braga é titular do Santos finalista da Libertadores da América. A decisão será diante do Palmeiras no próximo sábado, no Maracanã. Seu contrato, assinado “por acaso”, termina em 31 de maio de 2022.