Postura extracampo e desempenho do time pesaram mais que resultados em demissão de Carille

Publicado em 4 nov 2019, às 00h00.

Fabio Carille não é mais treinador do Corinthians. Desde dezembro no clube do Parque São Jorge nesta sua segunda passagem, o comandante foi desligado do cargo neste domingo, após a goleada por 4 a 1 sofrida para o Flamengo. Entretanto, não foram os resultados ruins que mais pesaram na decisão da diretoria. Mais até que os placares nada animadores, os conflitos do técnico com o elenco, as entrevistas polêmicas e o desempenho ao longo dos 90 minutos foram as principais razões para a demissão do jovem treinador.

Andrés Sanchez e boa parte da diretoria do Corinthians vinham incomodados há tempos com as declarações de Fábio Carille à imprensa nos momentos adversos do Corinthians na atual temporada. Desde a derrota para o Independiente del Valle, em plena Arena, a relação do treinador com o elenco degringolou. Na tentativa de evitar maiores estragos, o departamento de comunicação do clube, apoiador por Carille, vinha evitando com que o agora ex-técnico falasse aos microfones.

A entrevista coletiva de Carille da última sexta-feira parece ter sido a gota d’água para Andrés Sanchez e companhia. Durante a sabatina dos jornalistas que estavam no CT Joaquim Grava, o então treinador corintiano admitiu que sentia vergonha ao ver sua equipe jogar, e também foi ácido ao comentar sobre a multa rescisória do seu contrato, principal empecilho para a sua demissão naquele momento.

Carille citou a alta dívida do Corinthians, em tom debochado na visão de alguns dirigentes, para minimizar o valor da multa rescisória.

“Graças a Deus, hoje não me preocupo tanto com a parte financeira, minha vida mudou muito de 2017 para cá. Esses dias o Andrés falou do valor da dívida do Corinthians, quem deve R$ 450 milhões deve R$ 470 milhões. Não é o dinheiro que vai me prender aqui. Se está o clima ruim, não é o dinheiro que vai fazer segurar. Nem se eu quiser ou se o clube quiser, parcela em 350 vezes, igual nas Casas Bahia. Minha multa é muito pouco para o problema do Corinthians”, disse Carille.

Antes de a situação se tornar insustentável para dirigentes e jogadores, a diretoria do Timão estava disposta a ter mais paciência com o treinador, por entender que era necessário observar como o então técnico reagiria a uma situação inédita na curta carreira de menos de três anos. A resposta, tanto dentro quanto fora de campo, não agradou. E até a atitude junto a Mateus Vital, logo após as declarações desastrosas depois da derrota para o Del Valle, pesou contra o técnico nesta última semana como comandante do Corinthians.

Agora, Andrés Sanchez e companhia terão de buscar um novo nome no mercado para ainda tentar classificar o Corinthians à Libertadores do ano que vem. Nesta quarta-feira, contra o Fortaleza, em Itaquera, a tendência é que Dyego Coelho, técnico do sub-20, seja o responsável por comandar o time à beira do campo.