Acordo Mercosul-UE deve potencializar setor de proteína animal do Paraná
Mercado que atualmente gira em torno de US$ 155 milhões deve ampliar receitas e embarques com a assinatura do acordo, prevista para 2025
O Paraná é um dos celeiros do agronegócio brasileiro e vê com atenção a finalização do Acordo entre Mercosul-UE (União Europeia), que deve ser sacramentado em 2025.
Segundo Luiz Eliezer Ferreira, economista e analista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, o setor de proteína animal deve ser um dos principais beneficiados com a assinatura do acordo.
“Atualmente esse setor exportou para a União Europeia, US$ 155 milhões em carne, somando o frango, que é o carro-chefe. 99% das exportações de carne do Paraná para a União Europeia é de carne de frango. A gente vai ter cotas de exportação, no caso da carne de frango, 180 mil toneladas, que hoje a tarifa é de 20%, vai cair para zero, a carne suína também”, explicou.
Ferreira ainda pontua que a carne bovina, que atualmente embarca 59 toneladas por ano à União Europeia, deve ser a proteína com maior crescimento aos países europeus.
“Então, um acordo como esse deve beneficiar sim o agronegócio brasileiro paranaense, uma vez que temos mais competitividade de produção, produzimos de forma mais eficiente, não só do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista econômico, o custo para produzir é menor do que o dos europeus. Nós temos também um potencial de crescimento da produção”, complementou.
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Agronegócio é carro-chefe das exportações do Paraná
Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, entre os meses de janeiro e outubro de 2024, quatro dos cinco produtos mais exportados pelo Paraná são ligados ao agronegócio.
Entre os principais produtos exportados, a soja lidera com um montante de US$ 5,1 bilhões em vendas, seguida por carne de frango in natura (US$ 3,2 bilhões), farelo de soja (US$ 1,3 bilhão), açúcar bruto (US$ 1,1 bilhão), papel (US$ 697 milhões) e automóveis (US$ 499 milhões).
Se analisarmos os destinos para onde esses produtos são enviados a China lidera com um volume de compras de US$ 5,4 bilhões, seguida pelos Estados Unidos (US$ 1,2 bilhão), Argentina (US$ 951 milhões), México (US$ 849 milhões) e Paraguai (US$ 526 milhões).
Ou seja, nenhum país da União Europeia está entre os cinco principais destinos das exportações paranaenses, o que demonstra o potencial desse mercado com a assinatura do Acordo Mercosul-UE.
“O agricultor e o pecuarista paranaense deve atender esse novo mercado. Com preço, com qualidade, com competitividade, a gente tem condição de atender esse mercado. A gente tem o know-how aqui de como produzir e a gente deve atender com qualidade esse mercado, sim. A perspectiva é bastante positiva”, finaliza Ferreira.
O que falta para o Acordo Mercosul-UE ser fechado?
Antes de ser sacramentado, o Acordo Mercosul-UE passará por um processo de revisão legal, feito por especialistas em comércio exterior.
Após esse trâmite, o acordo será traduzido para todos os idiomas dos países que compõem o Mercosul e a União Europeia (23 ao todo).
O Acordo Mercosul-UE então precisará ser aprovado dentro de cada bloco comercial, bem como nos países que compõem esses grupos. Vale lembrar que cada nação tem uma legislação específica, algumas sendo necessária a criação de um projeto de lei.
Ao final dessas aprovações, o acordo é ratificado e um mês após esse processo ele começará a valer.
A expectativa do Itamaraty é que até o final de 2025 o Acordo Mercosul-UE seja ratificado e que até o início de 2026 ele possa ser iniciado.
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